Avaliação da atividade inseticida de extratos da Jatropha gossypiifolia (pinhão-roxo) frente a larvas de Aedes aegypti.

ISBN 978-85-85905-21-7

Área

FEPROQUIM - Feira de Projetos de Química

Autores

Silva, E.M. (IFAL - PALMEIRA DOS ÍNDIOS) ; Nascimento Júnior, P.A. (IFAL - PALMEIRA DOS ÍNDIOS) ; Lira, C.S. (UFPE) ; Navarro, D.M.A.F. (UFPE) ; Barros, C.J.P. (IFAL - PALMEIRA DOS ÍNDIOS)

Resumo

Neste trabalho, foi avaliado o potencial larvicida de extratos das folhas da Jatropha gossypiifolia (pinhão-roxo) frente ao Aedes aegypti. Para a obtenção dos extratos foram utilizadas a técnica de extração em Soxhlet, usando acetato de etila e diclorometano como solventes, e a técnica de hidrodestilação, onde foi possível coletar o extrato aquoso, o óleo essencial e o hidrolato. Soluções de diferentes concentrações foram preparadas com os extratos e submetidas a bioensaios larvicidas, afim de analisar a mortalidade das larvas de A. aegypti no quarto instar larval (L-4). Os extratos apresentaram mortalidade elevada, principalmente o extrato aquoso, com atividade em concentrações abaixo de 100 ppm.

Palavras chaves

Atividade larvicida; Aedes aegypti; Jatropha gossypiifolia

Introdução

O Brasil atualmente vive uma tripla epidemia de dengue, Chikungunya e Zika, sendo o A. aegypti o vetor destas doenças, o seu controle é considerado de interesse de saúde pública (MS, 2016; MLAKAR et al, 2016). A utilização de extratos derivados de plantas é uma opção de controle menos agressiva ao meio ambiente, comparado aos inseticidas sintéticos utilizados em larga escala. A obtenção de extratos de plantas, que posteriormente podem ser utilizados como inseticidas, pode se dar através de diferentes técnicas. A extração com o aparelho de Soxhlet é um método tradicional que utiliza pouco material vegetal e possibilita obter extratos de diversas partes das plantas, como folhas, raízes e sementes. Este método de extração consiste em um processo contínuo, onde a amostra está em contato com um solvente puro. A extração é feita através da condensação do solvente aquecido sobre a amostra que, após certo tempo, é depositada sobre o balão na base do aparelho através de um sifão (BRUM et al., 2009). Já na técnica de hidrodestilação o material vegetal, seco ou fresco, inteiro ou pulverizado, fica em contato direto com a água destilada que é aquecida, e o vapor d’água condensado, junto com o óleo essencial são recolhidos através de um aparelho de Clevenger modificado. Nessa técnica é possível obtidos três subprodustos: o óleo essencial, o extrato aquoso e o hidrolato (ASTA, 1968). O presente trabalho relata a atividade dos extratos orgânicos e aquoso das folhas da J. gossypiifolia (pinhão-roxo), planta com elevada resistência a pragas e com ampla utilização na medicina popular (ALMEIDA, 2014; SANTOS, 2014), obtidos pelo método de Soxhlet e hidrodestilação, frente a larvas de A. aegypti.

Material e métodos

As folhas da J. gossypiifolia foram coletadas na região de Palmeira dos Índios/AL. Para a obtenção dos extratos em Soxhlet, as folhas foram secas em temperatura ambiente por cinco dias e, em seguida, colocadas em estufa na temperatura de 45 ºC por 24 horas. O material foi triturado e colocado em cartuchos para a extração em aparelho de Soxhlet por um período de 6 horas, conforme descrito por RAHUMAN et al (2008), utilizando os solventes previamente destilados: acetato de etila e diclorometano. Em relação ao óleo essencial, extrato aquoso e hidrolato, os mesmos foram obtidos por meio de um processo de hidrodestilação utilizando um aparelho de tipo Clevenger modificado, onde o processo durou cerca de três horas. A atividade larvicida dos extratos foi avaliada segundo o método descrito por NAVARRO et al (2003). Foram preparadas soluções com diferentes concentrações dos extratos, 10, 50, 100, 500 e 1000 ppm, em água destilada, tendo DMSO como co-solvente para os extratos orgânicos. Os ensaios foram realizados com essas soluções e, para cada ensaio, um controle foi preparado. Vinte larvas do mosquito A. aegypti no quarto instar larval (L-4) foram colocados em copos de plástico descartáveis (50 mL) contendo 20 mL da solução. A mortalidade das larvas foi registrada após um período 48 horas.

Resultado e discussão

Na tabela 1 encontram-se os resultados da atividade dos extratos frente às larvas L-4 de A. aegypti. O extrato aquoso apresentou mortalidade das larvas a partir da concentração de 10 ppm, tendo uma mortalidade de 40% na concentração de 100 ppm. Os extratos orgânicos mostraram atividade apenas nas concentrações de 500 e 1000 ppm, onde os melhores resultados foram aqueles com o extrato do diclorometano, com mortalidade de 100% nessas duas concentrações. Além disso, não foi observada mortalidade nos ensaios controle, o que indica o potencial larvicida dos extratos. Esses resultados são semelhantes aos encontrados por BESERRA et al (2014), que avaliou a atividade da Jatropha curcas, planta do mesmo gênero, frente a larvas de A. aegypti, em que uma concentração de 100 ppm do extrato hidroalcoólico apresentou uma mortalidade de 53,33%. Diferentes concentrações (10 a 1000 ppm) de hidrolato também foram testadas, no entanto não apresentaram mortalidade significativa. Em relação ao óleo essencial, não foi possível a realização do bioensaio larvicida, já que a quantidade de óleo obtida pela técnica de hidrodestilação foi insuficiente.

Tabela 1.

Mortalidade das larvas para os diferentes extratos e concentrações.

Conclusões

Os extratos orgânicos e aquoso da J. gossypiifolia apresentaram atividade frente as larvas de A. aegypti, com destaque para o extrato aquoso, que apresentou mortalidade significativa em baixas concentrações. Enquanto que o hidrolato não apresentou atividade. Esses resultados indicam um potencial larvicida desses extratos, o que possibilitaria sua utilização para a obtenção de inseticidas naturais, contribuindo para o combate dos mosquitos de A. aegypti.

Agradecimentos

A UFPE e ao IFAL, pela disponibilização de equipamentos e materiais.

Referências

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