APLICAÇÃO DO ÓLEO ESSENCIAL DE PIMENTA DIOICA LINDL.(PIMENTA DA JAMAICA) COMO MOLUSCICIDA FRENTE AO CARAMUJO TRANSMISSOR DA ESQUISTOSSOMOSE (BIOMPHALARIA GLABRATA).

ISBN 978-85-85905-21-7

Área

Iniciação Científica

Autores

Everton, G.O. (UFMA) ; Teles, A.M. (UFMA) ; Mouchrek Filho, V.E. (UFMA) ; Mouchrek, A.N. (UFMA)

Resumo

Neste estudo, o óleo essencial foi extraído das folhas de Pimenta dioica Lindl por hidrodestilação, determinou- se as propriedades físico-químicas, quantificando-se os componentes majoritários e minoritários pela técnica de cromatografia gasosa acoplado à espectrometria de massas (CG-EM). O teste de toxicidade (ensaio de letalidade com Artemia salina) e como agente moluscicida do óleo, foi realizada através da técnica aconselhada pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Obteve-se que o constituinte majoritário é o eugenol. O rendimento obtido (m/m) foi de 1,80%. Calculou-se a concentração letal (CL50), pelo método Reed- Muench e Pizzi. Caracterizou-se o óleo como ativo frente ao caramujo Biomphalaria glabrata com CL50 de 39,81 mg*L-1.

Palavras chaves

Óleo; Caramujo; Moluscicida

Introdução

A esquistossomose, conhecida como barriga d’água, xistosa, doença do caramujo, xistosomose transmitida por caramujo, da espécie Biomphalaria glabrata (RAGHAVAN et al, 2003). No Brasil, a doença foi descrita em 18 estados e no Distrito Federal, sendo sua ocorrência diretamente ligada à presença dos moluscos transmissores. (BRASIL, 2005). As substâncias moluscicidas são empregadas para o extermínio de moluscos e utilizadas para controlar caramujos vetores de parasitas. Moluscicidas sintéticos têm sido utilizados em programas de controle de doenças veiculadas por caramujos. Enfatiza-se que mais de 7.000 produtos químicos já foram testados com esta finalidade, mas poucos merecem destaque. O moluscicida sintético niclosamida é o único recomendado para combater caramujos vetores de doenças (Pinheiro et al., 2003). Contudo, o uso de moluscicida sintético tem gerado preocupação em relação a fatores como: toxicidade para outras espécies, devido à sua baixa seletividade; contaminação do meio ambiente (Cantanhede et al., 2010) e resistência de caramujos da espécie B. glabrata (Gasparotto et al., 2005). Nesse contexto, a procura de substâncias facilmente biodegradáveis tem aumentado o interesse pelo uso de moluscicidas de origem vegetal. Os compostos de origem vegetal com potencial moluscicida têm sido amplamente utilizados na literatura. Dessa forma, o presente estudo teve como objetivo caracterizar quimicamente, avaliar a toxicidade e a atividade moluscicida do óleo essencial extraído da folha de Pimenta dióica Lindl, espécie de grande importância medicinal e encontradas onde a doença é endêmica no Brasil.

Material e métodos

As folhas de Pimenta dioicaLindl foram coletadas, armazenadas e transportadas para o Laboratório de Físico-Química de Alimentos do Pavilhão Tecnológico da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), onde foram secas em temperatura ambiente, trituradas e recolocadas no frasco para futura extração do óleo essencial. O óleo foi extraído por hidrodestilação em sistema de Clevenger de vidro acoplado a um balão de fundo redondo de 1000 mL. Determinou-se as propriedades físico-químicas, quantificando-se os componentes majoritários e minoritários pela técnica CG- EM. As amostras dos caramujos da espécie Biomphalaria glabrata foram capturados nos períodos chuvosos de 2016-2017, em áreas de baixo saneamento em São Luís-MA. Para avaliar a atividade moluscicida foi utilizada à técnica aconselhada pela Organização Mundial de Saúde (WHO, 1983), efetuando-se dois testes em triplicata. No primeiro, teste piloto, preparou- se uma solução do óleo num volume de 500 mL na concentração de 100 mg.L-1 e 0,15 mL de Tween 80(tenso ativo), onde foram colocados 10 caramujos adultos, negativos para Schistossoma mansoni, obtendo-se a proporção de 50 mL/caramujo e alimentando-os com alface hidropônico (MALEK, 1995). No segundo teste, concentração letal (CL), foram preparadas soluções de cada óleo num volume de 500 mL nas concentrações de 10, 25, 50 e 75 mg.L-1 e 0,15 mL de Tween 80 (tensoativo), empregando-se a metodologia do teste piloto. Para o controle negativo, empregou-se dois testes, no primeiro colocou-se 500 mL de água desclorada e 10 caramujos em um recipiente de vidro e no segundo 10 caramujos imersos em uma solução com 0,15 mL de Tween 80 em 500 mL de água destilada, alimentando ambos com alface hidropônico e procedendo-se a análise igualmente realizada nos testes anteriores.

