SABÕES LÍQUIDOS OBTIDOS ATRAVÉS DO ÓLEO DE FRITURA COM DIFERENTES QUANTIDADES DE ÁLCOOL ETÍLICO

ISBN 978-85-85905-21-7

Área

Ambiental

Autores

Oliveira, R.G.M. (IFRN/CA) ; Melo, J.C.S. (IFRN/CA) ; Costa, C.H.C. (IFRN/CA) ; Badaró, A.D.S. (IFRN/CA)

Resumo

A produção do sabão líquido é uma forma de reciclar o óleo de fritura e reduzir os impactos ambientais causados por este resíduo. O objetivo desse trabalho é elaborar e avaliar cinco formulações de sabões líquidos substituindo o álcool combustível pelo álcool etílico a 70 INPM, variando as quantidades de álcool etílico nessas formulações. A caracterização físico- química das formulações foram realizadas quanto aos parâmetros pH, alcalinidade livre e densidade. As análises de foram realizadas em triplicatas. A quantidade mínima de álcool etílico necessário para produzir o sabão líquido foi de 350 mL de álcool etílico. Com relação à alcalinidade dos sabões líquidos, apenas a formulação F5 apresentou maior o valor, além de possuir maior valor de pH e consumo de álcool etílico.

Palavras chaves

Formulações ; alcalinidade; densidade

Introdução

O óleo vegetal é amplamente utilizado no preparo de alimentos, principalmente, aqueles para consumo rápido, como coxinha, pastel, batata, bife e tantos outros alimentos. Grandes quantidades de óleo de fritura gerados nas residências, indústrias e estabelecimentos comerciais vem sendo descartados inadequadamente no meio ambiente, provocando diversos danos como o entupimento das tubulações das redes de esgoto, impermeabilização do solo, dificuldade de penetração da luz solar nos rios e oxigenação da água, entre outros. Pesquisas mostram que cada litro de óleo despejado no esgoto tem capacidade para poluir cerca de um milhão de litros de água (Fernandes et al., 2008; Oliveira, 2009). A produção de sabão com esse resíduo é uma alternativa para diminuir os impactos ambientais causados por eles, pois é um agente de limpeza que conduz a benefícios para o meio ambiente, é fonte de bens de valor, gerando renda, além de se tratar de um produto biodegradável. O álcool combustível é amplamente utilizado em formulações de sabão líquido, porém é altamente inflamável e precisa de recipiente apropriado para a sua aquisição nos postos de combustíveis segundo a resolução da Agência Nacional do Petróleo (ANP), nº. 41/13 de 2013. O Objetivo desse trabalho é elaborar e avaliar cinco formulações de sabões líquidos substituindo o álcool combustível pelo álcool etílico a uma concentração de 70° INPM (Instituto Nacional de Pesos e Medidas), variando as quantidades de álcool etílico nessas formulações.

Material e métodos

O óleo utilizado na pesquisa foi coletado no IFRN – Campus Caicó sendo acondicionado em recipiente plástico a temperatura ambiente. As formulações de sabão líquido foram elaboradas utilizando 85g de NaOH, 500mL de óleo, 500mL de água e 325 (F1), 350 (F2), 375 (F3), 400 (F4) e 425mL (F5) de álcool etílico a 70º INPM. A fabricação dos sabões líquidos seguiu os seguintes passos: foram transferidos 500 mL de óleo residual de fritura a um recipiente plástico; em seguida, foi adicionado ao óleo 85 g de hidróxido de sódio na forma sólida. Posteriormente, foram adicionados um dos volumes de álcool etílico referente as formulações F1, F2, F3, F4 e F5, em seguida 500 mL de água. A mistura foi agitada até que a mesma tornasse homogênea e viscosa. Depois o sabão líquido descansou por 24h, sendo posteriormente adicionado mais 2,5 litros de água. A caracterização físico-química das formulações foram realizada quanto aos parâmetros pH, alcalinidade livre e densidade. As análises foram realizadas em triplicatas. A leitura dos valores de pH dos sabões líquidos foi realizada no pHmetro de bancada; os valores de massa específica foram determinados através relação entre massa do sabão líquido e volume do picnômetro. A determinação da Alcalinidade livre foi realizada por reação de neutralização, segundo os métodos recomendados pelo Instituto Adolfo Lutz (2008) e adaptado por Carvalho (2013) para o sabão líquido.

