DOSAGEM DE VITAMINA C EM AMOSTRAS DE SUCOS COMERCIAIS – UMA INICIAÇÃO AO CONTROLE DE QUALIDADE
ISBN 978-85-85905-21-7
Área
Química Analítica
Autores
Gonçalves da Silva, A.C.N. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ) ; Cabral Rotsen, W.F. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ) ; Martins, V.C.C. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ) ; Pereira Monteiro, S. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ) ; de Oliveira, D.J. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ)
Resumo
Com o advento da tecnologia houve a possibilidade do aparecimento de novos produtos alimentícios, exemplo disso são os variados sucos industrializados de frutas, logo compreende-se a importância do controle de qualidade para avaliar os teores de ácido ascórbico. Este trabalho tem como objetivo avaliar duas técnicas de dosagem de vitamina C em amostra comercial sólida e em solução estoque, utilizando o método de Iodometria.
Palavras chaves
Ácido ascórbico; Iodometria; Química analítica
Introdução
A importância do controle de qualidade segundo Araújo (2011) é na avaliação e no monitoramento do processo analítico, sendo reconhecido e minimizado possíveis erros, gerando resultados confiáveis e seguros em relação aos testes realizados. Desta forma, ao empregar na graduação o papel da química analítica no controle de qualidade de alimentos de acordo com Alvim (2006) é desempenhar no aluno uma atitude de pesquisador no processo de descoberta da composição química da amostra, semelhante ao "pensar e agir" do futuro pesquisador. A comparação de metodologias analíticas pode ser feita nos sucos comerciais prontos para o consumo. Porém, informações com relação ao valor nutricional, principalmente da Vitamina C (Ácido Ascórbico), precisam ser avaliadas, conforme Castro et al (2007) a presença de outros compostos químicos compreende a importância de se determinar as concentrações de ácido ascórbico em todas as preparações comerciais de vitaminas. A iodometria é o método mais utilizado nas dosagens do Ácido Ascórbico, pois a adequação do método decorre do fato do iodo, como oxidante, reagir muito rapidamente com alguns redutores, neste casso o AA (Fig 1), em meio ácido. Na presença da goma de amido, usada como indicador, e excesso de iodeto de potássio o ponto final da titulação fica bem definido, pois o iodo formado depois do ponto estequiométrico forma o íon triiodeto, o qual complexa com amido solúvel (Fig 2) (RONCADA, 1977). Dessa forma, este trabalho tem objetivos aplicar o método da iodometria na dosagem de AA em uma amostra comercial e comparar duas técnicas de dosagem: em amostra sólida e a partir de uma solução estoque, que através do tratamento estatístico estabeleça a técnica mais adequada.
Material e métodos
Desenvolvido no laboratório de Química da Universidade do Estado do Pará (UEPA), o presente trabalho utilizou Iodato de Potássio (KIO3) 0,01M como titulante, Iodeto de Potássio (KI) 1M e Ácido Clorídrico (HCl) 1M como catalizadores, Amido Solúvel (1%) como indicador e Ácido Ascórbico (AA), como padrão. A padronização do método foi feita em triplicata, no qual se pesou AA padrão na faixa 50 – 100mg, transferiu-se o pesado para erlenmeyer de 250ml, adicionou-se 1,0 G de KI e água destilada suficiente para dissolução da mistura, à solução resultante, foram ainda adicionados 1,0 mL de amido 1% e 1,0 mL de HCl 1M, a qual foi titulada como solução de iodato de potássio 0,01 M até se atingir a mudança persistente da cor (amarela para azul púrpura), os volumes de iodato gastos na triplicata foram devidamente anotados para determinar a massa padronizada de AA pela equação: mAA(mG)= 5,28 x VIO3-(mL) e comparados com os respectivos pesos do AA padrão. A quantificação de AA a partir amostra sólida (MID sabor laranja 14,00 mg/5g da amostra) foi realizada em experimento de multiplicata de 10, em que cada análise foram utilizados 5 G da amostra, transferidos para Erlenmeyer e dissolvidos com 100 ml de água destilada, a dosagem foi feita conforme o método previamente padronizado. A quantificação da amostra a partir de uma solução estoque foi realizada também em multiplicata de 10. A solução estoque de 1L foi preparada através da dissolução dos 25 G da embalagem em agua destilada; neste caso, cada análise foi realizada, utilizando 100 ml desta solução estoque, o que equivale à meia porção da análise da amostra sólida, a titulação foi também desenvolvida através do método anteriormente padronizado.
