Avaliação da atividade antitumoral do produto de síntese do análogo do Cardanol
ISBN 978-85-85905-21-7
Área
Iniciação Científica
Autores
Vasconcelos Maia, S.S. (UNIVERSISDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; do Vale Abreu, K. (UNIVERSISDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; Almeida Matos, D.M. (UNIVERSISDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; Cleonilda, C. (UNIVERSISDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; Felix Oliveira, M.R. (UNIVERSISDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; Eufrázio Romão, A.L. (UNIVERSISDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; Freitas Soares, D.W. (UNIVERSISDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; Alves, C.R. (UNIVERSISDADE ESTADUAL DO CEARÁ)
Resumo
Desde os primórdios sempre foi possível observar a necessidade do uso de produtos naturais no tratamento ou alívio de doenças. Assim, se deu o começo do estudo a substâncias com caráter natural que apresentam características biocidas. Dessa maneira, o objetivo desse trabalho tem como desenvolvimento um análogo com base no cardanol, constituinte majoritário do líquido da casca da castanha de caju técnico, e a avaliação de sua atividade citotóxica frente ás células HCT-116, PC-3 e SF-295. Essa avaliação foi feita através do teste MTT, apresentando percentual de crescimento tumoral inibitório de até 33,05%. A partir desses resultados foi possível observar a não eficiência desse principio ativo contra células tumorais.
Palavras chaves
cardanol; citotoxidade; mtt
Introdução
A busca por medicamentos que derivam de plantas sempre teve grande procura por pesquisadores. As plantas são valiosas nesse estudo desde antes de cristo. Os egípcios, por exemplo, datam mais de 700 medicamentos em 2900 aC. Então é bastante perceptível nas ultimas décadas o avanço nessa área. (Cragg e Newman 2013). Grande parte da produção de fármacos tradicionais em países desenvolvidos é derivada de plantas. As plantas utilizadas para a fabricação de remédios são muito estudadas e compreendidas evitando assim danos colaterais aos pacientes que as utilizam. (Nascimento 2000). No campo da oncologia é notória a persistência na criação de fármacos que são distribuídos em diferentes tipos de câncer. Esse déficit estimula o estudo com plantas de caráter medicinal na produção de sintéticos, propiciando assim menores danos ao corpo humano. Nesse sentido, o líquido da casca da castanha de caju possui características que motivam estudos com sua presença na formação de novos biocidas e aditivos naturais. Nesse caso foi utilizado o constituinte majoritário do LCC técnico, o cardanol, que é obtido através do cozimento da castanha em temperaturas superiores a 180 C, e é aplicado na produção de resinas e polímeros. (MAZETTO et al., 2009). Com isso é possível observar a criação de novas moléculas através da modificação da estrutura do mesmo. (Oliveira, 2015).
Material e métodos
A obtenção do cardanol pode ser feita mediante a submissão do líquido da castanha de caju técnico a uma coluna cromatográfica. A extração do cardanol foi feita com o solvente orgânico hexano. Após o término da coluna o mesmo foi concentrado (Abreu, 2008). O cardanol purificado foi submetido a uma reação de substituição a partir do ácido sulfanílico diazotizado. (Allinger, 1976). A atividade citotóxica foi feita utilizando a metodologia MTT, de Mosmann et al 1983. Foram utilizadas as seguintes linhagens de células HCT-116, SF-295 e PC-3, sendo elas respectivamente, colorretal humano, glioblastoma humano e adenocarcinoma da próstata. As mesmas foram cultivadas em estufa com 5% de CO e a 37° C, as mesmas cresceram em meio sido RPMI 1640 com suplemento de 10% de soro fetal bovino. As amostras foram dissolvidas em água destilada, com concentração única de 20 µg/ml. As células cancerosas foram plaqueadas em 96 poços (0,7 x 105 células/ml) e só após um prazo de 24 horas foi inserido o sintético produzido. Após o protudo ter sido adicionando as placas ficaram em incubação por 72 horas, em estufa a 37 °C. As absorbâncias foram medidas em triplicata e com ajuda do aparelho espectrofotômetro em placas de 595 nm. Uma escala foi utilizada como base para avalia o potencial do mesmo.
Resultado e discussão
A estrutura do produto de reação foi comprovada por RMN de 1H e 13C. O RMN de 13C (Fig 1) revelou na região de aromáticos 3 singletos de δ = 160.5, 135.1, 143.8 ppm referentes ao cardanol insaturado. E também na região do aromático revelou outros 2 singletos de δ= 156.5 e 152.0 ppm referentes aos carbonos ligados ao grupo amino e ao sal de diazônio. O RMN de 1H (Fig 1) revelou dois dubletos na região de δ = 6,75 a 7,71 ppm a indicação de uma cadeia aromática onde ocorre a ligação com o sal de diazônio e sinais de δ = 2,55 a 5,04 indicando a cadeira insaturada do cardanol.
Conforme o método de Mosmann et al 1983. De acordo com o percentual de proliferação celular (IPC%), as amostras testadas que forem inferior a 1% não possuem atividade anticâncer. Amostras com baixo índice de atividade ficam entre 1 e 50%. Já para atividade moderada temos entre 50 e 75%. E para amostras com uma atividade alta seu índice está entre 75 e 100%. Utilizou-se o programa GraphPad versão 5. para calcular o RVC% seguindo as absobâncias.
Foi possível observar na tabela 1, que o Produto de síntese análogo do cardanol, constituinte majoritário do LCC técnico, demonstrou baixa atividade segundo os resultados percentuais de inibição do crescimento celular das células tumorais. As células utilizadas, HCT-116 (colorretal humano), PC-3 (adenocarcinoma de próstata), SF-295 (glioblastoma humano), apresentaram um percentual de inibição tumoral médio entre 1 e 50%.
RMN de carbono e hidrogênio, estrutura química do produto.
Resultados da atividade anticâncer.
Conclusões
Contemplou-se, através da Ressonância Magnética Nucelar de 1H e 13C, a caracterização do análogo produzido e a eficiência da síntese. Já no teste antitumoral, foi perceptível que o produto sintetizado a partir do cardanol apresentou insuficiente atividade frente as linhagens HCT-116, PC-3 e SF-295. Desta maneira fica evidenciada a necessidade de novos testes para o produto, em outras áreas de atuação, pois o mesmo não mostrou-se capaz de regredir tumores.
Agradecimentos
Agradeço a UECE, ao SisNaBio, a Funcap e a Capes.
Referências
Allinger, N. L.; Cava, M. P.; Johnson, C. R.; Lebel, N. A.; Stevens, C. L. Química Orgânica, 2ª ed, p 529-533, 1976.
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