Avaliação do potencial citotóxico dos extratos aquoso e alcoólico das flores da Unxia kubitzkii
ISBN 978-85-85905-21-7
Área
Iniciação Científica
Autores
Castro, D.L. (IFRJ) ; Bruno, L.M. (IFRJ) ; Ruas, L.V. (IFRJ) ; Alencar, G.K.S. (IFRJ) ; Silva, A.A. (IFRJ)
Resumo
O principal objetivo deste trabalho foi avaliar a toxicidade dos extratos aquoso e alcoólico das flores da espécie vegetal Unxia kubitzkii utilizando o microcrustáceo Artemia salina. Entende-se que este teste é muito preciso, sensível e simples de realizar e o seu resultado é obtido em apenas 48 horas, sendo também bastante econômico. Os efeitos observados foram devidamente anotados e a CL50 do extrato pôde ser calculada. Os extratos aquoso e alcoólico podem ser classificados como pouco tóxico e altamente tóxico, respectivamente.
Palavras chaves
Artemia salina; toxicidade; Unxia kubitzkii
Introdução
Nas últimas décadas foi notório o aumento do interesse relacionado às plantas medicinais e seus respectivos extratos. A qualidade dos efeitos terapêuticos do extrato de uma determinada planta é uma das preocupações abordadas em pesquisas desta área, assim como os testes que avaliam a segurança de seu uso, ou seja, a toxicidade da espécie e possíveis efeitos secundários (CUNHA, 2005). A Unxia kubitzkii é um vegetal também conhecido como botão de ouro (LORENZI,2001) e em seus extratos aquoso e alcoólico foram identificados metabólicos com potenciais toxicológicos. Para analisar este potencial é comum o teste utilizando Artemia salina, um microcrustáceo que vive em águas salgadas e sua letalidade possui leitura objetiva diante os testes biológicos aplicados, obtendo resultados em 48 horas (PIMENTEL, 2010 et al. apud Veiga & Vital, 2002).
Material e métodos
Foi utilizada água do mar para a eclosão dos ovos de Artemia salina em local arejado e sob constante iluminação como fonte de calor, por um período de 48 horas. Após a passagem do tempo estabelecido as larvas eclodidas foram postas em tubos de ensaio contendo 5 mL de água do mar, de modo a haver 15 microcrustáceos por tubo. O teste foi realizado em triplicata de três concentrações distintas dos extratos aquoso e alcoólico das flores de Unxia kubitzkii (10, 100 e 1000µg/ mL), além de três tubos como branco. Cerca de 24 horas depois houve a contagem do número de nauplios mortos e o cálculo da CL50 foi realizado. A metodologia seguida foi adaptada de MEYER (1982).
Resultado e discussão
Em uma avaliação qualitativa dos metabólitos secundários dos extratos aquoso
e alcoólico das flores de Unxia kubitzkii foram identificados a presença de
grupos que possuem determinada toxicidade como heterosídeos cianogênicos
(aquoso) e triterpenóides (alcoólico). Os heterosídeos cianogênicos são
açúcares que possuem cianeto em sua composição e quando hidrolisados liberam
ácido cianídrico, uma substância altamente tóxica. Assim como a classe de
metabólitos citada anteriormente, os triterpenóides também apresentam
características toxicológicas como descrito por MATA e LOMONACO (2013)
Segundo DOLABELA (1997) a classificação da toxicidade dos extratos
em Artemia salina podem ser classificados como altamente tóxicos se CL50 ‹80
µg/L; moderadamente tóxicos se a CL50 estiver entre 80 µg/ mL e 250 µg/ mL;
e pouco tóxico se CL50 ›250 µg/mL. A toxicidade foi calculada a partir do
gráfico do percentual de animais vivos contra as concentrações dos extratos,
com ajuste logarítmico da curva de toxicidade, utilizando o programa
Microsoft Office Excel 2007, e a CL50 determinada com o ajuste dos pontos
através da regressão linear. As concentrações letais obtidas foram de 368,53
µg/mL para o extrato aquoso e 29,02 µg/mL para o extrato alcoólico, portanto
os extratos podem ser classificados como pouco tóxico e altamente tóxico,
respectivamente.
Conclusões
O teste de toxicidade dos extratos aquoso e alcoólico de Unxia kubitzkii demonstraram diferentes níveis de toxicidade devido à presença de diferentes grupos de metabólitos secundários, sendo o extrato alcoólico (CL50= 368, 53 µg/mL) mais letal em relação ao aquoso (CL50= 29,02 µg/mL).
Agradecimentos
Agradecimentos ao Instituto Federal do Rio de Janeiro e a CNPq pelo apoio financeiro.
Referências
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