CARACTERIZAÇÃO DA ARGILA USADA COMO CERAMICA ARTISTICA EM ICOARACI
ISBN 978-85-85905-21-7
Área
Materiais
Autores
Oliveira, A. (IFPA) ; Gonçalves, A. (IFPA) ; Martins, R. (IFPA) ; Dias, V. (IFPA)
Resumo
Este projeto foi uma iniciativa dos alunos de Licenciatura em Química do IFPA-Campus Belém, teve como objetivo avaliar as características físico- químicas da argila utilizada na conformação da cerâmica artística no Distrito de Icoaraci, em Belém do Pará que possui um papel importante no setor cultural e econômico da região, pois é fonte de renda, trabalho e valorização da arte, tornando-se o maior centro produtor de peças cerâmicas artesanais da Região Amazônica. A produção das peças cerâmicas é feita de uma matéria-prima argilosa, apresentando propriedades físico-químicas diferentes em virtude, talvez da não uniformidade do solo, o que despertou o interesse no estudo de caracterização deste material, utilizando técnicas de Análise Granulométrica por Peneiramento,Difração de raio x
Palavras chaves
Argila; Cerâmica artesanal; Propriedades Quimicas
Introdução
A cerâmica pode ser uma atividade artística (produção de artefatos com valor estético) ou uma atividade industrial (em que são produzidos artefatos para uso na construção civil e na engenharia). Atualmente, além de sua utilização como matéria-prima constituinte de diversos instrumentos domésticos, da construção civil e como material plástico nas mãos dos artistas, a cerâmica é também utilizada na tecnologia de ponta, mais especificamente na fabricação de componentes de foguetes espaciais, devido à sua durabilidade. (ANFACER) Para Veiga Neto (2003), uma das formas de manifestação da cultura são os bens culturais materiais que auxiliam a vida do homem no cotidiano, e muitas vezes são reproduzidos, também, como artesanato típico de determinado grupo. Portanto, pode-se entender a cerâmica de Icoaraci, segundo Guimarães (1996), a cerâmica é uma das principais fontes de renda dos residentes de Icoaraci e está revestida de uma cultura que acompanha a própria história do local. Para utilização das argilas nos mais diversos processos é importante e indispensável uma identificação completa do tipo de argila e de suas propriedades, para estabelecer quais as formulações e condições de processamento mais adequadas para se obter produtos com as propriedades finais desejadas (MORAIS & SPOSTO, 2016). Este projeto foi uma iniciativa dos alunos de Licenciatura em Química do IFPA – Campus Belém, em parceria com a escola Liceu Escola de Artes e Ofício Icoaraci-Belém PA. Buscou-se avaliar as características da argila utilizada na conformação da cerâmica artística de Icoaraci proporcionando maior qualidade no processo produtivo, apresentando resultados esclarecedores sobre a caracterização e qualidade da argila e despertar o interesse dos alunos para o trabalho cientifico
Material e métodos
foram usados para a caracterização da argila: Estufa capaz de manter a temperatura entre 105 e 100 °C; Balança com capacidade de 100g, precisão de 0,001g e precisão de 0,01g; Peneirador automático e jogo de peneiras; Peneiramento Fino O peneiramento fino foi realizado utilizando-se cerca de 120g de solo, no momento da preparação da amostra, segue-se o seguinte procedimento: A) Colocou-se o na estufa com temperatura de 105 a 110°C até a constância de massa. B) Junta-se e empilha-se as peneiras de aberturas 0,037; 0,053; 0,074; 0,106; 0,149; 0,210; 270 (diâmetro em mm), colocou-se o material seco no conjunto de peneiras e agitou-se o conjunto como descrito por cerca de 30 mim C) Anota-se o pesos retidos em cada peneira. Ensaio de caracterização mineralógica por EDS O ensaio de caracterização mineralógica foi realizado pelo método de EDS, através do Microscópio modelo VEGA 3 SBU da TESCAN com voltagem de 20 kV, no laboratório de Metalografia do Instituto Federal do Pará. Ensaio de caracterização mineralógica por difração de Raios-X (DRX) A formação da estrutura cristalina será determinada por difração de raios x, utilizando um difratômetro PANalytical PERT PRO MPD (PW 3040/60) usando o método pó.
