Caracterização da manteiga de murumuru (Astrocaryum murumuru Mart) para aplicação na produção de nanocarreadores lipídicos
ISBN 978-85-85905-21-7
Área
Físico-Química
Autores
Almeida, C.W.M.A. (UFPA) ; de Mescouto, V.A. (UFPA) ; Costa, C.E.F. (UFPA) ; Nascimento, L.A.S. (UFPA)
Resumo
A Manteiga de Murumuru é rica em ácidos láuricos, mirístico e oleico, que contribuem para regular o equilíbrio hídrico e a atividade dos lipídeos da camada superficial da pele. Emoliente de alta qualidade a Manteiga de Murumuru propicia a recuperação da umidade e elasticidade natural da pele, pode ser usada em formulações cosméticas e dermocosméticas. Os carreadores lipídicos nanoestruturados (CLN) contendo manteiga de murumuru são uma alternativa promissora no desenvolvimento de produtos da indústria cosmética e farmacêutica por possibilitar a veiculação de substâncias lipofílicas e também melhorar a eficácia de produtos que estão no mercado. Os resultados de caracterização físico- química e análises térmicas estão dentro das especificações e são favoráveis para uso em sistemas lipídicos.
Palavras chaves
Manteiga de murumuru; Caracterização; CLN
Introdução
A indústria cosmética tem procurado desenvolver produtos que possuam maior eficácia em sua atividade (ROSSAN, 2011; WIECHERS, 2008). Os Carreadores Lipídicos Nanoestruturados (CLN) são partículas obtidas através de uma mistura de um lipídio sólido com um líquido ou semissólido, permanecendo sólidos a uma temperatura ambiente ou corporal, estes vem sendo desenvolvidos a fim de melhorar a eficiência de produtos das indústrias de cosmético e é crescente o interesse em virtude uma série de vantagens quando comparadas a formulações convencionais, pois devido ao tamanho de partícula reduzido há a formação de um filme sobre a pele o qual retarda a perda de água transepidermal, aumentando assim a hidratação. (PARTIDAR et al 2010). A amazônia é considerada a principal fonte de biodiversidade do planeta, onde vários insumos têm sido utilizados pela indústria cosmética em uma gama de produtos, destacando os óleos e gorduras de origem vegetal, que são constituídos basicamente por misturas de triglicerídeos. O interesse nestas matérias primas para a produção de nanocarreadores lipídicos advém do grande potencial uso nas composições dos CLN, que junto com os tensotivos são a base da formulação (SANTOS et al., 2011). O murumuru (Astrocaryum murumuru Mart.) é uma palmeira encontrada em toda a região amazônica, a utilização da gordura do murumuru é promissora devido a características como a capacidade de formar uma película protetora que ajuda a pele a reter a umidade, reparação de barreiras cutâneas e redução da perda de água transdérmica, recuperação da elasticidade natural da pele e nutrição, além das ações imonulógicas e antinflamatória (NASCIMENTO et al., 2007; FERREIRA, 2012). Assim, pode-se apontar a gordura de murumuru como possível matéria prima para a produção de CLNs.
Material e métodos
1. MANTEIGA VEGETAL: A amostra de manteiga vegetal foi fornecida pela cooperativa Caeté localizada na cidade de Bragança-PA. 2. CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUIMICA DA MANTEIGA VEGETAL: A caracterização físico-química da manteiga de murumuru foi realizada seguindo os protocolos da American oil Chemists’s Society (AOCS), os parâmetros foram: índice de acidez, índice de peróxido, índice de refração a 40ºC, índice de iodo e composição em ácidos graxos. 3. ÍNDICE DE ESTABILIDADE OXIDATIVA (OSI): O equipamento utilizado foi o Rancimat 743 Metrohm (Herissau/ Suiça), à 100°C sob fluxo de ar de 20L/ h, utilizando- se 5g de manteiga, seguindo o método AOCS Cd 12b-92. 4. DETERMINAÇÃO DO INÍCIO DA DEGRADAÇÃO TÉRMICA DA MANTEIGA VEGETAL POR ANÁLISE TERMOGRAVIMÉTRICA: A manteiga foi submetida a análise termogravimétrica a fim de observar o início da degradação térmica ou até qual temperatura essa se demonstrava estável termicamente, sob atmosfera inerte de nitrogênio, razão de aquecimento 10°/C, fluxo de gás de 50 mL/min da temperatura ambiente até 800°C. As curva foi obtida através de um equipamento Shimadzu® modelo DTG-60H. 5. CURVA DE DSC A análise de DSC foi realizada atmosfera de nitrogênio com fluxo de 50mL/ min e razão de aquecimento de 10ºC/ min numa faixa de temperatura de 25 a 200ºC, em um porta amostra de alumínio hermeticamente fechado.
