Confirmação da presença de espécies botânicas no mel através de HPLC-UV

ISBN 978-85-85905-21-7

Área

Química Analítica

Autores

Bombardelli, L.L. (UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO) ; Paganini, T.T. (UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO) ; Friedrich, M.T. (UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO)

Resumo

A proposta deste trabalho foi realizar a determinação de flavonoides em mel e nas espécies botânicas canola, eucalipto e citros. Utilizou-se a extração hidroalcoólica com etanol combinada com a técnica de extração em fase sólida (SPE), e posterior identificação em cromatografia líquida de alta eficiência (HPLC-UV), com fase móvel metanol e coluna C18. Avaliou-se a presença dos flavonoides: quercetina, hesperidina, miricetina, luteolina, crisina e canferol. Com os resultados verificou-se que há maior presença de hesperidina e miricetina, ambos são encontrados nas três espécies botânicas estudadas, além destes, foi detectado o canferol nas amostras de méis.

Palavras chaves

Compostos fenólicos; SPE; Flavonoides

Introdução

O mel é um produto muito importante para atividade apícola brasileira, geralmente este alimento é comercializado pelos pequenos agricultores, é encontrado nos supermercados, feiras e vendido diretamente sem qualquer especificação de qualidade ou origem. Ao especificar sua composição química se agrega valor ao produto, beneficiando o produtor e o consumidor que terá conhecimento do que irá consumir. As diferentes características do mel são explicadas devido sua origem botânica. Neste estudo analisou-se a presença de citros, canola e eucalipto no mel, devido a sua forte presença na região Sul, por meio de extração de flavonoides em espécies botânicas e em amostras de méis. Estudos apontam que tanto o mel quanto espécies botânicas, têm uma complexa matriz de vários componentes dentre eles, os flavonoides (PEREIRA, 2010; LIRA et al., 2013 e TRUCHADO et al. 2009). Com base na literatura, foram estudados os flavonoides pertencentes a cada espécie botânica. Segundo Tripoli e contribuintes (2006) a espécie citros é rica em compostos fenólicos, geralmente é encontrado a hesperidina como flavonoide nas frutas cítricas. Na canola, Cartea (2011) afirma que há presença dos flavonoides quercetina, hesperidina, miricetina, tendo predominância o canferol. Barros (2011) descreve a presença dos flavonoides miricetina, quercetina, luteolina e canferol no mel de eucalipto. Objetivou-se identificar a origem floral do mel através da determinação dos flavonoides: quercetina, hesperidina, miricetina, luteolina, crisina e canferol nos extratos das espécies botânicas e no mel utilizando extração em fase sólida e determinação analítica por cromatografia líquida de alta eficiência.

Material e métodos

As amostras de méis foram cedidas por apicultores da região de Passo Fundo e as espécies botânicas foram selecionadas segundo a floração regional, de acordo com cada estação do ano. Os padrões de flavonoides quercetina, canferol, crisina, miricetina, hesperidina e luteolina foram diluídos á 10%, para serem injetados no cromatógrafo. Foram avaliadas cinco amostras de méis sendo identificadas como: mel 1, mel 2, mel 3, mel 4 e mel 5, inicialmente foi medida a massa de 10 g de cada amostra de mel e solubilizado em 10 ml de água de Milli-Q aquecida à 40 °C. Para as espécies botânicas citros, canola e eucalipto foi realizada a redução do tamanho das folhas, brotos e flores. A metodologia de extração foi adaptada de Chabariberi e colaboradores (2009) no qual utilizou-se 2 g de amostra sendo submetida a uma extração hidroalcoólica com etanol:água (60:40) durante 30 minutos à 40 °C sob refluxo. As amostras de méis e espécies botânicas foram submetidas a extração em fase sólida (SPE) com fase estacionária ciano. É uma das técnicas mais empregadas para extração e/ou pré-concentração de analitos em matrizes complexas, permitindo a detecção por cromatografia líquida de alta eficiência (HPLC-UV) (CALDAS et al. 2011; QUEIROZ et al., 2001). As condições cromatográficas utilizadas foram: coluna cromatográfica C18, volume de injeção da amostra na coluna de 10 μL, fase móvel A: água 0,3% ácido fórmico e fase móvel B: metanol 0,3% ácido fórmico, a vazão da fase móvel foi de 0,8 mL min-¹ e o comprimento de onda de 360 nm. A identificação dos compostos nas amostras de méis e nas espécies botânicas foi através da comparação dos tempos de retenção dos analitos das soluções analíticas com os dos extratos das espécies botânicas e dos méis.

