Determinação da composição de ácidos graxos de azeites de oliva cultivados na região da campanha no RS.

ISBN 978-85-85905-21-7

Área

Iniciação Científica

Autores

Santiago, T.T.A. (UNIPAMPA) ; de Carli, F. (UNIPAMPA) ; Azevedo, M.L. (UNIPAMPA) ; Martins, T.L.C. (UNIPAMPA)

Resumo

O azeite de oliva produzido na região da campanha do Rio grande do sul começa a ganhar espaço no mercado brasileiro, um fator que contribui para a expansão da cultura na região é o clima propício para o cultivo de oliveiras. A caracterização destes produtos e o conhecimento do perfil lipídico destes azeites podem contribuir para estudos de estabilidade, análises de adulterações nos produtos e até mesmo para a certificação de origem. Através da análise por GC-MS caracterizamos qualitativamente o perfil lipídico de três azeites comerciais do cultivar arbequina produzidos na região.

Palavras chaves

Azeites de Oliva; Arbequina; Ácidos Graxos

Introdução

Nas últimas décadas, a olivicultura passou a despertar interesse entre produtores rurais brasileiros(Oliveira e Abrahão, 2006). No Rio Grande do Sul o cultivo dos olivais tem avançado sua área de plantio e também intensificado a produção e comercialização de azeites (Coutinho, 2010).Dentre os cultivares, na Espanha a cultivar Arbequina é uma das mais importantes devido assuas características de vigor vegetativo, precocidade, alto rendimento em azeite e boa resistência ao ataque de pragas e doenças (OLIVEIRA et al., 2003).É uma variedade resistente ao frio, suportando temperaturas abaixo de 0º C. A qualidade do azeite é excelente, mas apresenta baixa estabilidade (BARRANCO, 2008).É um dos cultivares mais introduzidos no Brasil e no estado do RS. O conhecimento do perfil lipídico destes azeites pode contribuir para estudos de estabilidade, análises de adulterações nos produtos e até mesmo para a caracterização de origem. Faz- se também necessário avaliar as interações e condições locais (geográficas- climáticas),visto que o cultivo de oliveiras e produção de azeites no sul do estado (região da campanha gaúcha) é recente e há um crescente interesse na sua produção. O objetivo deste trabalho foi avaliar o perfil de ácidos graxos de azeites de oliva produzidos na região da campanha do Estado do Rio Grande do Sul. Foram avaliadas três marcas de azeites comerciais do cultivar arbequina, obtidos seus respectivos ésteres metílicos e avaliados qualitativamente através de cromatografia gasosa acoplada a espectrometria de massas. As amostras utilizadas no presente estudo foram adquiridas comercialmente e, representam azeites do cultivar arbequina produzidos nas regiões de Santana do Livramento-RS, Caçapava do Sul-RS e Candiota-RS.

Material e métodos

Para a conversão dos ácidos graxos presente no azeite em ésteres metílicos, foram realizadas reações de transesterificação de acordo com o método de Hartman e Lago modificado (GERIS et al., 2007).Em um balão (50mL) de vidro colocou-se 10mL da amostra de azeite, em seguida adicionou-se 3,5mL de metóxido de potássio a partir de uma solução KOH:MeOH (0,43g/10mL)e colocou- se para reagir em um banho à temperatura de 45ºC por 15min. Após esse período o conteúdo do balão foi vertido para um funil de separação e tornou- se visível a aparição de duas fases. Iniciou-se o processo de extração eliminando a fase amarela evidente no funil. Adicionou-se 20mL de hexano e depois iniciou-se sucessivas lavagens com 10ml da solução de ácido clorídrico a 0,5% (2X),10ml de cloreto de sódio saturado (3x) e 10ml de água destilada (3x). Em seguida retirou-se o conteúdo do funil e em um bequer (100mL) secou-se a fase orgânica adicionando-se sulfato de magnésio. Filtrou-se para um balão e o solvente foi rotaevaporado obtendo-se os ésteres metílicos. Foram realizadas três reações para cada uma das marcas de azeite analisadas. Para cada reação realizou-se a análise de Cromatografia Gasosa (CG) em triplicata. Os ésteres metílicos de ácidos graxos foram analisados por GC-MS.Os componentes foram separados em coluna Rtx-Wax de 30 m, com diâmetro interno de 0,25mm e espessura do filme de 0,25µm, com injeções de 1µL das amostras preparadas. Foram obedecidas as seguintes condições de operação: temperatura programada da coluna: 100°C, taxa de aquecimento 10°C /min até 140°C (5 min), taxa de aquecimento 4°C/min até 240°C (10 min.); temperatura do injetor: 240°C; temperatura do detector: 260°C; gás de arraste: hélio 5.0; velocidade linear do gás de arraste de 1,20 cm/s; razão de divisão da amostra (1:50).

