SÍNTESE DE ESFERAS DE GALACTOMANANA E QUITOSANA
ISBN 978-85-85905-21-7
Área
Materiais
Autores
Medeiros, J.V.S. (IFRN) ; Oliveira, A.S. (IFRN) ; Vieira Júnior, J.C.A. (IFRN) ; Sousa, M.I.S. (IFRN) ; Lins, R.F. (IFRN) ; Moura Neto, (IFRN)
Resumo
Galactomananas são polissacarídeos extraídos de sementes e são formadas por uma cadeia principal de β-(1→4)-D-manose com ramificações de α-(1→6)-D- galactopiranose. A Quitosana é um copolímero de β-(1→4)-2-acetoamido-2-desoxi- D-glucopiranose e β-(1→4)-2-amino-2-desoxi-D-glucopiranose, obtida principalmente da desacetilação alcalina da quitina. Por terem propriedades biocompatíveis e biodegradáveis, esses polissacarídeos têm gerado grande interesse na obtenção de materiais para uso biomédicos e este trabalho teve por objetivo a síntese de esferas de galactomanana da Dimorphandra gardneriana e quitosana pelo método da emulsão água/óleo. As esferas obtidas apresentaram diâmetros de 1,1±0,4 mm e o rendimento foi de 51±5%.
Palavras chaves
Dimorphandra gardneriana; Quitosana; Esferas
Introdução
Os polissacarídeos pertencem a uma importante classe dos polímeros naturais e muitos autores têm estudado a relação entre a sua estrutura química e as propriedades físico-químicas destes polímeros, principalmente em solução. A aplicação de materiais poliméricos nos diversos campos da ciência, como na engenharia de tecidos (BI et al., 2011), implantes de próteses (STASIAK et al., 2011), liberação controlada de fármacos e genes (ZENG et al., 2012), proporcionou o desenvolvimento de matrizes poliméricas biocompatíveis e biodegradáveis (AZEVEDO, 2002). Galactomananas são polissacarídeos extraídos de sementes de leguminosas e de algumas fontes de microorganismos, sua estrutura apresenta uma cadeia principal formada por unidades β-(1→4)-D-manose com ramificações de α-(1→6)- D-galactopiranose. A Quitosana é um copolímero de β-(1→4)-2-acetoamido-2- desoxi-D-glucopiranose e β-(1→4)-2-amino-2-desoxi-D-glucopiranose, obtida principalmente da desacetilação alcalina da quitina. Por terem propriedades biocompatíveis e biodegradáveis, esses polissacarídeos têm gerado grande interesse na obtenção de materiais para uso biomédicos. A utilização de polissacarídeos como matrizes para a libertação controlada de fármacos, têm tido sucesso para uma grande variedade de fármacos e substâncias bioativas, incluindo proteínas, enzimas, hormônios e vacinas (COSTA, 2002). E como o Brasil apresenta uma das floras mais diversa do mundo com número superior a 55 mil espécies descritas (22% do total mundial)(BRASIL, 2016).O presente trabalho objetiva sintetizar esferas de galactomanana da Dimorphandra gardneriana e quitosana, e caracterizá-las para futuras aplicações em liberação de um fármaco antimalárico para possível uso biomédicos.
Material e métodos
Materiais A galactomanana da Dimorphnadra gardneriana foi isolada, pelo método descrito por CUNHA et al. (2009), das sementes das vagens que foram coletadas na cidade do Crato – CE, em agosto-setembro de 2006. A amostra de quitosana (QT) utilizada tem massa molar 4,6x105 g/mol com grau de desacetilação de 82% (determinado por RMN 1H), pKa = 6,2, cedida pela Polymar Ind. Ltda Ciência e Nutrição S/A (Fortaleza – CE). Métodos As esferas de galactomanana e quitosana foram sintetizadas pelo método de emulsão água/óleo, a partir de soluções de galactomanana a 1% (m/v) em água destilada e quitosana 1% (m/v) em ácido acético 2%. As soluções preparadas serão misturadas nas razões de 1:1 (v/v) e deixadas sobre agitação magnética por 24 horas, depois a solução será gotejada em óleo de milho comercial pré- aquecido a 50°C sobre agitação, através de uma seringa comum equipada a uma agulha de 21 mm de comprimento e 0,8 mm de diâmetro e deixada sobre agitação magnética por mais 10 minutos, em seguida o sistema será resfriado a 4°C em banho de gelo, filtrado e lavado por várias vezes com acetona P.A. para retirada do excesso de óleo e deixadas para secar por 24 horas. A análise granulométrica das esferas secas foi realizado com o auxílio de um paquímetro, colocou-se em um contador de colônia com fundo preto e algumas microesferas espalhadas e utilizou-se um paquímetro de modo a medir individualmente cada microesfera de galactomanana e quitosana, num total significativo de amostras.
Resultado e discussão
As esferas (Figura 1 e 2) obtidas apresentaram diâmetros de 1,1±0,4 mm e
rendimento de 51±5%. Essas esferas têm diâmetro superior as esferas obtidas
por Souza et al. (2015) com a galactomanana da Delonix regia que
tiveram diâmetros de 1,39 ± 0,77 µm. Mas, apresentaram diâmetros menores que
as esferas obtidas por Esmeraldo (2016) que apresentaram diâmetros variando de
1,35 a 5,03 mm. Portanto, essas matrizes serão estudadas para futuras
aplicações em liberação controlada de fármacos.
Esferas de galactomanana e quitosana.
Esfera visualizada em microscópico eletrônico, aumento de 400 vezes.
Conclusões
Foram obtidas esferas com diâmetros de 1,1±0,4 mm e rendimento de 51±5%. Essas esferas após reticulação com glutaraldeído serão estudada a sua cinética de intumescimento e sua citoxicidade para futuras aplicações na liberação controlada de fármacos.
Agradecimentos
Os autores agradecem ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte pelo suporte financeiro.
Referências
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