Quantificação de quartzo em pirita por análise térmica DSC

ISBN 978-85-85905-21-7

Área

Iniciação Científica

Autores

M. M. Silva, J. (UNESC) ; Peterson, M. (UNESC) ; A. P. Cechinel, M. (UNESC)

Resumo

Conhecer a composição físico-química de um material é de grande importância para potencializar a sua utilização. Neste sentido, este trabalho teve como objetivo quantificar o quartzo presente em amostras de pirita, rejeito oriundo da indústria carbonífera, por análise térmica diferencial (DSC). A pirita foi inicialmente beneficiada para retirada do quartzo e, em seguida, misturas de quartzo e pirita em diferentes concentrações foram analisadas por DSC. A área correspondente ao pico da transição de fase do quartzo-α para o quartzo-β (573 °C), obtida em cada um dos ensaios, foi utilizada para a construção de uma curva de calibração, com R² igual a 0,97, apresentando-se como um método eficiente para a quantificação de quartzo em piritas.

Palavras chaves

Pirita; Quartzo; Análise Térmica

Introdução

A extração de carvão mineral gera muitos impactos ambientais, com destaque para a drenagem ácida, oriunda da reação química da água e do ar com os rejeitos piritosos dispostos inadequadamente (RAVAZZOLI, 2013). Mesmo sendo um agente poluente, a pirita (FeS2) possui um bom potencial para utilização como matéria prima na produção de diferentes produtos como, por exemplo, ácido sulfúrico. É constituída principalmente de ferro, enxofre, impurezas e quartzo, este último com concentração em torno de 5 a 30% da composição total. Oliveira (2016) estudou o potencial da pirita para aplicação em células solares e verificou que a presença do quartzo prejudicava a condutividade térmica do rejeito piritoso, por se tratar de um material isolante. Portanto, quantificar o quartzo na pirita, assim como a sua caracterização geral, é essencial para definir suas possíveis aplicações na indústria. Os métodos de caracterização de quartzo comumente utilizados são difração de raios-X (DRX), espectrometria de fluorescência de raios-X (FRX) e infravermelho. De acordo com Norton (1994), as análises DRX e infravermelho apresentam boa sensibilidade e precisão, porém, o preparo das amostras é complexo e demanda muito tempo. A calorimetria diferencial de varredura (DSC) pode ser uma alternativa potencial para a determinação de quartzo por apresentar vantagens como não possuir interferências, fácil preparo de amostras e não requerer um operador de equipamento durante as análises (NORTON, 1994). Diante da importância de quantificar o quartzo em rejeito piritoso, este trabalho propõe uma metodologia para quantificação deste mineral presente em pirita por análise térmica, em função da transformação de quartzo-α para quartzo-β a 573 °C.

Material e métodos

Beneficiamento da pirita: amostras de pirita foram cedidas por uma indústria carbonífera situada na cidade de Treviso/SC. A pirita foi beneficiada conforme técnica proposta por Oliveira (2016), visando-se a retirada do quartzo. A amostra de pirita beneficiada foi nomeada PB. Caracterização da pirita: utilizou-se a técnica de difração de raios X (DRX, Shimadzu Lab X, XRD-6000) para analisar a pirita in natura e PB a fim de verificar a eficiência da remoção de quartzo. O ensaio foi realizado no Centro de Caracterização de Materiais (CECAM) do IDT/UNESC. Preparação de amostras: foram preparadas misturas de PB com quartzo de alta pureza (> 98%), em percentuais de quartzo variando de 0 a 30%, em massa. As amostras foram homogeneizadas manualmente por cinco minutos em sacos plásticos hermeticamente fechados. Análise Térmica para determinação do sistema de calibração: As amostras foram analisadas em aparelho DSC (NETZSCH STA 449 F3 Jupiter) do Grupo de Materiais Cerâmicos do iParque/UNESC. As análises foram realizadas com aquecimento a partir da temperatura ambiente (19 °C) até 700 °C, conforme metodologia descrita por Santos (2017). Utilizou-se ar sintético e argônio como gás de purga e cadinho de alumina como recipiente para as amostras. A massa de amostra utilizada nos ensaios variou de 31,9 a 53,2 mg. Com o resultado das análises de DSC, determinou-se a área do pico da transformação do quartzo da forma α para β para todas as concentrações. Em seguida, foi realizado ajuste linear dos dados experimentais para determinação da curva de calibração.

