BIOSSORÇÃO DO ÍON METÁLICO Cd2+ POR BACTÉRIA ISOLADA DO EFLUENTE DA INDÚSTRIA PETROLÍFERA IMOBILIZADA EM ALGINATO
ISBN 978-85-85905-21-7
Área
Iniciação Científica
Autores
Davi, D.M.B. (UECE) ; Abreu, K.V. (UECE) ; Cavalcante, D.F. (FANOR) ; Oliveira, M.R.F. (UECE) ; Soares, D.W.F. (UECE) ; Romão, A.L.E. (UECE) ; Carvalho, C.E. (UECE) ; Alves, C.R. (UECE)
Resumo
A utilização de biomassa bacteriana para a remoção de metais pesados em águas contaminadas torna-se uma alternativa viável, devido agregar o baixo custo com a alta eficiência. Este trabalho tem como objetivo a biossorção de metais pesados em efluente sintético, utilizando como adsorvente biomassa bacteriana morta e imobilizada em esferas de alginato. A bactéria foi isolada do efluente da indústria petrolífera. A capacidade de adsorção da biomassa foi determinada através de estudos cinéticos e de equilíbrio de adsorção. O processo de adsorção dos metais se ajustou aos modelos cinéticos de pseudo-segunda ordem e o equilíbrio seguiu modelos de Langmuir e Redlich- Peterson. A bactéria GRAM positiva LUB 6B imobilizada em alginato apresenta um potencial moderado para a remoção de Cd+2.
Palavras chaves
Metais pesados; Biossorção; Biorremediação
Introdução
Com a crescente geração e descarte inadequado de efluentes, faz-se necessária a busca de alternativas que sejam tecnicamente eficientes, econômicas e que ao mesmo tempo sejam menos poluentes (QUINTELAS et al., 2008). Para a remoção de metais em efluentes é constantemente realizado processos físico-químicos. Dentre eles podemos citar os métodos convencionais mais utilizados que são a precipitação, a coagulação, a troca iônica e a separação por membrana (GOYAL et al., 2003 apud VALE, 2010). Mas a grande maioria destes métodos apresentam limitações, muitas vezes são menos eficientes e mais caros, alguns geram outro tipo de resíduo que precisa ser tratado como o lodo (SOUSA, 2007). Uma saída vantajosa e viável é a biossorção que consiste na adsorção de metais tóxicos por microorganismos (QUINTELAS et al., 2008; COLLA et al., 2012). Com isso a biossorção se torna uma alternativa eficaz para remoção de contaminantes em efluentes. Estes microrganismos (bactéria, fungos e leveduras, dentre outros) retém os metais promovendo uma auto-regeneração do efluente (PIETROBELLI et al., 2009). Em função do contexto da sustentabilidade, o trabalho visa propor uma alternativa para o tratamento de áreas contaminadas com metais pesados. Com isso pretende-se estudar a bactéria que foi isolada do efluente da indústria petrolífera e imobilizada em esferas alginato, para a remoção de cádmio (Cd2+) em efluente sintético. Tendo em vista que esse método é menos poluente e menos dispendioso consumindo assim menos energia que os métodos convencionais.
Material e métodos
Preparo das soluções: A solução estoque de 200 mg/L do íon metálico cádmio que foi preparada a partir do seu respectivo sal: Cd (NO3)2.6H2O. Isolamento das bactérias: As bactérias foram isoladas do efluente da Lubnor em meio de cultura TSA (Tryptic Soy Agar) esterilizados em autoclave a 121 °C por 15 minutos, lavadas com solução salina 0,9%, e levadas para o banho- maria à 70 0C por cinquenta minutos com o objetivo de selecionar bacilos para a produção do biossurfactante. A manutenção e repique das culturas isoladas, foram feitas em placas petri contendo meio TSA, esterilizados a 121 °C por 15 minutos, as placas TSA repicadas foram incubadas em estufa bacteriológica a 30ºC por 24 horas para obtenção da cultura para realização dos ensaios fermentativos. Produção de biomassa: Os experimentos foram realizados em agitador rotatório por 72 horas em duplicata. As amostras foram centrifugadas por 15 minutos a 10.000 g, 5 ºC para concentração de biomassa produzida. Imobilização da biomassa: A extrusão-gelificação iônica utilizando para cada 0,5g de biomassa bacteriana concentrada (72g/L) o volume de 5,5 mL de alginato de sódio a 1%. Para a geleificação as partículas precipitadas por gravidade foram colhidas em 14 mL de uma solução de CaCl2. Estudo de cinética de adsorção: foi conduzido com apenas 3 reatores de 125 mL contendo 0,5 g do adsorvente (bactéria imobilizada), colocados em contato com 50 mL de solução metálica de Cd2+ com concentração fixa de 50 mg/L em pH 5,0 sob agitação em shaker 200 rpm. Isoterma de adsorção: em reator contendo 0,5 g de adsorvente (bactéria imobilizada), foram adicionados 50 mL de solução sintética de Cd2+ em pH 5,0 numa faixa de concentrações de 50-200 mg/L. Os frascos foram vedados e mantidos sob agitação durante 3h, até atingir o equilíbrio.
Resultado e discussão
Estudo de cinética de adsorção
A correlação linear de ambos os modelos, indica que o resultado de pseudo-
segunda ordem está melhor correlacionado. Assim, estes resultados indicam
que a cinética de adsorção da biomassa imobilizada para uma solução
sintética monoelementar 50ppm de Cd2+ segue o modelo de pseudo-segunda
ordem. Este modelo considera que a etapa limitante do processo de adsorção
envolve forças de valência através do compartilhamento ou da troca de
elétrons entre o adsorvente e o soluto (MOHAN et al., 2006; VIJAYARAGHAVAN,
et al., 2006).
Isoterma de adsorção
De modo geral, os dados experimentais da adsorção do metal Cd2+ em biomassa
imobilizada, considerando os menores valores para a função de erro (ERRSQ) e
os maiores valores do coeficiente de determinação (R2) podem ser melhor
correlacionado ao modelo que definem as isotermas Redlich-Peterson e
Langmuir.
Modelo cinético de pseudo-segunda ordem para adsorção do íon metálico (Cd2+)
Comparação dos modelos de Langmuir, Freundlich e Redlich-Peterson com a isoterma experimental de adsorção para o íon metálico de Cd2+
Conclusões
Os Parâmetros ótimos para biossorção para Cd pela biomassa imobilizada em alginato são: pH igual 5, variação da concentração de adsorvato não interfere na capacidade de biossorção da bactéria imobilizada, e o tempo de equilíbrio foi atingido após 60 min (1h) de ensaio. A cinética do processo de biossorção se ajustou ao modelo de pseudo-segunda ordem, indicando que a adsorção deste íon metálico se dá por forças de natureza física. Os modelos de isotermas para biossorção de Cd2+ se ajustaram aos modelos de Langmuir e Redlich-Peterson para todas as concentrações.
Agradecimentos
FUNCAP, CNPQ, UECE
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