Resultado e discussão

Na Tabela 1 encontram-se os valores dos parâmetros físico-químicos das diferentes formulações estudadas. A formulação do sabão líquido F1, contendo 325 mL de álcool etílico a 70 ºINPM, não apresentou características típicas de sabão líquido, logo não foi possível a determinação de suas propriedades físico-químicas. As demais formulações de sabões líquidos com teor de álcool de 350 a 425mL de álcool etílico foram suficientes para a obtenção dos sabões líquidos.Os valores médios do pH das Formulações F2, F3, F4 e F5 foram iguais a 13,27, 13,36, 13,27, e 13,42, respectivamente. Os valores médios do pH das Formulações F2, F3, F4 e F5 foram iguais a 13,27, 13,36, 13,27, e 13,42, respectivamente. CALADO et al. (2010) também obteve para o sabão líquido valores de pH igual a 13,5, próximo aos valores obtidos nesse trabalho. A Anvisa não tem valores de pH estabelecido para sabão líquido, porém existe para o sabão em barra o valor máximo de pH de 11,5, o que indica a necessidade de reduzir os valores de pH desse trabalho. Observa-se também que os valores de alcalinidade livre encontrados para as formulações dos sabões líquidos F2, F3, F4 e F5, foram iguais a 0,34, 0,50, 0,37, 0,51 e 0,34, respectivamente. SILVA et al. (2011) estudando algumas formulações de sabões obteve valores variando de 1,7 a 0,26. Segundo OZAGO e PINO (2008), a alcalinidade livre ideal para um bom sabão acabado pode variar de 0,1 a 0,5%, sendo que apenas a formulação F5 apresentou o valor acima para um bom sabão. Os valores de densidade determinados para as formulações foram iguais a 0,9979g.cm-³ (F2), 1,0026g.cm-³ (F3), 0,9954g.cm-³ (F4) e 1,0052g.cm-³ (F5). HIGIOKA & BARZOTTO (2013) encontraram valores de densidade iguais a 1,002g.cm-³ para formulação de sabonete líquido.




Conclusões

A quantidade mínima de álcool etílico necessário para produzir o sabão líquido é de 350 mL, pois a formulação elaborada com 325 mL de álcool etílico (F1) não foi suficiente para a obtenção do sabão, sendo a formulação F1 descartada. Com relação à alcalinidade dos sabões líquidos, apenas a formulação F5 foi que apresentou o valor acima de 0,5%, além de apresentar o maior valor de pH e maior consumo de álcool etílico, podendo também ser descartada. Assim as melhores formulações foram as F2, F3 e F4, embora que ainda esses sabões líquidos necessitem que seu pH seja reduzido para o valor de 11,5.

Agradecimentos

Ao IFRN/CA e à PROPI pelo incentivo ao desenvolvimento desse projeto.

Referências

CALADO, S.C.S.; CAVALCANTI,G.S.; MELO, V.F.P.; SANTOS, A.A.; OLIVEIRA, F.R.P. ; PRYSTHON, E.K.P.; TIBURCIO, M. V. DE S.; COSTA, R. S. Reuso de óleo para fabricação de sabão sólido. CBQ 50° Congresso Brasileiro De Química, Cuibá/MT de 10/10 a 14/10 de 2010.
CARVALHO, A. P. H. Qualidade física, química e antimicrobiana de sabões líquidos elaborados com óleo residual de fritura e diferentes agentes saponificantes. 2013, 181f. Dissertação (Ciência e Tecnologia de Alimentos). Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos, Universidade Federal de Goiás, Goiânia/GO.
FERNANDES, R. K. M.; PINTO, J. M. B.; MEDEIROS, O. M.; PEREIRA C. A. Biodiesel a partir de óleo residual de fritura: alternativa energética e desenvolvimento sócio-ambiental. XXVIII Encontro Nacional de Engenharia de Produção. Rio de Janeiro: 2008.
Instituto Adolfo Lutz. Métodos físico-químicos para análise de alimentos. Coordenadores Odair Zenebon; Neus Sadocco Pascuet e Paulo Tiglea - São Paulo: Instituto Adolfo Lutz, 2008. 1020 p.
HIGIOKA, A. S.; BARZOTTO, I. L. M. Desenvolvimento e controle físico-químico de sabonete líquido com digluconato de clorexidina. Revista Ciência Farmâcia Básica Aplicada, v.34, n.4, p.537-543, 2013.
OLIVEIRA, B. M. G.; SOMMERLATTE, B. R.; PENIDO, R. C. S. Plano de gerenciamento integrado do resíduo óleo de cozinha – PGIROC. Belo Horizonte: Fundação Estadual do Meio Ambiente: Fundação Israel Pinheiro, 2009. 24 p.
OZAGO, O. G. N; PINO, J. C. D. Trabalhando a química dos sabões e detergentes. Porto Alegre (RS): Fapergs, 72p, 2008.

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