Bioacessibilidade de Arsênio e Mercúrio em moluscos bivalves

ISBN 978-85-85905-21-7

Área

Química Analítica

Autores

de Oliveira Nunes, P. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ) ; das Graças Fernandes Dantas, K. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ)

Resumo

Os moluscos bivalves são conhecidos como animais filtradores, por isso são considerados bioindicadores de contaminação. Portanto, ensaios de bioacessibilidade foi importante para obter os teores de As e Hg que estão disponíveis para absorção. Um espectrômetro de absorção atômica em forno de grafite (GF AAS) foi usado para a determinação de arsênio e um analisador direto de mercúrio (DMA) foi usado para medir os níveis de mercúrio. Os teores totais bioacessíveis foram 44 – 102,5% para arsênio e 61,3 – 99.9% para mercúrio. As concentrações de arsênio e mercúrio estão de acordo com a legislação brasileira.

Palavras chaves

ARSÊNIO; MERCÚRIO; BIOACESSIBILIDADE

Introdução

Os moluscos bivalves são organismos de corpo mole que possuem a habilidade de filtrar e acumular metais. São cultivados em criadouros, mas é possível encontrá – los fixados em sedimentos rochosos. Estes organismos são consumidos como alimento, mas em alguns estudos são usados para monitorar os níveis de contaminação de uma determinada região, já que possuem a capacidade de bioacumular metais como, arsênio, cromo, chumbo, mercúrio, níquel, selênio e outros (De Freitas; Do Amaral; Pfeiffer, 2003). Alguns estudos envolvendo determinação total de constituintes inorgânicos em peixes e frutos do mar são encontrados na literatura [10]. Osuna – Martínez e colaboradores (2010), determinaram as concentrações de mercúrio em duas espécies de ostras (Crassostrea gigas e Crassostrea corteziensis) coletadas nas lagoas costeiras do estado da Califórnia (Estados Unidos) por Analisador de mercúrio (DMA). Turkmen et. al. (2009), avaliaram os teores de Cd, Co, Cr, Cu, Fe, Mg, Ni, Pb e Zn em 12 espécies de frutos do mar por espectrometria de emissão óptica com plasma acoplado indutivamente. A principal forma de contaminação da saúde humana é a ingestão de alimentos oriundos do ambiente aquático. Estudos relevantes são encontrados na literatura sobre ensaios de bioacessibilidade in vitro. Cabañera e colaboradores (2012) estudaram a bioacessibilidade de selênio e mercúrio em amostras de peixes utilizando um espectrômetro de fluorescência. Koch et. al. (2013), determinaram os teores de arsênio bioacessíveis em alimentos coletados em áreas contaminadas no Canadá. Considerando a presença natural do arsênio e a ocorrência histórica de mercúrio na Amazônia em organismos aquáticos, foi relevante realizar ensaio de digestão in vitro para determinar a concentração de arsênio e mercúrio em moluscos bivalves utilizando técnicas analíticas adequadas.

Material e métodos

Uma massa de 0,25 g de cada amostra foi pesada (n = 3) e transferida para o frasco de digestão e em seguida submetidas ao procedimento de digestão em forno de micro ondas usando 4,0 mL de HNO3 concentrado e 4,0 mL H2O2 30% (m/m). Para determinação de mercúrio, não houve a necessidade de digestão ácida, apenas as amostras foram liofilizadas e moídas. Testes de adição e recuperação foram usados para avaliar a exatidão do procedimento para arsênio por GF AAS. Foram adicionadas alíquotas de 10, 20, 35 e 45 µg L-1 de As nos digeridos das amostras de ostra e mexilhão. Por outro lado, para avaliar a exatidão do procedimento usando o DMA para mercúrio, foram adicionados às amostras concentrações de 10, 25, 50 e 100 µg mL-1. A solução gástrica foi preparada usando pepsina em NaCl 0,15 mol L-1, sendo o pH ajustado para 2,5 com HCl. A solução intestinal foi preparada com pancreatina, α – amilase e sais biliares, sendo solubilizada com solução saturada de NaHCO3 pH = 7,4.