Resultado e discussão

Utilizando as condições de análise relatadas na metodologia, foi possível detectar os flavonoides hesperidina e miricetina nas espécies botânicas, conforme o quadro 1. No mel, foi encontrado os flavonoides hesperidina, miricetina e canferol, sendo estes pertencentes ao mel de canola e eucalipto, verificou-se para aprimorar os resultados a área de coleta do mel. Segundo Cartea e colaboradores (2011) na espécie botânica canola o composto predominante é o canferol, porém identificou-se nas análises a hesperidina e miricetina como compostos principais, um dos fatores de possível influência é a diferente região de estudo. Na espécie botânica citros foi identificado o flavonoide hesperidina o qual se confirmou-se com a literatura, no qual Truchado e coautores (2009) afirmam que o composto predomintante é a hesperidina. Lira e colaboradores (2013) observaram nos méis produzidos no estado do Rio de Janeiro que há presença de flavonoides como hesperidina, naringenina e canferol. No eucalipto foi encontrando miricetina como único flavonoide predominante, Barros (2011) afirma que há presença dos compostos miricetina, tricetina, quercetina, luteolina e canferol. Os cromatogramas obtidos mostraram que a miricetina representa 90% dos compostos fenólicos encontrados nos méis analisados. Na análise dos méis, segundo o quadro 2, verificou-se que estes pertencem as espécies botânicas de canola e eucalipto, não obtendo mel de origem floral citros, um dos fatores de influência é a época de coleta dos méis.

Quadro 1

Identificação dos compostos fenólicos presentes nas amostras das espécies botânicas

Quadro 2

Compostos fenólicos identificados nas amostras de méis analisadas.

Conclusões

A técnica de extração hidroalcoólica combinada com a técnica de extração em fase sólida mostrou excelentes resultados na análise cromatográfica, separando os tempos de retenção de forma clara, detectando os compostos de interesse. Ao comparar os tempos de retenção de cada pico cromatográfico dos padrões com os dos extratos foi possível avaliar a presença de flavonoides nas amostras de méis. O estudo mostrou que há possibilidade de identificação das espécies botânicas presente nos méis de forma a contribuir com os apicultores para que estes produzam um mel de qualidade diferenciada.

Agradecimentos

Referências

BARROS, Laís B. Perfil sensorial e de qualidade do mel de abelha (Apis mellifera) produzido no estado do Rio de Janeiro. Tese (Pós-Graduação em Medicina Veterinária). Univerisidade Federal Fluminense, 2011.

CALDAS, Sergiane S.; GONÇALVES, Fabio F.;PRIMEL, Ednei G.; PRESTES, Osmar D.; MARTINS, Manoel L.; ZANELLA Renato. Principais técnicas de preparo de amostra para determinação de resíduos de agrotóxicos em água por cromatografia líquida com detecção por arranjo de diodos e por espectrometria de massas. Química Nova. Vol.34, No.9, São Paulo, 2011.

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QUEIROZ, Sonia C.N.; COLLINS, Carol H.; JARDIM, Isabel C.S.F. Métodos de extração e/ou concentração de compostos encontrados em fluidos biológicos para posterior determinação cromatográfica. Química Nova, Vol. 24, No. 1, p. 68-76, 2001.

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