Resultado e discussão
Após a padronização do método, a realização das dez análises e o tratamento estatístico efetuado
sobre os dados alcançados, obteve-se em amostras solidas, uma média de 18,10mg de ácido
ascórbico, uma variância de 1,62 e um desvio padrão de 1,27, expostos no gráfico 01. Em
sequência, nas amostras em solução atingiu-se uma média de 16,78mg de ácido ascórbico, 0,32 de
variância e 0,56 de desvio padrão, exibidos no gráfico 02. A partir dos dados obtidos, percebeu-se
que as amostras em porções sólidas, apresentaram uma significativa dispersão em relação à média
no valor de 18,10mg, em que as quantidades de AA, adquiridas à cada ponto estequiométrico,
demonstraram valores considerados distintos, fato comprovado pela elevada variância de 1,62. Tal
situação, pode ser explicada pela presença de diversas substâncias como: açúcar, corantes e
aromatizantes artificiais, as quais compõem o suco industrializado em questão e interferem no teor
de ácido ascórbico analisado, visto que tais intervalos foram estudados no estado sólido da matéria.
Enquanto que, nos valores das amostras em solução, observou-se uma equivalência nos dados à
cada titulação efetuada, ou seja, cada dosagem de AA demonstrou um pequeno afastamento em
relação à média de 16,78mg, situação ratificada pela baixa variância de 0,32, pois embora as
amostras (sólidas e solução) analisadas, possuam a mesma natureza química, a homogeneização
da solução no balão volumétrico, promoveu uma pequena diferença entre os valores de vitamina C,
em cada viragem estequiométrica.
O gráfico demonstra a dosagem de vitamina C em IO3 0,01M em amostras sólidas.
O gráfico demonstra a dosagem de vitamina C em IO3 0,01M em solução estoque.
Conclusões
Ao comparar os valores médios de cada amostra, constatou-se que em todas as amostras (sólido e solução) encontrou-se quantidades de vitamina C maiores do que o informado na embalagem do produto (14 mg por porção). Após tratamento estatístico das dosagens a partir da amostra sólida e em solução do suco (MID laranja), verificou-se que a técnica de dosagem de vitamina C a partir da solução estoque é mais confiável ou adequada. Deste modo, este trabalho contribuiu para dosagens de AA em amostras comerciais a partir de soluções estoque em validação de métodos de controle de qualidade de vitamina C.
Agradecimentos
Referências
ALVIM, Terezinha Ribeiro; ANDRADE, João Carlos de. A importância da Química Analítica Qualitativa nos cursos de Química das instituições de ensino superior brasileiras. Quím. Nova, São Paulo, v. 29, n. 1, p. 168-172, Feb. 2006.
ARAÚJO, S. G. DE. Estratégia de controle interno de qualidade: Análise quantitativa de glicosaminoglicanos na urina de indivíduos hígidos. 2011. 48f. Monografia (graduação) - Instituto de ciências biológicas, Universidade Federal do Pará –UFPA, Belém, 2011.
CARDOSO, J. A. da. C; ROSSALES, R. R; LIMONS, B; REIS, F. S; SHUMACHER, B. de O; HELBIG, E. Teor e estabilidade de vitamina C em sucos in natura e industrializados. O Mundo da Saúde, v. 39, n. 4, p. 460-469, São Paulo, 2015.
CASTRO, M.V. et al. Análise Química, Físico-Quimica e Microbiológica de Sucos de Frutas Industrializados. Diál. Ciênc. Ano V, n. 12, dez. 2007
RONCADA, J. M.; WILSON, D.; SUQUIMOTO, L.: Concentração de ácido ascórbico em sucos de diversas frutas brasileiras e sua relação com preço e necessidade diárias recomendadas de Vitamina C. Revista Saúde Pública, v. 11, p. 39-46, São Paulo, 1977.