Validação de uma metodologia analítica CLAE/DAD para quantificação de herbicidas em águas superficiais.
ISBN 978-85-85905-21-7
Área
Química Analítica
Autores
Gomes de Sousa, D. (IFPB) ; Janine dos Santos Marques Leite, D. (IFPB) ; Cícero de Sousa, A. (IFPB) ; Dantas Teles Moreira, E. (UFPB)
Resumo
O trabalho foi desenvolvido com base em estudos já realizados, com a finalidade de validar um método analítico empregando um equipamento de CLAE/DAD, na tentativa de quantificar herbicidas em água superficiais do Rio Gramame, João Pessoa-PB. Foi realizada uma visita in-loco para investigar os prováveis aportes de herbicidas na bacia, em seguida a realização do georreferenciamento dos pontos de coletas. As curvas analíticas dos herbicidas construídas em diferentes faixas de trabalho e com concentrações diferentes, apresentaram boa linearidade. Os valores dos parâmetros analíticos ficaram dentro da faixa preconizada pela ANVISA.
Palavras chaves
Herbicidas; CLAE; Validação
Introdução
Estudos de monitoramento de resíduos de agrotóxicos têm aumentado ano a ano e sinalizado que estão presentes nos alimentos, na atmosfera (MOREIRA, et al., 2012), nas precipitações secas e úmidas, como chuvas (NOGUEIRA et al., 2012) e águas superficiais e subterrâneas (DORES et al., 2008). O uso inadequado desses agrotóxicos na agricultura tem sido apontado como fonte de risco para a saúde humana e para o ambiente, pois os recursos hídricos são os principais destinos desses compostos (RIBEIRO et al., 2007). Os herbicidas são considerados classes de substâncias químicas capazes de selecionar populações de plantas. O termo “seleção” refere-se à atuação dessas substâncias, na morte de umas determinadas plantas e de outras não. Quando aplicados ao solo, os herbicidas se movem para as superfícies das raízes por fluxo de massa da solução do solo em resposta á transpiração (GWYNNE E MURRAY, 1985). Dentre as técnicas analíticas mais utilizadas na quantificação de herbicidas está a Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE). Ela é uma técnica muito importante porque a maioria dos compostos não são suficientemente voláteis para serem analisados por cromatografia a gás. Estudos mostram que a CLAE é uma importante ferramenta para as análises de pesticidas modernos e seus produtos de transformação (metabólitos). O uso de um sistema de CLAE em conjunto com um pré-tratamento da amostra através de extração líquido-sólido são escolhas mais comuns em análises de herbicidas e inseticidas em amostras de águas (LEBRE, 2000). Diante desta temática, o objetivo do trabalho é otimizar e validar um método analítico empregando CLAE/DAD para identificar e analisar os herbicidas Diuron, Tebuthiuron, Ametrina e 3-4 dicloroanilina em águas superficiais.
Material e métodos
A área de estudo foi escolhida com base em informações preliminares em relação ao tipo de cultura praticada na região. Foi realizado o reconhecimento da área em estudo a partir de visitas “in loco”, onde na ocasião foi efetuado o georreferenciamento dos pontos de amostragens na bacia do rio Gramame. Para validação do método cromatográfico CLAE/DAD foi utilizado um cromatógrafo (Dionex, Ultimate 3000) equipado com coluna C18 (15cmx46mm) e pré-coluna de mesmo recheio da coluna. O método proposto foi validado com as seguintes condições: temperatura de 30 °C, fluxo de 0,7 ml/min, modo isocrático com proporção de água/acetonitrila de 30/70. O modo de aquisição foi UV-VIS na faixa de 190 a 400 nm. O tempo de corrida cromatográfica foi de 7 minutos. O método de extração utilizado foi a extração em fase sólida (SPE) proposto por Cappeline. Para a validação do método cromatográfico HPLC/DAD foram avaliados a exatidão, repetibilidade, reprodutibilidade, linearidade, limite de quantificação e limite de detecção. Todos esses parâmetros foram calculados de acordo com recomendações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa, 2003).
Resultado e discussão
Os pontos de amostragem foram georreferenciados levando em conta o estudo de
uso e ocupação do solo, bem como as culturas de cana-de- açúcar e abacaxi
presente na região, próximas as margens do rio em que foi coletado as
amostras, utilizadas nos ensaios de recuperação. As curvas de calibração de
Diuron, Tebuthiuron, Ametrina e 3-4 dicloroanilina construídas na faixa de
trabalho entre 0,25 mg.L-1 e 3,0 mg.L-1, com cinco concentrações diferentes,
apresentaram boa linearidade, com um R2 > 0,996. A precisão foi avaliada em
termos de repetibilidade, calculada em termos de coeficiente de variação
(CV%). A exatidão do método foi calculada como porcentagem de recuperação,
da quantidade conhecida do analito adicionado à amostra. Os valores de LOD
foram estimados diminuindo-se as concentrações dos herbicidas, compreendidas
na faixa de 1 mg.L-1 a 0,01 mg.L-1, gradativamente, considerando o sinal
analítico obtido na CLAE/DAD, para cada herbicida. E assim diminuiu-se as
concentrações dos analitos até que o equipamento não pudesse mais integrar o
pico do composto analisado. Para o limite de Quantificação (LOQ) foi
multiplicado os valoes de LOD por 3,3. Os dados demonstrados na tabela
confirmam que o método proposto foi adequadamente validado, entretanto, para
os ensaios de recuperação, estes não foram alcançados êxitos, uma vez que a
faixa recomendada pela ANVISA é de 70-120%, a etapa de
preparo de amostras deve ser revista e alterada para obtenção de melhores
resultados. Na Tabela 1 são apresentados os parâmetros estimados de
validação.
Parâmetros dos resultados obtidos.
Conclusões
O método analítico validado mostrou-se satisfatória a quantificação dos herbicidas. Foi possível separar e quantificar os herbicidas Diuron, Tebuthiuron, Ametrina e 3-4 dicloroanilina. Os valores dos parâmetros analíticos, exatidão, linearidade, LOD, LOQ e repetibilidade ficaram dentro da faixa preconizada pela ANVISA. Os estudos de recuperação para tebutiuron, diuron e ametrina mostraram promissores à quantificação desses herbicidas em sistemas hídricos. Contudo, novos testes de recuperação empregando outras fases serão investigados.
Agradecimentos
CNPQ, IFPB, UFPB, LAQA, Prof. Dr. Mário César Ugulino de Araújo e Priscila Farias de Oliveira.
Referências
ANVISA. GUIA PARA VALIDAÇÃO DE MÉTODOS ANALÍTICOS E BIOANALÍTICOS. 29 de Maio de 2003. Disponível em: http://redsang.ial.sp.gov.br/site/docs_leis/vm/vm1.pdf. Acesso em: 02/08/2017.
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