PRODUÇÃO DE NANOPARTÍCULAS DE DIÓXIDO DE ESTANHO PELO MÉTODO SOL-GEL MODIFICADO
ISBN 978-85-85905-21-7
Área
Materiais
Autores
Miranda do Nascimento, J. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAPÁ) ; Marcolino de Souza, T. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAPÁ)
Resumo
Nanopartículas de SnO2 foram produzidas através método sol-gel modificado utilizando amido da mandioca como agente quelante e polimerizante. O pH foi ajustado durante a síntese afim de diminuir a aglomeração das nanopartículas. O material obtido foi caracterizado por difração de raios X e o tamanho médio das partículas foi calculado usando o refinamento de Rietveld com auxílio do software MAUD. Os resultados de DRXs indicaram a formação da fase Cassiterita (SnO2) para todas as temperaturas de calcinação, indicando que para as condições adotadas, a técnica empregada permite a produção de nanopartículas de SnO2 com diâmetros médios entre 4 nm e 24 nm.
Palavras chaves
Nanopartículas; SnO2; Sol-Gel
Introdução
O dióxido de estanho é um semicondutor que possui um gap de energia de 3,8 eV à temperatura ambiente (ROCKENBERGER et al., 2000) e pode apresentar alta condutividade elétrica, alta transparência na região do visível, alta estabilidades térmica, mecânica e química. De acordo com a literatura, o SnO2 pode ser sintetizado na forma de filmes finos ou nanopartículas e utilizado para diversas aplicações, tais como: visores de cristais líquidos, eletrodos transparentes para células solares, sensores de gás anti-estático, catalizadores e revestimento anti-corrosão (LIN et al., 1996; GOBBERT et al., 1999). Muitas técnicas vêm sendo utilizadas para a síntese de materiais nanoestruturados, por exemplo: evaporação térmica (SCHLOSSER et al., 1998), precipitação (ABELLO et al., 1998), pirólise (KAKIHANA et al., 1996), hidrotérmica (RISTIC et al., 2002), polimerização complexa (PC) (LEITE et al., 2002), sol-gel (BROUSSOUS et al., 2002) e sol-gel proteico (SOARES et al., 2013). Dentre esses métodos, pode-se destacar o método sol-gel proteico, que possui como principal vantagem a obtenção de sistemas homogêneos com alto grau de pureza, que podem ser calcinados a temperaturas relativamente baixas, permitindo a síntese de óxidos com propriedades bem definidas e controladas. (VIGLIAR et al., 2006). Nanopartículas de óxidos metálico já foram produzidas com sucesso pelo método sol-gel proteico utilizando como agente polimerizante a água de coco (SOARES et al., 2013) e a gelatina (ZILMA, 2011). Neste trabalho, nanopartículas de dióxido de estanho foram sintetizadas pelo método sol-gel modificado utilizando o amido da mandioca (Manihot esculenta) como um novo agente quelante e polimerizante em substituição aos alcóxidos convencionais.
Material e métodos
Um procedimento típico para síntese de nanopartículas de SnO2 é descrito a seguir: (i) dissolução de estanho metálico (Synth, P.A.) em uma mistura de ácido nítrico (HNO3 65%, Biotec, P.A.) e ácido clorídrico (HCl 37%, Synth, P.A.) para obtenção de uma solução contendo íons Sn4+; (ii) neutralização do pH da solução pela adição de hidróxido de amônio (NH4OH, Synth, P.A.) gota a gota sob agitação; (iii) adição de amido da tapioca sob agitação e aquecimento até a formação de um gel; (iv) secagem da amostra em uma estufa a 100°C durante 24 horas. Após o processo de síntese, o material obtido (xerogel) foi homogeneizado e calcinado em diferentes temperaturas, 400°C, 450°C e 500°C, utilizando-se um tempo de patamar de 2h. Finalmente, após o tratamento térmico, as amostras foram lavadas em água destilada sob centrifugação para eliminação de sais residuais. As fases cristalinas foram determinadas utilizando-se difratometria de raios X (DRX). As análises de DRX foram realizadas em um equipamento modelo D2 Phaser (Bruker) utilizando-se um tubo de radiação com anodo de Cu (Kα 1,5406 Å), operado a 30 kV e 10 mA, com 2θ variando entre 10° e 80°, passo de 0,05° e tempo/passo de 0,5s. A identificação das fases do material foi realizada por meio do banco de dados PDF2 do ICDD (International Center for Difraction Data). O cálculo de tamanho de cristalito foi realizado através do método Rietveld de refinamento estrutural (YOUNG, 1993), utilizando o programa MAUD (Materials Analysis Using Difraction) (LUTTEROTTI, 2001).
Resultado e discussão
Os resultados de difração de raios X dos materiais sintetizados pelo método sol-gel modificado utilizando a tapioca como agente quelante após o tratamento térmico em diferentes temperaturas (400, 450 e 500°C) são apresentados na FIGURA 1A. Para todas as amostras produzidas os picos de difração verificados foram associados à estrutura tetragonal simples da Cassiterita (amcsd-0019242) com grupo espacial P 42/mnm. Os picos mais intensos observados correspondem aos planos cristalinos (110), (011) e (121), respectivamente. Esta fase já foi observada a 400°C, indicando que a cristalização de SnO2 iniciou-se em uma temperatura relativamente baixa.
O método de Rietveld foi usado para refinar os parâmetros estruturais de todas as amostras. Um padrão típico de refinamento obtido usando o programa Maud é apresentado na FIGURA 1B. É possível observar que a curva calculada ajustou-se de forma aceitável aos dados experimentais, obtendo uma boa cobertura dos picos e respeitando seus respectivos posicionamentos e os alargamentos basais. Esse mesmo procedimento foi utilizado em todas as amostras.
Com o auxílio do softwere MAUD foi possível calcular o tamanho médio das partículas, que são apresentados na TABELA 1. Para todas as temperaturas de calcinação escolhidas, observo-se que as partículas apresentavam tamanho médio dentro da faixa nanométrica. Adicionalmente, observou-se um crescimento significativo no tamanho médio das particulas com o aumento da temperatura de calcinação.
A: Difratogramas de raios X dos pós de SnO2 calcinados em diferentes temperaturas. B: Gráfico típico obtido após o refinamento de Rietveld.
Tamanho médio dos cristalitos de SnO2 calcinadas em diferentes temperaturas.
Conclusões
Dióxido de estanho nanoestruturado foi produzido com sucesso por meio do método sol-gel modificado utilizando-se amido da mandioca em substituição aos alcóxidos convencionais. Os resultados de difração de raios X dos materiais produzidos indicaram a formação da Cassiterita (SnO2) para todas as amostras. O refinamento de Rietveld dos dados de difração de raios X indicou que a técnica e as condições empregadas permitem a produção de nanopartículas de SnO2 com o tamanho médio de cristalito entre 4 e 24 nm.
Agradecimentos
Os autores agradecem ao CNPq e a Universidade do Estado do Amapá pelo apoio fornecido ao trabalho.
Referências
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