Resultado e discussão

Os ácidos graxos foram identificados através da comparação dos tempos de retenção com padrões puros de ésteres metílicos e pelas bibliotecas de bancos de espectros de massas (NIST e Wiley). A Tabela 1 apresenta o perfil de ácidos graxos dos azeites de oliva extra virgem comercial da espécie aberquina. Conforme a análise foram identificados na amostra 1, quatorze ácidos graxos, uma lactona e o esqualeno. O teor médio percentual dos ácidos graxos oleico, palmítico, palmitoléico, margárico, linoléico e lignocérico encontrados nas amostras analisadas, estão de acordo com a recomendação do Codex Alimentarius (2003). Entre os ácidos graxos monoinsaturados, o principal é o ácido oleico, que possui propriedades que atuam na redução do colesterol total e LDL-c, sem reduzir o HDL-c. Além disso, causa alterações na membrana das plaquetas e produz ação antitrombótica (Vognild et al.,1998). O principal ácido graxo polinsaturado encontrado foi o Linolênico (C18:3; 9,12,15), da família do ácidos ômega 3. O teor médio de ácidos graxos monoinsaturados (Palmitoléico, Heptadecenóico, Oleico e, Gadoléico) 62,11% é superior as demais classes de ácidos graxos (saturados e polinsturados). Palmitoléico C16:1 e Heptadecenóico C17:1 presença acentuada quando comparado ao Koroneiki. Entre os ácidos graxos saturados, o ácido palmítico foi o que obteve maior teor, semelhante a outros estudos (CARDOSO et al.,2010; OLIVEIRA et al.,2012). Segundo Matthâus e Ôzcan (2011) a composição de ácidos graxos do azeite de oliva varia amplamente entre as diferentes cultivares. Pode-se observar na Tabela (1) e Tabela (2) que o índice de Ácido Palmitico e Esteárico no Koroneiki-RS e na Arbequina-RS é consideravelmente mais elevado que o da Arbequina-MG, a explicação para isso requer um estudo mais detalhado.

Tabela 1

Perfil de ácidos graxos dos azeites de oliva comerciais tipo extra virgem de Arbequina(A1). Valores do cultivar Koroneiki-a e recomendações do Codex-b

Tabela 2

Análise dos azeites de arbequina comparados por região;

Conclusões

Avaliou-se o perfil de ácidos graxos de três azeites de oliva produzidos na região da campanha do Estado do Rio Grande do Sul e, comparou-se com outros perfis descritos para azeites de oliva e com as recomendações do Codex Alimentarius. O conhecimento do perfil lipídico destes azeites pode contribuir para estudos de estabilidade, análises de adulterações nos produtos e até mesmo para a caracterização de origem. Tais resultados, embora ainda iniciais, representam diversas possibilidades para contribuir com a franca expansão dos olivais na região da campanha-RS.

Agradecimentos

PROPESQ-UNIPAMPA, Laboratório GEPEAQ-UNIPAMPA;

Referências

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GERIS, R. et al. Biodiesel de soja – reação de transesterificação para aulas práticas de química orgânica. Quim. Nova, 30 (5), 1369-1373, 2007.

VOGNILD, E.; ELVEVOLL, E.O.; BROX, J.; OLSEN, R.L.; BARSTAD, H.; AURSAND, M.; ØSTERUD, B. Effects of dietary marine oils and olive oil on fatty acid composition, platelet membrane fluidity, platelet responses, and serum lipids in healthy humans. Lipids, v.33, p.427-436, 1998.

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