SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE HIDROXIAPATITA NANOESTRUTURADA DOPADA COM PRATA

ISBN 978-85-85905-21-7

Área

Química Inorgânica

Autores

Toledo, T.A. (IF SUDESTE MG) ; Dias, F.A.C. (IF SUDESTE MG) ; Nascimento, J.C. (IF SUDESTE MG) ; Silva, P.H.S. (IF SUDESTE MG) ; Vieira, B.L.M. (IF SUDESTE MG) ; Barbosa, D.B.A. (IF SUDESTE MG)

Resumo

A forma mais comum de se obter a hidroxiapatita é por meio da síntese pelo método de precipitação por via úmida, uma técnica muito vantajosa, pois além de ser simples, possui baixo custo. A utilização da prata como agente bactericida deve-se a propriedades antimicrobianas e a maior eficácia e menor toxicidade em animais. Na perspectiva de desenvolver um cerâmico com biocompatibilidade e propriedades antimicrobianas, sintetizou-se e caracterizou-se uma hidroxiapatita dopada com íons prata, bem como se avaliou sua atividade frente a microrganismos patogênicos.

Palavras chaves

Hidroxiapatita; prata; cerâmico

Introdução

Diversos biomateriais são projetados para substituir partes do corpo e possibilitar a recuperação de funções biológicas afetadas por enfermidades ou acidentes, e a biocompatibilidade é a aceitação desses biomateriais pelo corpo (COSTA, et al, 2009). A hidroxiapatita (HAP), mineral encontrado no osso, tem diversas aplicações na área médica, como por exemplo, em próteses e implantes. Contudo, a forma mais comum de se obter esse biomaterial é por meio de síntese, sendo o método de precipitação por via úmida muito vantajoso, pois além de ser simples, possui baixo custo (COSTA, et al, 2009; RIGO, GEHRKE, CARBONARI, 2007). A utilização da prata como agente bactericida remete ao uso por gregos e romanos, e hoje, sabe-se que entre os metais com propriedades antimicrobianas, a prata tem maior eficácia e menor toxicidade em animais. Entretanto, seu mecanismo de ação ainda não foi totalmente elucidado (MAZZAROLO, 2013). Na perspectiva de desenvolver um cerâmico com biocompatibilidade e propriedades antimicrobianas, sintetizou- se e caracterizou-se uma hidroxiapatita dopada com íons prata, bem como se avaliou sua atividade frente a microrganismos patogênicos.

Material e métodos

Foram realizadas sínteses de hidroxiapatita pura e hidroxiapatita dopada com prata,por precipitação via úmida,com hidróxido de cálcio (Ca(OH)2)-Isofar, ácido orto-fosfórico(H3PO4)-Merck e nitrato de prata (AgNO3)–Impex, como precursores (MAZZAROLO, 2013; RIGO, GEHRKE, CARBONARI, 2007). A razão dos íons Ca/P foi mantida em 1,67 e o metal adicionado na proporção de 2%. Os precursores foram solubilizados em água e o ácido gotejado sobre as outras soluções aquecidas a 90ºC. A suspensão resultante foi mantida sob agitação e aquecimento por 24 horas. Em seguida, o pó foi filtrado e lavado com água e álcool. O composto foi então seco em estufa a 110ºC por 24 horas. Na sequência, o pó foi calcinado a 900ºC por 1 hora. As caracterizações foram realizadas por difração de raios X, com o difratômetro Bruker, D8 Advance, com monocromador de grafite e tubo de cobre (CuKɑ, λ= 1,546Å), com ângulo de espalhamento,entre 5 e 90º com passo angular de 0,02º e tempo de 0,5 segundos.Identificação e análise quantitativa foi realizada pelo software DIFFRAC.EVA.As caracterizações por espectroscopia de infravermelho foram realizadas no espectrofotômetro Frontier Perkin Elmer, na região de 4000 a 400 cm-1, com resolução 4 cm-1 e 128 varreduras com pastilhas de KBr.As atividades antibacterianas de hidroxiapatita com e sem prata foram avaliadas contra as espécies S. Aureus e E. coli, usando a técnica de disco difusão em ágar.Os discos foram preparados com 0,05mg do pó, correspondendo a 0,001mg de prata, e, em seguida, esterelizados. As suspensações bacterianas foram preparadas segundo a escala 0,5 Mac Farland.O meio de cultura utilizado foi ágar nutriente –Difco- e as placas-teste mantidas em estufa a 36ºC por 24 horas.A leitura foi realizada pela medição do halo de inibição (OPLUSTIL,ZOCCOLI,2010).

