Determinação de ácidos graxos em filés de Carpa Húngara (Cyprinius Carpus) por cromatografia gasosa acoplada a espectrometria de massas
ISBN 978-85-85905-21-7
Área
Iniciação Científica
Autores
Schreiber, A.M. (UNIJUÍ) ; Hermann, A. (UNIJUÍ)
Resumo
O trabalho objetivou estudar o perfil de ácidos graxos presente em filés de peixe da espécie Carpa Húngara (Cyprinius Carpus), oriundo da região noroeste colonial do estado do Rio Grande do Sul, por cromatografia gasosa acoplada a espectrometria de massas. As frações lipídicas foram extraídas pelo método Bligh e Dyer e esterificadas através do método Joseph e Ackman. A média dos resultados revelaram que os ácidos graxos predominantes no filé da espécie foram o Ácido Palmítico (24,92%) e o Ácido Palmitoleico (20,38%) e que os ácidos graxos saturados representam 39,23% dos lipídios totais extraídos. Com relação ao Ácido Eicosapentaenóico (EPA) e ao Ácido Docosaexaenóico (DHA) as análises mostraram que as quantidades de EPA foram superiores as de DHA nas porções analisadas.
Palavras chaves
GC-MS/MS; Ácidos Graxos; Peixes
Introdução
O Brasil possui grande potencial hídrico para a produção de pescado, em vários estados brasileiros, a piscicultura surge como uma proposta alternativa e viável de produção nobre a baixos custos, dentre os estados brasileiros o Rio Grande do Sul apresenta condições para incrementar, ampliar e consolidar a criação de peixes. (RANGEL, 1998; MARQUES, RISSATO, 1999; FEIDEN et al., 2001). De acordo com SARTORI & AMÂNCIO (2012), o pescado é um alimento que se destaca pelo valor nutricional quanto à quantidade e qualidade das suas proteínas, à presença de vitaminas e minerais e, principalmente, por ser fonte de ácidos graxos (AG) essenciais ômega-3 Eicosapentaenóico (EPA) e Docosaexaenóico (DHA), que apresentam forte relação com a redução de doenças cardíacas, artrite, psoríase e câncer (ARCHER et al., 1998). Os ácidos graxos além de constituírem uma fonte de energia para o organismo, também funcionam como veículo de vitaminas lipossolúveis, com funções reguladoras ou de coenzimas, bem como de precursores na síntese de prostaglandinas e hormônios esteroides que desempenham papéis importantes no controle da homeostase do organismo (VÁZQUEZ, 2004). Os peixes de água doce apresentam uma larga variação quantitativa e qualitativa de ácidos graxos, no entanto sua produção depende da alimentação disposta a estes animais. O consumo de pescado no Brasil ainda está aquém do recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), de pelo menos 12 kg per capita por ano, apresentando em 2015 um consumo de 10,6 Kg (SNA, 2017). Diante do exposto, este trabalho tem por objetivo estudar e desenvolver método cromatográfico para a determinação de ácidos graxos em filés de pescado e avaliação dos teores de ácidos graxos em espécie Carpa Húngara (Cyprinius Carpus).
Material e métodos
2.1 - Preparo das amostras: As amostras da espécie Carpa Húngara (Cyprinius Carpus) foram fornecidas por cooperados associados à Cooperativa dos Produtores de Ajuricaba e Nova Ramada (COPRANA). As amostras de peixe foram escamadas, filetadas e a pele separada do músculo. Os filés foram triturados e armazenados sob refrigeração a -6ºC. 2.2 - Extração e esterificação dos ácidos graxos: Para a extração dos ácidos graxos foi empregado o método BLIGH E DYER (1959) e a esterificação segue a metodologia descrita por JOSEPH E ACKMAN (1992). 2.3 – Condições cromatográfias e do espectrômetro de massas: As condições do cromatógrafo a gás (GC-(TQ)-MS/MS 7890B/7000C Agilent Technologies) foram: Temperatura do injetor: 250°C; Volume de injeção 1,0 µL (modo splitless); Programação da temperatura do forno da coluna: temperatura inicial de 70°C, com incremento de temperatura de 8°C/min até 170°C; logo após um incremento de 1°C/min até 200°C (8,0 min); Vazão do gás de arraste (Hélio) constante em 1,0 cm³/min; Tempo total de corrida: 50 min. As condições do espectrômetro de massas foram: Temperatura de transferline: 250°C; Temperatura da fonte de ionização: 210°C; Modo de aquisição MS/MS (MRM); Fonte de ionização por impacto de elétrons (70 eV); Gás de colisão (Nitrogênio) a pressão de 0,26 Pa. 2.4 - Preparo de Soluções Analíticas: Preparou-se individualmente cada padrão de éster metílico na concentração de 1000 mg/L em Hexano grau HPLC. A partir desta solução estoque preparou-se uma mistura de ésteres metílicos (MIX) contendo todos os compostos em uma concentração de 50 mg/L, com a qual preparou-se soluções individuais com concentrações 2,0; 2,25; 2,5; 3,0; 3,25; 3,5; 3,75 e 4,0 mg/L as quais foram utilizadas para avaliar as condições de linearidade e para as curvas de calibração.
Resultado e discussão
A avaliação dos teores de ácidos graxos presentes nas amostras perpassa pela avaliação do comportamento químico de 22 ácidos graxos. A Tabela 1 apresenta as condições de energia para a fragmentação dos íons precursores de cada molécula, permitindo a quantificação e qualificação dos diferentes compostos avaliados por GC-(TQ)-MS/MS, utilizando o modo de ionização por impacto de elétrons (EI), e aquisição dos espectros de massas por MRM, com seus respectivos tempos de retenção (tr), segmentos de análise (Sg), íons precursores e produtos e a energia de colisão das transições monitoradas.
A avaliação dos teores de dos ácidos graxos propostos, perpassou pela análise de 6 amostras de Carpas Húngaras fornecidas por produtores da região noroeste colonial do RS. A Tabela 2 apresenta os resultados encontrados para cada amostra, bem como, as percentagens de ácidos graxos saturados, ômega 3, ômega 6 e ômega 9 em relação aos lipídios totais extraídos.
Ácidos graxos determinados por GC-(TQ)-MS/MS, utilizando o modo de ionização EI, aquisição de espectro no modo MRM.
Composição de ácidos graxos do filé de Carpa Húngara
Conclusões
A partir dos resultados obtidos podemos observar uma quantidade de ácidos graxos (AG) pertencentes à família ômega 9 significativos no óleo extraído, uma vez que estes AG estão relacionados com a diminuição dos níveis de colesterol total sanguíneo, LDL (colesterol ruim) e, ainda, com o aumento o HDL (colesterol bom). O Ácido Linoleico, pertencente ao grupo ômega 6, apresentou maior percentagem média (4,27%) dentre os ácidos graxos desta família. A quantidade de AG presente nos filés pode estar relacionada com a nutrição dispostas aos pescados, como também a idade e a massa que eles apresentam.
Agradecimentos
Referências
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2. BLIGH EG, DYER WJA. Rapid method of total lipid extraction and purification. Can J Bioch Phys 1959;37:911-7.
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