AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE DE RETENÇÃO DE MATRIZES ALIMENTÍCIAS EM ADSORVER β-CAROTENO.
ISBN 978-85-85905-21-7
Área
Iniciação Científica
Autores
Rodrigues, K.P. (UFPA) ; Silva, L.R.C. (UFPA) ; Chada, P.S.N. (UFPA) ; Monteiro, S.F. (UFPA) ; Correa, N.C.F. (UFPA)
Resumo
O presente trabalho teve como objetivo avaliar a capacidade de matrizes alimentícias como: Proteína Texturizada de soja (PTS), Farinha de Mandioca e amido de milho, em adsorver β-caroteno em condições normais de temperatura e pressão. As matrizes alimentícias foram submetidas às etapas de moagem em processador, seguido de secagem a estufa 105°C, com separação granulométrica e submetida à Microscopia Eletrônica de Varredura. O processo de adsorção utilizou como solução padrão 0,002g de β-caroteno em 1L de álcool etílico. A capacidade de retenção das matrizes alimentícias obteve resultados satisfatórios para todas as amostras submetidas ao processo de adsorção.
Palavras chaves
Adsorção; Matrizes Alimentícias; β-caroteno
Introdução
Os compostos bioativos vêm ganhando destaque em pesquisas, devido as suas potencialidades nutricionais e funcionais, e dentre os diversos existentes os carotenoides atualmente apresentam um elevado destaque (CERQUEIRA, 2007). O β-caroteno é um carotenoide com atividade de pró-vitamina A, presente na dieta de seres humanos, em frutas e vegetais coloridos. Apresenta variedade de funções, incluindo ação antioxidante (OLIVEIRA, 2011). O processo de adsorção é utilizado devido ser simples e eficiente. Ele pode ser definido como um processo de acumulação do adsorbato na superfície do material adsorvente, usualmente um sólido, promovendo, desse modo, a remoção da espécie química líquida ou gasosa (BALDISSARELLI, 2006). De forma geral, o consumo de alimentos de fácil acesso tem crescido com o aumento da população mundial e o interesse em alimentos funcionais, bem como o aproveitamento de compostos bioativos têm provocado o interesse na associação desses materiais contribuindo para a qualidade dos alimentos, meio ambiente e economia do país.
Material e métodos
As amostras de amido de milho, farinha de mandioca e proteína texturizada de soja, utilizadas como adsorventes, foram adquiridas em supermercados de Belém-PA. Inicialmente submetidas ao processo de moagem com o objetivo de aumentar a área de contado do material com o substrato e otimizar o processo de adsorção. Seguida de uma secagem que tinha como intuito remover a umidade do material e aumentar a sua porosidade, e uma separação granulométrica para que a amostra retida na peneira de mesh 65 fosse selecionada. As matrizes alimentícias, devidamente preparadas, foram submetidas à Microscopia Eletrônica De Varredura (MEV). O preparo da solução padrão de β-caroteno foi realizado através da pesagem em balança analítica de 0,002 gramas de β-caroteno cristalino, adicionando-o posteriormente em 1 litro de solução de álcool etílico. Os equipamentos utilizados para realizar os ensaios de adsorção foram uma coluna de vidro com capacidade de 500 mL e uma bomba peristáltica necessária para fazer o reciclo da solução de β-caroteno no sistema de adsorção. Inicialmente, 30g das matrizes adsorventes foram adicionadas e compactadas no interior da coluna de vidro para serem submetidas a adsorção. Em seguida, 300 mL da solução padrão de β-caroteno foram adicionadas à parte superior do sistema, juntamente com o acionamento da bomba peristáltica, iniciando assim o processo de adsorção e reciclo. As alíquotas foram coletadas em intervalos de 5 minutos, e imediatamente submetidas à leitura espectrofotométrica, visando obter a concentração de β-caroteno. O experimento foi conduzido durante 2 horas, até o momento em que a matriz alimentícia apresentou completa saturação. A capacidade de retenção das matrizes foi realizado de acordo com o método de Yoshioka (2001).
Resultado e discussão
A análise de MEV foi realizada com o objetivo de comparar as conformações e
dimensões das estruturas nas matrizes alimentícias. Quando as estruturas das
três matrizes estudadas(Figura 1) são comparadas com o poder de retenção de
β-caroteno, a proteína texturizada de soja por apresentar mais sítios
disponíveis e por ser constituídas por aminoácidos, indica possui maior
capacidade em aprisionar β-caroteno em sua estrutura, sendo assim, a mesma
adsorve mais β-caroteno que a amilose contida no amido de milho e na farinha
de mandioca (YOSHIOKA, 2001).
Quanto à capacidade de retenção das matrizes em β-caroteno (Figura 2) a )
proteína texturizada de soja apresentou uma capacidade de 144,47μg/g,
resultado dentro do esperado, levando-se em consideração que,
estruturalmente, a proteína tende a adsorver mais compostos lipídicos que o
amido, por ser uma estrutura que apresenta em sua composição mais
grupamentos susceptíveis a este tipo de processo de acumulação de um
adsorbato sob um adsorvente.
Tendo em vista que a Portaria nº 33, de 13 de janeiro de 1998 da Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) estabelece que a Ingestão Diária
Recomendada (IDR) de β-caroteno é 4,8 mg/dia, a ingestão de apenas 33,22 g
de proteína texturizada de soja enriquecida seria suficiente para suprir a
necessidade diária do organismo. O mesmo se aplica ao amido de milho, onde
sua ingestão diária seria de 54,02 g e para a farinha de mandioca que seria
necessário 90,09 g.
A: Estrutura da proteína texturizada de soja. B: Estrutura da farinha de mandioca. C: Estrutura do amido de milho.
Conclusões
A microscopia eletrônica de varredura indicou que a proteína texturizada de soja possui uma estrutura mais favorável à retenção de β-caroteno que o amido de milho e a farinha de mandioca, apresentando mais cavidades e sítios onde lipídeos tendem a maior agregação. A capacidade de adsorção de β-caroteno obteve resultados satisfatórios em todas as matrizes alimentícias, submetidas ao processo de adsorção. UFPA/PIBIC-CNPq
Agradecimentos
Agradecimentos ao CNPq e Laboratório de Operações de Separação (LAOS)
Referências
BALDISSARELLI, V. Z. Estudo da adsorção do corante reativo preto 5 sobre carvão ativado: caracterização do adsorvente e determinação de parâmetros cinéticos e termodinâmicos. Dissertação (Mestrado em Química) - Universidade Regional de Blumenau, Blumenau, 117 p. 2006.
CERQUEIRA, F. M., MEDEIROS, M. H. G., AUGUSTO, O.,Antioxidantes dietéticos: controvérsias e perspectivas. Departamento de Bioquimica – Universidade de São Paulo, São Paulo, 441- 449p. 2007.
OLIVEIRA, D. S., AQUINO, P. P., RIBEIRO, S. M. R., et al., Vitamina C, carotenoides, fenólicos totais e atividade antioxidante de goiaba, manga e mamão procedentes da Ceasa do Estado de Minas Gerais. Departamento de Nutrição e Saúde – Universidade Federal de Viçosa, Maringá, 89 – 98p. 2011.
YOSHIOKA, C. M. N. Estudo da influência das variáveis do processo de adsorção de β-caroteno e tocoferol do óleo de palma com alumina ativada termicamente. Centro Tecnológico – Departamento de Engenharia Química. Universidade Federal do Pará. Belém, 2001.