Resultado e discussão

Pela análise dos difratogramas (Figura 1), evidencia-se um material cristalino, devido à linha de base plana, os picos estreitos, intensos e bem definidos (SILVA, 2007). No pó hidroxiapatita pura foram identificadas as fases: hidroxiapatita, 74,6% (COD 900-2215) e Whitlockite, 25,4% (COD 901- 2138). No pó hidroxiapatita-prata foram encontradas as fases de Hidroxiapatita e prata metálica (COD 901-2961), característica nos picos de 2Ɵ 38,1º e 44,3º (FONSECA, 2015; FÉLIX, 2015). Pela equação de Scherrer, foi possível estabelecer o tamanho dos cristalitos, com 37,74nm para a HAP pura e 33,86nm para HAP Ag. A estrutura desse biomaterial permite substituições iônicas, que podem alterar a cristalinidade, o tamanho dos cristalitos e a estabilidade, sugerindo, portanto, a substituição dos íons Ca2+ pelos íons Ag+ . Observa-se também, a orientação preferencial para o plano (112) em relação ao material puro (COSTA et al., 2009; FONSECA, 2015). A análise da espectroscopia de infravermelho evidencia as principais bandas de absorção do material, em especial, as referentes aos grupos fosfato (PO4-3). Como o material foi calcinado, houve a liberação do carbonato incorporado à estrutura, grupo característico em síntese de precipitação em meio aquoso, não sendo, portanto, evidenciado no espectro (MAZZAROLLO, 2013; FONSECA, 2015; SILVA, 2007). Foi observada atividade antimicrobiana frente aos 2 patógenos testados, com halos de inibição de 10mm (Figura 2). Já para o disco de biomaterial sem a adição do metal de transição, não houve a formação de halo de inibição (FÉLIX, 2015).

Figura 1

Figura 1. Difratograma da hidroxiapatita prata

Figura 2

Figura 2. Teste microbiológico

Conclusões

Foi obtido um material cerâmico, nanoestruturado, com possibilidades de ser biocompatível. Sua síntese é de baixo custo e fácil manipulação. Além disso, a dopagem com íons prata acrescenta propriedades ao material, como diminuição do cristalito, maior cristalinidade e atividades antimicrobianas frente a bactérias potencialmente patogênicas (Staphylococcus aureus e Escherichia coli).

Agradecimentos

IF Sudeste MG; CNPq; Fapemig; Departamento de Química do Instituto de Ciências Exatas da UFJF e ao professor Alessandro Del'Ducca Teixeira.

Referências

COSTA, et al. Hidroxiapatita: Obtenção, caracterização e aplicações. 2009.
FÉLIX, M. Desenvolvimento de hidroxiapatita contendo prata via precipitação e imersão: avaliação do efeito antimicrobiano. 2015.
FONSECA, F. M. SÍNTESE DE HIDROXIAPATITA DOPADA COM PRATA. 2015.
MAZZAROLO, J. SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE HIDROXIAPATITA NANOMÉTRICA COM ADIÇÃO DE PRATA. 2013.
OPLUSTIL, C. P.; ZOCCOLI, C. M. Procedimentos básicos em microbiologia clínica. 3 Ed. 2010.
RIGO, E.C.S.; GEHRKE, S.A.; CARBONARI, M. Síntese e caracterização de hidroxiapatita obtida pelo método da precipitação. 2007.
SILVA, A. M. P. FILMES FINOS CRISTALINOS DE HIDROXIAPATITA: UMA ABORDAGEM ORIGINAL COM MAGNETRON SPUTTERING DE ALVOS OPOSTOS. 2007.

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