Resultado e discussão

O beneficiamento da pirita obteve um rendimento médio mássico de 74%. A análise de DRX (Figura 1) mostra que a amostra de pirita in natura apresenta picos de quartzo, sulfato ferroso e carbonato de cálcio, enquanto que a amostra PB não apresenta nenhum destes picos, confirmando a eficiência do método de remoção de quartzo, visto que a amostra beneficiada tem picos de pirita muito mais intensos do que a amostra in natura. Entretanto, a análise de DSC realizada para a amostra que continha apenas a PB obteve uma área de 15,0 µVs/mg, mostrando que ainda havia uma boa quantidade de quartzo presente. A amostra com 10% de quartzo resultou em uma área de 15,9 µVs/mg, com 15% de quartzo a área foi de 16,7 µVs/mg e com 30% de quartzo a área foi de 19,2 µVs/mg. A curva de calibração foi obtida usando-se as quatro concentrações diferentes de quartzo na composição da mistura (0, 10, 15 e 30%), sendo o eixo das abcissas o valor da área em unidade de energia por massa e o eixo das ordenadas a porcentagem de quartzo da amostra. A curva obtida por ajuste linear é apresentada na Figura 2 e obteve um R² de 0,97, com a soma residual dos quadrados igual a 9,5. A equação de calibração obtida com os parâmetros de inclinação e intercepção dados pelo ajuste é %Quartzo = (6,8 ± 0,7) × ADSC - (100 ± 11), sendo ADSC a área específica obtida por análise DSC, e pode ser usada como ferramenta na predição da quantidade de quartzo de uma amostra.

Figura 1 - Difratograma de raios X da pirita in natura e beneficiada.



Figura 2 - Curva de Calibração de percentual de quartzo na pirita.



Conclusões

O método utilizando DSC foi eficiente para a preparação de uma curva de calibração capaz de quantificar o quartzo presente na composição da pirita, podendo ser aplicado como ferramenta para caracterização deste material. O método ainda poderá ser enriquecido ao comparar-se os resultados obtidos até o momento com ensaios em DSC realizados rigorosamente com a mesma massa de amostra e com amostra de pirita calcinada.

Agradecimentos

A FAPESC Fundação de Apoio à Pesquisa Científica e Tecnológica do Estado de Santa Catarina.

Referências

RAVAZZOLI, Cláudia. A problemática ambiental do carvão em Santa Catarina: Sua evolução até os termos de ajustamento de conduta vigente entre os anos de 2005 e 2010. Geografia em Questão, v. 6, nº 1, 2013, p. 179-201. OLIVEIRA, C. M. Estudo de rota de beneficiamento de pirita para potencial aplicação em células solares. 2016, 96 f. Dissertação (Mestrado em Ciência e Engenharia de Materiais) – Universidade do Extremo Sul Catarinense, Criciúma. 2016. NORTON, G.a.. The determination of quartz using differential scanning calorimetry. Thermochimica Acta,, Amsterdam, v. 6, n. 2, p.295-304, jun. 1994. SANTOS, C. P. Estudo da quantificação de quartzo em formulações de porcelanato por analise térmica diferencial. 2017, 105 f. Dissertação (Mestrado em Ciência e Engenharia de Materiais) – Universidade do Extremo Sul Catarinense, Criciúma. 2017.

Patrocinadores

Capes CNPQ Renner CRQ-V CFQ FAPERGS ADDITIVA SINDIQUIM LF EDITORIAL PERKIN ELMER PRÓ-ANÁLISE AGILENT NETZSCH FLORYBAL PROAMB WATERS UFRGS

Apoio

UNISC ULBRA UPF Instituto Federal Sul Rio Grandense Universidade FEEVALE PUC Universidade Federal de Pelotas UFPEL UFRGS SENAI TANAC FELLINI TURISMO Convention Visitors Bureau

Realização

ABQ ABQ Regional Rio Grande do Sul