USO DE RECOBRIMENTOS À BASE DE AMIDO E AMIDO/QUITOSANA NA CONSERVAÇÃO PÓS-COLHEITA DE LARANJAS “PÊRA”
ISBN 978-85-85905-21-7
Área
Iniciação Científica
Autores
Fritzen, J.C.S. (UNIVERSIDADE FEEVALE) ; Souza, A.M. (FUNDAÇÃO LIBERATO SALZANO VIEIRA DA CUNHA) ; Heckler, J.M. (UNIVERSIDADE FEEVALE) ; Morisso, F. (UNIVERSIDADE FEEVALE) ; Jahno, V.D. (UNIVERSIDADE FEEVALE)
Resumo
Os recobrimentos biodegradáveis vêm sendo estudados como uma alternativa para conservação de frutas pós-colheita. Este trabalho teve como objetivo avaliar o efeito dos recobrimentos comestíveis em laranja “Pêra”, sem nenhum tipo de processamento, mediante sua perda de massa, pH, SST, analisando também o efeito da refrigeração na sua conservação. Foram utilizados os recobrimentos de amido 2% e amido/quitosana 2:1. Os filmes se mostraram efetivos quanto a perda de massa e SST. Não se obteve alterações nos resultados de pH em relação à utilização de recobrimentos. O frio foi eficaz apenas quanto a conservação da massa das laranjas. O uso de recobrimentos à base de amido e quitosana foram eficientes em retardar o amadurecimento das laranjas “Pêra”.
Palavras chaves
laranjas; recobrimentos; polímeros biodegradaveis
Introdução
Após sua colheita, em especial no ambiente tropical, as frutas demonstram acelerado processo de maturação e consequente deterioração por conta de suas mudanças bioquímicas e fisiológicas, assim como práticas de manuseio inadequadas, ocasionando na redução da vida útil do alimento. Os métodos normalmente empregados para a conservação de frutas intactas na condição pós-colheita ou após alguma etapa mínima de processamento, fazem uso, prioritariamente, de refrigeração associada ou a embalagens com atmosferas controladas, visto que este é um método eficaz para a preservação do produto, aumentando sua vida útil e diminuindo as perdas por degradação, uma grande necessidade do comércio atual. Porém, a manutenção e o controle da temperatura não é algo a se desprezar, dificultando o processo de resfriamento contínuo (ASSIS et al, p. 88, 2014; SANTOS et al, p. 2, 2012). Sendo assim, as tecnologias alternativas são cada vez mais necessárias e divulgadas neste meio, como o caso de recobrimentos comestíveis. Estes revestimentos não tem a intenção de substituir o uso de refrigeração e embalagens controladas, mas sim utilizar tipos específicos de reagentes para certos tipos de fruta, a fim de melhorar aspectos específicos da mesma (HORN, et al, 2012).
Material e métodos
As laranjas “Pêra” utilizadas não foram cultivadas com a utilização de agrotóxicos e foram selecionadas de acordo com a escassez de danos. Os frutos foram higienizados com água e detergente. Os recobrimentos utilizados nesta pesquisa foram: amido 2% (solução de água e amido) e amido/quitosana 2:1(solução de amido 2% e quitosana 1%). Estes foram aplicados nos frutos pela técnica de imersão, de forma que os mesmos permaneceram em contato com a solução por 1 minuto e depois foi deixado secar naturalmente. As amostras de números 1 a 15 e 46 a 60, foram o controle; as amostras 16 a 30 e 61 a 75 foram recobertas com a solução de amido; e as amostras 31 a 45 e 76 a 90 foram recobertas com solução de amido/quitosana. Os frutos 1 a 45 ficaram em temperatura ambiente e 46 a 90 foram armazenados em câmara de resfriamento (10°C ± 2°). As amostras foram analisadas nos tempos 7, 14, 21, 28 e 35 dias, sendo triplicata em cada tempo. As amostras foram pesadas no tempo zero, isto garantiu a análise de perda massa do estudo. As características físico-químicas avaliadas foram: perda de massa; pH e sólidos solúveis (°Brix), utilizando-se um refratômetro de bancada Quimis.