Resultado e discussão

As concentrações de arsênio foram determinadas em moluscos bivalves por GF AAS. Uma aliquota dos digeridos das amostras foram diluídos para uma acidez de 0,056 mol L-1. O teores obtidos em moluscos bivalves por GF AAS variaram de 19,8 ± 0,1 (μ) a 111,3 ± 1,8 µg g-1, pode – se constatar que os teores obtidos são consideravelmente altos com relação aos estudos publicados na literatura Amajadi et. al. (2010). No trabalho realizado por Zhang e colaboradores (2013), encontraram teores de arsênio total de 4,22 µg g-1 a 13,2 µg g-1 em amostras de ostras no sul da China. Para Leufroy et. al. (2012), os valores obtidos para arsênio total em mexilhão por espectrometria de massa foi de 9,63 – 11,4 mg kg-1. As concentrações de mercúrio nas amostras foram determinadas usando cerca de 50 mg da amostra. Os resultados obtidos para amostras de ostras e mexilhão estão dentro do limite máximo recomendado pela legislação pela legislação. A FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e a Agricultura) e a OMS (Organização Mundial de Saúde) recomendam 0,5 µg g-1 de mercúrio total para pescado. Cavalcanti (2003), obteve concentrações de mercúrio acima do valor máximo permitido (551,12 µg g-1) em ostras comercializadas nas praias de Boa viagem (Recife, PE) e Itapissima (PE), e amostras adquiridas com pescadores locais nas regiões de Tejucupapo (Goiana, PE) e Acaú (Pitimba, Paraíba, fronteira com pernambuco) no mês de abril de 2001. Os resultados de bioacessibilidade para arsênio nas frações solúveis estão nos extratos gástricos, cerca de 25,5% a 62,9%. Por outro lado os extratos gastrointestinal obtiveram concentrações de arsênio de 18,5% a 41,7%. Os resultados para as recuperações de arsênio e mercúrio variaram entre 113,9 – 84,9% e 83,2 – 102,0% respectivamente. Os resultados de recuperação mostraram que o procedimento para determinação de arsênio e mercúrio em amostras de moluscos bivalves por GF AAS e DMA respectivamente foi eficiente e pode ser utilizado em análise de rotina.

Conclusões

O procedimento analítico para preparo de amostra foi conveniente para determinação de arsênio por GF AAS. Os níveis de arsênio obtidos foram considerados elevados, já que para Legislação Brasileira adota limite máximo deste elemento em peixes e derivados de 1,0 mg kg-1 (ANVISA). As análises feitas por DMA foi uma opção conveniente devido à redução da necessidade de reagentes e contaminação. Os resultados obtidos mostraram que os teores de mercúrio em ,moluscos bivalves Alves de acordo com as recomendações da Legislação Brasileira. Bem como os valores encontrados nos ensaios de bioacessibilidade. O ensaio de biodisponibilidade foi satisfatório para obter as concentrações de arsênio disponíveis para absorção. Constatou – se que os valores encontrados, estão acima do limite permitido pela ANVISA para peixes e derivados. A presença deste elemento nas amostras de ostras, corresponde a liberação na cadeia alimentar humana.

Agradecimentos

CAPES, CNPq e UFPA

Referências

De Freitas Rebelo, M.; Do Amaral, M. C. R.; Pfeiffer, W. C.. Baseline I Marine Pollution, 2003, 1341, 46.

Patrocinadores

Capes CNPQ Renner CRQ-V CFQ FAPERGS ADDITIVA SINDIQUIM LF EDITORIAL PERKIN ELMER PRÓ-ANÁLISE AGILENT NETZSCH FLORYBAL PROAMB WATERS UFRGS

Apoio

UNISC ULBRA UPF Instituto Federal Sul Rio Grandense Universidade FEEVALE PUC Universidade Federal de Pelotas UFPEL UFRGS SENAI TANAC FELLINI TURISMO Convention Visitors Bureau

Realização

ABQ ABQ Regional Rio Grande do Sul