A RELAÇÃO ENTRE O CONSUMO REGULAR DE ÁCIDO FOSFÓRICO EM REFRIGERANTES A BASE DE COLA E NÍVEIS SÉRICOS DE CÁLCIO IÔNICO
ISBN 978-85-85905-21-7
Área
FEPROQUIM - Feira de Projetos de Química
Autores
Oliveira, A.M.V.F. (FUNEC - CENTEC) ; Nascimento, G.F.O. (FUNEC - CENTEC) ; Carvalho, J.P.M. (FUNEC - CENTEC) ; Silva, M.V.Q. (FUNEC - CENTEC) ; Santos, R.N. (FUNEC - CENTEC)
Resumo
A motivação principal para tal pesquisa foi a análise da relação entre ácido fosfórico (H3PO4) presente nos refrigerantes a base de cola e o cálcio iônico presente no organismo humano. Por meio de uma pesquisa, foi descoberto que o ácido fosfórico atua principalmente como quelante do cálcio, importante mineral que atua em funções neuromusculares. Sendo assim, foi desenvolvida uma proposta para colocar em prática e identificar o quão o ácido fosfórico pode ser maléfico contra o cálcio iônico. Então, 21 voluntários foram submetidos ao consumo regular de refrigerantes a base de cola durante 15 dias. Ainda assim, este estudo científico contribui para alertar as pessoas que já têm deficiência de cálcio em seu organismo e quanto aos malefícios do consumo desacerbado de refrigerantes.
Palavras chaves
Cálcio Iônico; Refrigerante; Titulação
Introdução
Refrigerante é uma bebida não alcoólica, carbonatada, com alto poder refrescante em diversos sabores [1]. Os refrigerantes a base de cola é um dos mais comuns e contém em sua composição química o ácido fosfórico (H3PO4) que, quando reagido com o íon cálcio, forma o fosfato de cálcio Ca3(PO4)2, o qual é solúvel em água e facilmente excretado pelo organismo. Ocorre que a ingestão desse mineral é prejudicada quando feita juntamente com essa substância, a qual dificultará a absorção de cálcio pelo organismo [2]. Sabe-se ainda que o cálcio é fundamental para o organismo humano atuando nos ossos e em funções neuromusculares, e a falta deste mineral, pode acarretar a diversos problemas, como por exemplo a osteoporose que atua deixando os ossos quebradiços [3]. O objetivo do trabalho é quantificar os níveis séricos de cálcio iônico com voluntários antes e após 15 dias durante exposição com refrigerantes a base de cola e, por isso, conscientizar a comunidade quanto ao consumo regular de refrigerantes a base de cola e sua ação no metabolismo do cálcio. Além disso, quantificar e qualificar o teor de ácido fosfórico presente em uma amostra de duas marcas específicas a fim de comprovar se estava de acordo com as normas da ANVISA [4].
Material e métodos
O método foi desenvolvido de forma com que 21 voluntários passassem por uma curta exposição a refrigerantes a base de cola. Além de calcular os níveis séricos de cálcio iônico, foi estabelecido o cálculo da quantidade de ácido fosfórico nos refrigerantes através da TITULAÇÃO POTENCIOMÉTRICA, onde duas marcas distintas de refrigerantes a base de cola foram submetidas à análise, com o objetivo de certificar que ambas estavam nos padrões exigidos pela ANVISA. Os 21 voluntários foram submetidos durante 15 dias sem a exposição e consumo de refrigerantes a base de cola e, logo após, 15 dias em exposição e consumo regular de refrigerantes a base de cola. O consumo de cada voluntário foi de aproximadamente 250mL por dia. Para comprovar a quantidade de cálcio nos 21 voluntários, foram coletadas amostras de sangue no período pré e pós-exposição. Foi utilizado o ANALISADOR DE ÍONS com o método de ELETRODO SELETIVO onde este aparelho utiliza a metodologia de determinação de cálcio iônico através de trocas iônicas. Os resultados obtidos foram em mmol/L. Para comprovar e quantificar o teor de ácido fosfórico em duas marcas distintas foi utilizado a TITULAÇÃO POTENCIOMÉTRICA ÁCIDO-BASE que é um método volumétrico em que o potencial entre dois eletrodos é medido (eletrodo de referência e indicador) como função do volume do reagente adicionado [5]. Visando a importância da ética neste estudo científico, todos os voluntários assinaram um termo de compromisso onde autorizaram a realização de exames de sangue e seus provenientes. Durante todo o projeto os locais utilizados foram os laboratórios de química e análises clínicas da FUNEC – CENTEC, sob supervisão do orientador responsável.
Resultado e discussão
Sobre os resultados das análises do cálcio ionizado, os valores em mmol/L do
cálcio iônico teve como média=1,28, DP= 0,049 e CV=3,82% na fase basal e na
fase de coleta pós-exposição média=1,21, DP=0,029 e CV=2,39%. Entre a forma
basal e pós, o cálcio iônico apresentou um DP=0,049.
O ácido fosfórico também foi dosado em duas marcas distintas de
refrigerantes, a fim de verificar se a quantidade de ácido fosfórico
presente estava dentro das normas técnicas regida pela ANVISA de 0,07%.
De acordo com o ponto de inflexão do GRÁFICO 1 que representa a primeira
derivada, o volume gasto de NaOH para neutralizar o ácido fosfórico
presente na amostra 1 de refrigerante foi de 3,5mL e a porcentagem de ácido
fosfórico encontrada é de 0,067%, estando portanto, dentro dos valores
permitidos pela ANVISA. Além disso, o volume gasto de NaOH para neutralizar
o ácido fosfórico presente na amostra 2 de refrigerante foi de 4mL e a
porcentagem de ácido fosfórico encontrada é de 0,07%, estando também dentro
dos valores permitidos.
Valor referente à amostra 1
Valores referentes às fases pré e pós-analítica dos voluntários
Conclusões
Conclui-se então que com apenas 15 dias de exposição a refrigerantes de cola os voluntários desse estudo apresentaram queda significativa do cálcio ionizado podendo comprometer, em longo prazo, os níveis séricos deste elemento.
Agradecimentos
Direção da FUNEC–CENTEC; Departamento de Química Industrial da FUNEC-CENTEC; Departamento de Análises Clínicas da FUNEC-CENTEC; Voluntários participantes;
Referências
[1] LIMA, Ana Carla da Silva; AFONSO, Júlio Carlos. A Química do Refrigerante. Química Nova na Escola, vol. 31, nº 3, 210, 2009.
[2] SILVA, André Luís Silva da. Ácido fosfórico e descalcificação óssea. Disponível em: <http://www.infoescola.com/quimica/acido-fosforico-e-descalcificacao-ossea/>. Acesso em: 18 jul. 2017.
[3] MOTTA, Valter Teixeira. Bioquímica Clínica para o Laboratório: Princípios e Interpretações. 5º. ed. Rio de Janeiro: MedBook, 140-147, 2009.
[4] ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução da Diretoria Colegiada – RDC nº 5, de 15 de janeiro de 2007. Disponível em: <http://www4.anvisa.gov.br/base/visadoc/CP/CP%5B7772-1-0%5D.PDF>. Acesso em: 22 jul. 2017
[5] HOLLER, F. James; SKOOG, Douglas A.; CROUCH, Stanley R. Príncipios de Análise Instrumental. 6. Ed. Porto Alegre: Bookman, 2009. vii, 1055 p.