Resultado e discussão
Foi possível verificar que os recobrimentos se mostraram eficazes quanto a
durabilidade do fruto, devido à perda de massa, visto que os frutos sem
recobrimento perderam 23% de sua massa inicial, enquanto os frutos com algum
tipo de recobrimento tiveram uma perda de massa menor, 19,2% e 20,5% para
amido e amido-quitosana, respectivamente. Enquanto os armazenados em câmara
fria, os frutos sem recobrimento perderam 21,6% da sua massa inicial, e os
frutos com recobrimento também tiveram uma perda de massa menor, 19,2% e
17,9% para amido e amido-quitosana, respectivamente. Já o pH, observou-se
que os frutos se tornaram menos ácidos ao longo do tempo, visto que isto é
uma característica esperada da laranja “Pêra”, e os recobrimentos não
tiveram nenhum tipo de influência nesse aspecto, também observado por Leme
(2007), onde utilizou filmes com fécula de mandioca e alginato de sódio para
laranjas “Pera” minimamente processadas. Os resultados obtidos foram
similares, tanto na câmara fria como em temperatura ambiente. Após 35 dias,
os frutos sem recobrimento obtiveram um teor maior de sólidos solúveis
totais (SST) em relação aos com algum tipo de recobrimento. Os valores foram
de 12,03ºBrix e 11,2ºBrix para frutos controle e frutos com algum
recobrimento, respectivamente. Isto pode estar relacionado à perda de
umidade do fruto durante o armazenamento, que ocasiona em um aumento na
concentração de sólidos solúveis, conforme visto por Pereira, Machado e
Costa (2014), que obtiveram resultados semelhantes em utilização de cera de
carnaúba como revestimento de laranjas “Valência”. A presença de quitosana
no filme foi indiferente neste aspecto.
A figura 1 contem a disposição das laranjas sob temperatura ambiente (1a) e sob refrigeração (1b).
Conclusões
Pode-se concluir com este estudo que os recobrimentos influenciaram no amadurecimento da laranja “Pera” ao longo do tempo, afirmando-se isto de acordo com os resultados de perda de massa e SST, porém não houve grande diferença quanto à presença de quitosana em ambos os resultados. O biofilme que se mostrou mais eficaz foi o amido 2% para com os frutos expostos à temperatura ambiente e o biofilme de amido/quitosana 2:1 dos frutos armazenados em câmara fria.
Agradecimentos
Os autores agradecem à Universidade FEEVALE de Novo Hamburgo/RS e ao PIBIC- EM/CNPq.
Referências
ASSIS, O. B. G; BRITTO, D. Revisão: coberturas comestíveis protetoras em frutas: fundamentos e aplicações. Brazilian Journal of Food Technology, nº 2, p. 87-97, 2014.
HORN, M. M. Blendas e filmes de quitosana/amido de milho: estudo da influência da adição de polióis, oxidação do amido e razão amilose/amilopectina nas suas propriedades. Universidade de São Paulo, 2012.
LEME, et. al. Influência do uso de películas comestíveis em laranja ‘Pêra’ minimamente processada. Boletim do Centro de Pesquisa de Processamento de Alimentos, nº1, p. 15-24, 2007.
PEREIRA, G. S; MACHADO, F. L. C; COSTA, J. M. CORREIA. Aplicação de recobrimento prolonga a qualidade pós-colheita de laranja ‘Valência Delta’ durante armazenamento ambiente. Revista Ciência Agronômica, nº3, p. 520-527, 2014.
SANTOS, J. S; OLIVEIRA, M. B. P. P. Alimentos frescos minimamente processados embalados em atmosfera modificada. Brazilian Journal of Food Technology, nº 1, p. 1-14, 2012.