O USO DE EXTRATOS DE PLANTAS NATIVAS DA CAATINGA COMO INIBIDOR DA CORROSÃO: Phyllanthus Amarus
ISBN 978-85-85905-21-7
Área
Materiais
Autores
Souza, K.R. (IFRN) ; Sousa, C.J.S. (IFRN) ; Costa, E.P. (IFRN)
Resumo
Os inibidores de corrosão são bastante utilizados na proteção da corrosão, porém, alguns desses podem ter certa toxicidade e podem causar problemas ambientais, devido a isso, os extratos vegetais vêm sendo testados como inibidores de corrosão, por possuir uma matéria prima abundante e por não causar danos extensivos na área de aplicação. Baseado nessa nova vertente de pesquisa, esse trabalho propôs utilizar o extrato de uma planta nativa e verificar qual seu potencial em áreas afetadas pela corrosão, por exemplo, em aço 1020, usados em corpos de provas pelas indústrias de petróleo e gás. A vantagem de utilizar essas espécies vegetais é que elas são plantas nativas da caatinga, o bioma mais expressivo da região nordeste, o que facilita seu uso pelas indústrias do estado.
Palavras chaves
Inibidores verdes; Corrosão; Phyllanthus Amarus
Introdução
O Brasil possui altos gastos com a corrosão, em pesquisa feita no ano de 2008, esses gastos chegaram aproximadamente a US$10 bilhões (Diário do Comércio, 2016), grande parte desses gastos foi da indústria petrolífera em tubulações terrestres e em plataformas marítimas, por ser mais suscetíveis devido a localização de alta salinidade presente na água do mar. A busca por diversas formas de controle da corrosão é constante, sendo essa grande parte voltada para uma área específica afetada. São nesses casos que estão relacionados diversos fatores que promovem a corrosão, tais como a umidade do ambiente e a salinidade. Por outro lado, existe o controle e a proteção contra a corrosão utilizada pelas petrolíferas brasileiras que é a galvanização. Esse tipo de proteção consiste no revestimento do metal em questão por outro metal de sacrifício, essa técnica pode ser considerada como um procedimento dispendioso economicamente, porém é mais vantajosa que se gastar com métodos de reparação devido à deterioração dos materiais (GENTIL, 2011). A preocupação com o meio ambiente é cada vez mais presente na sociedade, tendo um aumento nos estudos voltados para os “inibidores verdes de corrosão”. Tais inibidores muitas vezes possuem o mesmo, ou maior, nível de eficiência e de certa forma "limpa", o qual não causa dano ao bioma, pois não libera contaminantes no local de aplicação. De acordo com isso, este trabalho visa expor novas formas de proteção a corrosão utilizando-se do extrato da planta Phyllanthus amarus, natural da caatinga (principal bioma nordestino) e devido a sua abundância no estado do Rio Grande do Norte (RN).
Material e métodos
1ª Etapa: PREPARAÇÃO DO EXTRATO VEGETAL Inicialmente a planta foi lavada e seca naturalmente, em seguida foram retirados e separados, as folhas e os galhos para realizar a extração dos componentes que inibem a corrosão presentes nas folhas. Foi feita uma maceração das partes da planta utilizando-se do etanol como solvente, onde se foi obtido aproximadamente 50mL de solução, que foi filtrada com o auxílio de um funil e um papel de filtro. 2ª Etapa: PREPARO DA CORPOS DE PROVA Foram utilizados 10 corpos de prova de aço carbono AISI 1020, com as seguintes medições de área se encontram na tabela abaixo: comprimento:1,2cm; altura: 0,8cm; Largura: 0,6cm; área total de: 4,32cm. Os corpos de prova foram lixados, e depois colocados em uma solução de álcool etílico (C2H6O) e acetona por cerca de 5 minutos, com o objetivo de desengordurar e remover algumas impurezas. 3ª Etapa: ENSAIO POR PERDA DE MASSA Para o ensaio, foram numerados dez tubos de ensaio onde a análise foi feita em quadruplicatas. A análise foi feita com a formação de dois ambientes a fim de verificar o uso da Phyllanthus amarus como inibidor, e os ambientes foram: o ácido sulfúrico (H2SO4) e a solução salina (NaCl) 3,5%. Após identificar e realizar a pesagem dos tubos, os corpos de prova foram colocados em seus respectivos tubos do tipo Falcon e fora adicionado 10mL da solução. Essa solução adicionada aos tubos é composta de uma mistura do extrato macerado e do respectivo ambiente descrito, sendo que os números 1 e 6 foram utilizados para a verificação da corrosão sem o inibidor. Os corpos de prova foram mantidos nos ambientes de teste por quatorze dias mantidos em temperatura constante e sem agitação, e no fim desse período os corpos de prova foram novamente lixados com o intuito de remover possíveis óxidos.
Resultado e discussão
Houve maior corrosão dos corpos de prova no ambiente do ácido sulfúrico, visto que houve maior perda de massa em relação ao ambiente salino (como mostra a figura 01).
Mesmo tendo maior perda de massa, houve um melhor desempenho do inibidor no ambiente do ácido sulfúrico ao invés do ambiente do cloreto de sódio, contrariando as expectativas, já que o ambiente ácido é bem mais agressivo. Porém tal fato pode ser explicado, possivelmente, pela formação da película protetora criada pelo extrato da PA juntamente com uma camada de óxidos do próprio aço C, tornando o metal totalmente protegido do ambiente corrosivo.
O valor de inibição do NaCl é o que surpreende, já que nos atuais trabalhos o valor máximo de eficiência chega aos 60%, e ter uma eficiência de aproximados 27% é um tanto preocupante. Em geral, admite-se que para ser considerado um bom inibidor de corrosão, a eficiência tem que ser igual ou maior do que 70% (ALENCAR, et al., 2013).
Conclusões
Tal experimento serviu para comprovar que o extrato natural da PA pode ser utilizado como um inibidor de corrosão para meios bem agressivos (de natureza ácida) em aço carbono AISI 1020. Porém tal extrato não pode ser útil como inibidor de corrosão em regiões de alta salinidade,e também, em superfícies metálicas utilizadas nas tubulações para escoamento de petróleo. Como sugestão para futuras pesquisas, avaliar um método de aplicação desse inibidor em superfícies metálicas, do tipo películas de filmes naturais, ou misturados à tintas como proteção contra corrosão. Testar esse produto, a fim de que fossem mais eficientes, e viáveis economicamente, além do mais, uso em larga escala e de ação imediata.
Agradecimentos
COLAB; IFRN.
Referências
-Alencar, M. F., Oliveira, L. R., Gomes, R. d., Gomes, F. F., Neto, J. A., Júnior, J. M., et al. Extratos de Plantas da Caatinga como Inibidor de Corrosão. Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Natal. 2013.
-Diário do Comércio (2008). Tipos de inibidores. Disponível em: http://construironline.dashofer.pt/?s=modulos&v=capitulo&c=1905. Acesso em 20 de de jan. de 2016.
-Gentil, V. Corrosão (6ª ed.). Rio de Janeiro: LTC. 2011.