Resultado e discussão
Para a argila I – Paracuri a partir das análises realizadas verificou-se que
a granulometria predominante encontra-se na faixa granulométrica abaixo de
0,037 mm, com aproximadamente 45% do material passante, cujos grãos estão
compreendidos na classificação silte e argila.
Argila II – Outeiro as análises mostraram que a argila usada pelos artesão
do Liceu possui excesso de sílica e matéria orgânica, o que corresponde a
0,45 μm.
O resultado denota a diferença de constituição dessa argilas.
Figura 1-Gráfico dos passantes acumulados em cada peneira ARGILA I -
PARACURI.
Figura 2- Gráfico dos passantes acumulados em cada peneira para ARGILA II -
OUTEIRO.
EDS
Mostram aspectos qualitativos dos elementos constituintes da Argila, maior
presença de quartzo em relação aos demais constituintes. A argila gorda tem
uma tendência a forma esférica devido a sua plasticidade e ao processo de
cominuição e que seu espectro EDS apresenta os principais elementos dos
argilominerais que as constitui.
Na 041%, Mg 091%, Al 21,64%, Si 59,42%, K 4,6%, Ca 0,12%, Ti 1,26%, Fe
11,63%.
Curva de Secagem.
Analisando o gráfico podemos ver a perda de água presente na amostra com a
variação de tempo, de massa e temperatura constante (90ºc). Revela a perda
de massa e as possíveis transformações com respeito ao efeito da temperatura
ocorre uma pequena perda de água adsorvida como também da água estrutural a
medida que a temperatura vai aumentando.
DRX.
O gráfico mostra picos predominantes e suas intensidades de elementos
cristalinos presentes na Argila. Estes compostos são os seguintes: Mica,
Quartzo e Hematita.
Gráfico dos passantes acumulados em cada peneira ARGILA I - PARACURI
Gráfico dos passantes acumulados em cada peneira ARGILA II - PARACURI
Conclusões
Segundo a análise granulométrica das duas amostras verifica-se uma percentagem elevada de silte na composição. Pela aplicação das técnicas de Difração de raio-X e EDS foi possível determinar a composição mineralógica da argila utilizada na conformação de peças artísticas de Icoaraci. Nas amostras os componentes predominantes foram Mica, Quartzo e Hematita, observando-se que os elementos alumínio e ferro são os mais abundantes. A quantidade elevada de ferro é algo negativo na produção das peças de cerâmica, pois segundo os ceramistas a presença deste elemento diminui a plasticidade do material.
Agradecimentos
À Diretoria de Extensão do IFPA, pela oportunidade concedida. À Coordenação do Curso de Engenharia de Materiais pelo apoio. À professora Vera Dias Coordenadora do Proje
Referências
ANFACER História da Cerâmica Disponível em <http://www.anfacer.org.br/historia-ceramica > Acesso em 27/10/2016
DALGLISH, Lalada. Mestre Cardoso: A arte da cerâmica Amazônica. Belém: SEMEC, 1996
DUTRA, R.P.S. ; NASCIMENTO, R. M.; PASKOCIMAS, C. A.; GOMES, U.U. ; VARELA, M.L. ; MELO, P.T. . Avaliação da Potencialidade Argilas do Rio Grande do Norte - Brasil. Cerâmica Industrial. Vol. 11. Ed. São Paulo. São Paulo – SP, 2006. Pag. 42-46.
MORAIS, D. M.; SPOSTO, R. M. Propriedades Tecnológicas e Mineralógicas das argilas e suas influências na qualidade de blocos cerâmicos de vedação que abastecem o mercado do Distrito Federal. Cerâmica Industrial, Vol.11. Brasília, 2006. Pag. 35-38
SOUZA SANTOS PÉRSIO; Ciência e Tecnologia de Argila. Vol.1. Ed.Edgard Blucher Ltda. 1989
DOS SANTOS, T. S. A Cerâmica Marajoara Modificando a Produção Ceramista em Icoaraci. Belém, 2002.
VEIGA, Neto Alfredo. Cultura e educação. Revista Brasileira de educação n°23, p. 5-14, agosto, (2003).