Resultado e discussão
As caracterizações físico-químicas que tiveram como objetivo avaliar a
qualidade da manteiga e seu perfil em ácidos graxos são mostrados na figura
1. As análises físico-químicas evidenciaram a boa qualidade da manteiga
conforme o permitido. A manteiga de murumuru possui como ácido graxo
majoritário o láurico (44,14%) o alto conteúdo de ácidos graxos saturados
influencia diretamente o estado físico da gordura quando em temperatura
ambiente e consequentemente as características físico-químicas dos
carreadores lipídicos nanoestruturados, a manteiga de murumuru apresenta um
total de 87,83% de ácidos graxos saturados. O período de indução da
manteiga, obtido por Rancimat, foi maior que 20 horas, tendo em vista que a
suscetibilidade a oxidação depende do grau de instauração dos ácidos graxos,
a manteiga de murumuru que composta predominantemente de ácidos graxos
saturados apresentou um alto valor de período de indução. A curva de
degradação térmica da manteiga exibiu um único estágio de decomposição,
Tonset de 308.01°C e Tendset 343.40, relaciona-se isto com a volatização dos
triglicerídeos. A curva DSC da gordura de murumuru mostrada na figura 2,
apresenta um evento endotérmico, registrando um pico na temperatura de 32,80
ºC com ΔH= -276,02 mJ equivalente à temperatura próxima do ponto de fusão do
ácido láurico, que é de 43,2 ºC, o qual é predominante na composição da
gordura.
Conclusões
Os resultados apresentados neste trabalho mostraram que a manteiga de murumuru possui um grande pontecial uso para aplicação na produção de carreadores lipídicos nanoestruturados, como constituinte, as caracterizações físico químicas apresentaram resultados satisfatórios e dentro dos parâmetros das legislações, as análises térmicas mostraram que a manteiga é pouco suscetível a alta temperaturas em atmosfera inerte, a curva de DSC (análise calorimétrica exploratória diferencial) constatou que o ponto de fusão da manteiga está acima de 30°C.
Agradecimentos
AO CNpq e UFPA pelo suporte financeiro; À FAPESP e Laboratório de Catálise; Oleoquímica (LCO) e Laboratório de análises de gorduras e óleos amazônicos (LAGOA).
Referências
ROSSAN, M.R. Preparação e Caracterização de Micro e Nanopartículas
Lipídicas Sólidas para Aplicação em Cosméticos. Dissertação (Mestrado em
Engenharia Química) – Faculdade de Engenharia Química, Área de Concentração
em Desenvolvimento de Processos Biotecnológicos. Campinas, 2011,
Universidade Estadual de Campinas.
FRONZA, T., GUTERRES, S.S., POHLMANN, A.R, TEIXEIRA, H. F.
Nanocosméticos: em direção ao estabelecimento de marcos regulatórios.
Gráfica da UFGRS, 2007, p. 67.
PARTIDAR, A.; THAKUR, D.S.; KUMAR, P.; VERMA, J. A review on novel lipid
based nanocarriers. International Journal of Pharmacy and Pharmaceutical
Sciences, 2, p.30-35, 2010.
SANTOS, O. D. H; MORAIS, J. M.; ANDRADE, F. F.; AGUIAR, T. A.; ROCHA
FILHO, P. A. Development of vegetable oil emulsions with lamelar liquid-crystalline
structures. Jornal of dispersions Science and technology, v. 32, p. 433-438,
2011.