Análise da eficiência de antioxidantes comerciais de origem natural aplicados em óleos e gorduras da região Amazônica.

ISBN 978-85-85905-21-7

Área

Físico-Química

Autores

Gonçalves Pontes, R. (UFPA) ; Cabral Thomaz, K.T. (UEPA) ; Cardoso Bastos, R.R. (UFPA) ; Aparecida Vaccari Caldeira, K. (IFPA)

Resumo

Indústrias que produzem ou utilizam produtos com alto teor de lipídeos enfrentam um grande problema em seu processo, a oxidação lipídica, responsável pela degradação que diminui a vida de prateleira. Com isso o uso de antioxidantes capazes de retardar os processos oxidativos tem aumentado, os de origem sintética já são bastante difundidos e tem sua eficácia comprovada, porém questionamentos tem sido levantados quanto a seus efeitos a longo prazo no corpo humano. Com isso a busca por alternativas de origem natural faz-se necessária, o presente trabalho avaliou a eficiência de 2 produtos comerciais e de origem natural aplicados a 3 matrizes lipídicas. Ambos mostraram poder antioxidante, sobretudo o produto a base de ácido cítrico, que conseguiu aumentar em até 5 vezes o período de indução.

Palavras chaves

Óleos Vegetais; Antioxidantes; Rancimat

Introdução

A oxidação lipídica é responsável pelo desenvolvimento de sabores e odores desagradáveis, além de também provocar alterações que colocam em risco a integridade e segurança dos alimentos, através da formação de compostos poliméricos tóxicos3-5. A auto-oxidação é o principal mecanismo de oxidação de óleos e gorduras8. Farmer et al.10 propuseram uma sequência de reações para explicar este processo. Iniciação: formação dos radicais livres; Propagação: ataque do oxigênio atmosférico e formação de peróxidos que propagam a reação, resultando em um processo autocatalítico e Término: dois radicais combinam-se, com a formação de produtos estáveis 11,5,8 Para evitar a auto-oxidação é necessário diminuir a incidência de todos os fatores que a favorecem (temperatura, luz, traços de metais e oxigênio) bloqueando a formação de radicais livres, para isso é conveniente o uso de antioxidantes (naturais ou sintéticos), os quais, em pequenas quantidades, atuam retardando os processos de oxidação lipídica12. No entanto, o emprego de antioxidantes sintéticos na indústria tem sido alvo de questionamentos quanto à sua inocuidade. Com isso, pesquisas são realizadas para a busca de compostos naturais que apresentem esta propriedade funcional, a fim de diminuir o uso de antioxidantes sintéticos. No presente trabalho foi avaliada a capacidade antioxidante de dois produtos comerciais de origens naturais, o antioxidante 1, a base de isômeros de tocoferóis, que atua como um antioxidante primário promovendo a inativação dos radicais livres através da doação de átomos de hidrogênio16. O antioxidante 2 é um produto a base de ácido cítrico ativado, atua como agente quelante complexando íons metálicos que catalisam a oxidação lipídica.

Material e métodos

No presente estudo foram utilizados três produtos provenientes da região amazônica, óleo de Andiroba, óleo de Maracujá e manteiga de Murumuru, escolhidos com base em seus diferentes percentuais de ácidos graxos saturados e insaturados. Nos três produtos foi realizada a caracterização físico-química, com análises de Índice de Acidez (% em ácido oleico), índice de peróxido, índice de iodo, índice de saponificação e perfil em ácidos graxos. A fim de avaliar a melhor condição de proteção contra a oxidação lipídica foram utilizadas diferentes concentrações de antioxidante. O antioxidante 1 foi aplicado apenas na concentração de 500ppm pois este é o limite máximo imposto pela legislação, já o antioxidante 2 foi aplicado nas concentrações de 500, 1.000, 2.000, 3.000, 4.000 e 5.000ppm, este produto não encontra barreiras na legislação por este motivo foi utilizado até 5.000ppm, concentrações maiores ficariam inviáveis em relação a custo, e poderiam ainda, trazer prejuízos quanto a cor e turbidez ao produto final As amostras foram analisadas segundo o método proposto pela American Oil Chemist’s Society Cd 12-92 (1993), utilizando o equipamento Rancimat® modelo 873, marca Metrohm, nas seguintes condições: 3,0 g de óleo; fluxo de ar de 20 L.h-1; temperatura de 110°C para os óleo e 140°C para a manteiga; e 50 mL de água destilada nos frascos contendo os eletrodos. Essa medida se baseia na determinação da condutividade elétrica dos produtos voláteis de degradação. A capacidade antioxidante foi inferida através do aumento do período de indução para os produtos com antioxidante em relação aos produtos sem adição de antioxidantes.