Resultado e discussão

Os resultados para as determinações físico-químicas são apresentados em (I)- Fig. 1. Os espectros do padrão de eugenol (a) e do óleo essencial extraídos das folhas de Pimenta dioica Lindl (b) na região do infravermelho podem ser vistos em (II)- (III)Fig. 1. O cromatograma do óleo obtido na análise de CG/EM pode ser observado em (IV)-Fig.1. Os picos cromatográficos foram identificados através da comparação dos respectivos espectros de massa com os dados das espectrotecas (1) WILEY 139; (2) NIST107 e (3) NIST21. Essa técnica permite determinar, qualitativamente e quantitativamente, as frações individuais que podem ser observadas nos cromatogramas (LANÇAS, 1993). De acordo com os resultados obtidos, os compostos identificados no óleo essencial extraídos das folhas da Pimenta dioica Lindl estão em ordem de tempo de retenção em (V)-Fig.2. O constituinte majoritário da Pimenta dioica Lindl é o eugenol, com teor de 85,67 %. O teste piloto mostrou que a taxa de mortalidades dos caramujos pela Pimenta dioica Lindl foi de 90% em 48 horas. Caracterizando propriedade dos componentes capazes de eliminar os caramujos adultos do gênero Biomphalaria glabrata conforme (VI) na Fig.2.Calculou-se a concentração letal (CL50) do óleo, no limite de confiança a 95 % de probabilidade pelo método Reed-Muench e Pizzi respectivamente. Obteve-se, o óleo como ativo frente ao caramujo Biomphalaria glabrata com CL50 de 39,81 mg.L-1 (VII- Fig.2). O óleo foi testado quanto à toxicidade (ensaio de letalidade com Artemia salina), utilizando o critério de Dolabela, caracterizando-o como altamente tmorais. McLaughlin, et al (1995) têm utilizado este bioensaio na avaliação prévia de extratos de plantas antitumorais.Refletindo a importância do ensaio de toxicidade.

Figura 1

(I) Parâmetros físico-químicos (II) Espectro eugenol (III) Espectro da amostra (IV) Cromatograma da amostra

Figura 2

(V) Compostos identificados na amostra (VI) % mortalidade por tempo (Teste piloto) (VII) Estimativa da CL do óleo essencial de Pimenta dioica.

Conclusões

De acordo com os resultados obtidos nos estudos analíticos e na avaliação da toxicidade e atividade moluscicida do óleo essencial extraído da folha de Pimenta dióica Lindl, conclui-se que os parâmetros físico-químicos dos óleos essenciais estudados apresentaram valores semelhantes ao obtidos pela literatura. A caracterização por CG-EM permitiu identificar os componentes majoritários e minoritários. A atividade moluscicida do óleo revelou-se eficiente frente aos caramujos, sendo interessante e importante no controle e comabate à esquistossomose.

Agradecimentos

AO PCQA e à UFMA.

Referências

BRASIL. Guia de vigilância epidemiológica. 6. ed. Brasília: FUNASA, 2005. 816 p.

CANTANHEDE, S.P.D. et al. Atividade moluscicida de plantas: uma alternativa profilática. Revista Brasileira de Farmacognosia, v. 20, n.2, p. 282-288, 2010.

GASPAROTTO J.R. et al. Estudo fitoquímico e avaliação da atividade moluscicida do Calophyllum brasiliense camb (Clusiaceae). Química Nova, v. 28, n.4, p. 575-
578, 2005.

MALEK, E. A. Snail Hosts of Schistomiasis and other Snail Transmitied Diseases in Tropical América.In: BARBOSA, F. S. Tópicos de Malacologia Médica-rio de janeiro:Fiocruz, 1995, p. 300-310.

MCLAUGHLIN, J. L.; SAIZARBITORI, T. C.; ANDERSON, J. E.; 1995. Tres bioensayos simples para quimicos de productos naturales. Rev Soc Venez Quim 18: 13-18.

PINHEIRO, L. CORTEZ, D.A.G.; VIDOTTI, G.J.; YOUNG, M.C.M.; FERREIRA, A.G. 2003. Estudo fitoquímico e avaliação da atividade moluscicida de Kielmeyera variabilis MART. Química Nova 26: 157-160.

WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). Report of the Scientific working Group on Plant Molluscicide & Guidelines for evaluation of plant molluscicides. Geneva: TDR/SC 4-SWE (4)/83.3, 1983.

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