Modelagem Computacional da Superfície de Ferro

ISBN 978-85-85905-21-7

Área

Iniciação Científica

Autores

Briano, N.M. (UFPE) ; da Silva, J.B.P. (UFPE)

Resumo

Este trabalho tem como objetivo realizar uma investigação computacional em torno da superfície metálica, utilizando o Fe2 como um modelo representativo para os cálculos DFT de química quântica, devido a disponibilidade das suas propriedades geométricas e energéticas na literatura. Percebeu-se que, através da análise dos dados com o auxílio da técnica quimiométrica da PCA, o funcional que melhor descreve a superfície de ferro é o OPBE, na multiplicidade igual a 7.

Palavras chaves

Ferro; DFT; PCA

Introdução

A corrosão do aço é um processo de oxidação indesejado que impacta em diversos ramos da sociedade, como a construção civil, indústrias de automóveis, de petróleo, química, entre outros. Como forma de tratamento/prevenção da corrosão, frequentemente utilizam-se inibidores orgânicos. Para o desenvolvimento racional de novos inibidores orgânicos é de fundamental importância compreender como estes interagem com a superfície do aço. Uma forma de atacar este problema é através de métodos computacionais de química quântica. Para que ocorra essa investigação computacional da superfície metálica é necessário utilizar um modelo representativo para os cálculos. Neste trabalho, escolhemos o ferro como um sistema modelo para o aço e, em particular, a molécula de Fe2 devido a sua simplicidade e, principalmente, pela disponibilidade de dados experimentais na literatura de suas propriedades geométricas (PURDUM et al., 1982), energéticas: energia de ionização (ROHLFING et al., 1984), afinidade eletrônica (LEOPOLD et al., 1988) e a energia de dissociação (LOH et al., 1988) e espectroscópicas no infravermelho (MOSKOVITS E DILELLA, 1980). Para se analisar conjuntos de dados que contém diversas variáveis, uma das técnica quimiométrica frequentemente empregada é a chamada Análise de Componentes Principais (PCA, do inglês principal components analysis) (KACHIGAN, 1986). Sua finalidade é reduzir a dimensionalidade do problema com a menor perda possível da informação, de modo a se obter representações gráficas, onde se possa analisar os dados de forma mais simplificado. Este trabalho tem como objetivo investigar e determinar qual nível de cálculo DFT melhor descreve a molécula de Fe2. A escolha do cálculo mais adequado será feita através da PCA.

Material e métodos

Foram realizados cálculos baseados na Teoria do Funcional da Densidade (DFT), com o uso de diversos funcionais e conjunto de função de base de Pople com funções difusas e de polarização 6-311+G(d). Os cálculos de estrutura eletrônica foram realizados com Programa Gaussian 09 (G09) (FRISCH, 2010) que está instalado em computadores do Centro de Processamento de Alto Desempenho de Pernambuco (CENAPAD-PE) e no Laboratório de Química Computacional e Teórica do dQF/UFPE. Dentre as propriedades consideradas da molécula de Fe2 em fase gás estão a distância de equilíbrio (Re), frequência vibracional no infravermelho (ωe), energia de ionização (IE), afinidade eletrônica (EA) e a energia de dissociação (D0). A estabilidade e as propriedades eletrônicas do Fe2 foram calculadas para diferentes multiplicidades de modo a caracterizar o estado eletrônico da molécula Fe2. De posse das propriedades para o Fe2 que foram calculadas em diversos níveis de cálculo, a PCA foi realizada com os dados autoescalonados apenas com os parâmetros calculados. Em seguida, os valores experimentais foram projetados no gráfico dos escores para que pudesse ser localizado o funcional e a multiplicidade que mais se aproximam do ponto experimental.

Resultado e discussão

Na Tabela 1, tem-se as propriedades do Fe2 para diversos níveis de cálculo nas multiplicidades 7 e 9, onde os dados desta multiplicidade encontram-se em parênteses. De posse dessas informações, a PCA, mostrou que c.a. 98% da informação pode ser representada num gráfico de escores das três primeiras PCs (Figura 1). Através desta figura observa-se o comportamento dos níveis de cálculo em relação ao resultado experimental, onde foram analisadas as cinco propriedades do Fe2 (Re, ωe, IE, EA e D0). No gráfico de PC1 versus PC2 temos que PC1 separa as multiplicidades em escores positivos (M = 7) e negativos (M = 9), isto porque os valores foram centrados na média. Pode-se perceber que os níveis de cálculo que mais se aproximam do ponto experimental (em destaque) são OPBE e B98, com as multiplicidades 7 e 9, respectivamente. Assim, apenas com as duas primeiras PCs não é possível concluir qual destes pontos é o mais próximo do experimental. Entretanto, ao analisar também PC3, nota-se que o funcional OPBE é o que melhor representa o Fe2, na multiplicidade 7.





Figura 1. Gráfico dos escores de PC1xPC2 e PC1xPC3 obtidos com os diferentes funcionais para o conjunto de base 6-311+G(d) nas multiplicidades 7 e 9.

Conclusões

Os cálculos DFT realizados com diversos funcionais e o conjunto de base 6- 311+G(d), juntamente com a PCA indicam que as propriedades do Fe2 são melhores descritas com o funcional OPBE na multiplicidade 7.

Agradecimentos

Agradecemos ao Departamento de Química Fundamental (dQF), ao Grupo de Química Teórica e Computacional (LQTC – dQF/UFPE). N. M. Briano agradece a bolsa PIBIC da FACEPE

Referências

D. G. Leopold, J. Almlöf, W. C. Lineberger, and P. R. Taylor, J. Chem. Phys. 88, 3780 (1988).
E. A. Rohlfing, D. M. Cox, A. Kaldor, K. H. Johnson, J. Chem. Phys., 81, 3846 (1984)
Frisch, M. J.; et al. Gaussian 09, revision C.01; Gaussian, Inc.: Wallingford, CT, 2010.
H. Purdum, P. A. Montano, G. K. Shenoy, and T. Morrison, Phys. Ver. B 25, 4412 (1982).
Kachigan, S. K.; Statistical Analysis. An Interdisciplinary Introduction to Univariate & Multivariate Methods, Radius Press: New York, 1986.
M. Moskovits and D. P. DiLella, J. Chem. Phys. 73, 4917 (1980)
S. Loh, L. Lian, D. A. Hales, and P. B. Armentrout, J. Phys. Chem. 92, 4009 (1988).

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