Resultado e discussão

Na tabela 1 podem ser observados todos os resultados de todos os parâmetros físico-químicos para os 3 materiais lipídicos estudados, o parâmetro que mais se destaca nestes resultados é justamente o perfil em ácidos graxos, mostrando o óleo de maracujá como o mais insaturado, em seguida o óleo de Andiroba que apresenta porcentagens medianas de insaturados e saturados e a manteiga de Murumuru que mostrou alta porcentagem de saturados. A tabela 2 apresenta os resultados de período de indução para os três produtos nas diferentes concentrações de antioxidantes utilizadas, com base nestes resultados podemos verificar o aumento do período de indução em todas as amostras adicionadas de antioxidante em qualquer concentração utilizada, mostrado realmente a eficácia destes produtos em promover o retardo da oxidação lipídica. Quando utilizados na mesma concentração (500ppm), o antioxidante 1 mostrou desempenho superior nos três materiais lipídicos estudados. Porém vale destacar o desempenho do antioxidante 2 nos óleos de Andiroba e Maracujá que apresentam menor porcentagem de ácidos graxos saturados e por isso são mais suscetíveis ao processo oxidativo, onde verificou-se que com o aumento da concentração aplicada deste produto houve um aumento linear no período de indução mostrando um desempenho muito superior ao observado no antioxidante 1 sendo um promissor substituto ao uso tocoferóis em óleos de média e alta porcentagem de insaturados. Já na manteiga de Murumuru não foi observado o mesmo comportamento, este fato pode ser explicado pela alta porcentagem de ácidos graxos saturados que por si só já proporcionam uma proteção maior em relação a oxidação. Com isso o antioxidante 2 não foi eficiente para retardar a oxidação em produtos com altas porcentagens de ácidos graxos saturados

Tabela 1.



Tabela 2.



Conclusões

Com o estudo realizado pôde-se concluir que os antioxidantes naturais testados mostraram-se eficientes em retardar a oxidação para os três matérias lipídicos estudados, fato evidenciado pelo aumento do período de indução em todas as concentrações em que foram testados O desempenho do antioxidante 2 foi excelente quando utilizado em produtos de média e alta porcentagem de ácidos graxos insaturados, conseguindo um aumento no período de indução de até 5 vezes quando comparado ao produto sem nenhum antioxidante e de até 2,5 vezes comparado ao produto com adição de 500ppm do antioxidante 1.

Agradecimentos

Referências

Berger, K. G.; Hamilton, R. J. Em Developments in Oils and Fats; Hamilton, R. J., ed.; Chapman & Hall: London, 1995, cap. 7.

Farmer, E. H.; Bloomfield, G. G.; Sundralingam, S.; Sutton, D. A.; Trans. Faraday Soc. 1942, 38, 348.

Jorge, N.; Gonçalves, L. A. G.; Boletim SBCTA 1998, 32, 40.

Kubow, S.; Nutritions Reviews 1993, 51, 33.

Silva, F. A. M.; Borges, M. F. M.; Ferreira, M. A.; Quim. Nova 1999, 22, 94.

Simic, M. G.; Javanovic, S. V. Em Inactivation of oxygen radicals by dietary phenolic compounds in anticarcinogenesis; Ho, C. T.; Osawa, T.; Huang, T. M.; Rosen, R. T., eds.; Food Phytochemicals for Cancer Prevention: Washington, 1994, p. 20.

Toledo, M. C. F.; Esteves, W.; Hartmann, E. M.; Ciênc. Tecnol. Aliment. 1985, 5, 1.

Patrocinadores

Capes CNPQ Renner CRQ-V CFQ FAPERGS ADDITIVA SINDIQUIM LF EDITORIAL PERKIN ELMER PRÓ-ANÁLISE AGILENT NETZSCH FLORYBAL PROAMB WATERS UFRGS

Apoio

UNISC ULBRA UPF Instituto Federal Sul Rio Grandense Universidade FEEVALE PUC Universidade Federal de Pelotas UFPEL UFRGS SENAI TANAC FELLINI TURISMO Convention Visitors Bureau

Realização

ABQ ABQ Regional Rio Grande do Sul