Efeito do óxido de disprósio sobre as propriedades luminescentes em vidro borato
ISBN 978-85-85905-21-7
Área
Materiais
Autores
Carneiro, G.N. (UENF) ; Sampaio, J.A. (UENF) ; Pessanha Medina, E.S. (UENF) ; Vargas, H. (UENF)
Resumo
Vidros aluminoborato de bário dopados com várias concentrações de Dy2O3 seguindo a equação (30-x/2)BaO:(61- x/2)B2O3: 9Al2O3:xDy2O3, x = 0; 0,5; 1,0; 1,5; 2,0 e 2,5 (em %mol) foram preparados pela técnica convencional de fusão e resfriamento e caracterizados através da técnica de fotoluminescência. Três bandas de emissão, no azul (483 nm), no amarelo (575 nm) e no vermelho (664 nm) foram registradas nos espectros de luminescência para as amostras dopadas e excitadas em 348 nm. As coordenadas do diagrama de cores CIE mostrou que as amostras emitem na região da luz branca.
Palavras chaves
Vidro borato; Óxido de Disprósio; Luminescência
Introdução
Vidros boratos têm sido aplicados na fotônica devido suas várias propriedades, tais como, alta transparência, baixo ponto de fusão, estabilidade a altas temperaturas e boa solubilidade dos íons Terras Raras (SHAMSHAD et al.,2017; SWAPNA et al., 2013), e apesar de possuir alta energia de fônon, a elevada energia vibratória no vidro borato não é prejudicial para a emissão dos íons Dy2O3, Tb2O3, Sm2O3 e Eu2O3 (XIONG et al., 2014). Entre estes lantanídeos, o óxido de disprósio tem se tornado promissor devido suas duas bandas de emissão mais intensas na região do visível, o azul (470-570 nm, 4F9/2 → 6H15/2) e o amarelo (560-600 nm 4F9/2 → 6H13/2) (XIONG et al., 2014), podendo assim emitir luz branca com um único íon lantanídeo, pois uma combinação apropriada dessas bandas de luminescência leva à geração de luz branca no vidro (JAYASIMHADRI et al., 2009). A intensidade das emissões no azul e no amarelo dependem da matriz hospedeira, do comprimento de onda de excitação (Jayasimhadri et al., 2009) e da concentração do ativador (Dy) (SHANTA SINGH et al., 2009). Atualmente existem muitos estudos de vidros dopado com disprósio para geração de luz branca como aplicação (SHANMUGAVELU e KUMAR, 2014; RAO, SHANMUGAVELU e KUMAR, 2017; HU et al., 2014). Neste trabalho, vidros boratos dopado com diferentes concentrações de Dy2O3 foram estudados para sua aplicabilidade como fontes emissoras de luz branca.
Material e métodos
Vidros aluminoborato de bário dopados com várias concentrações de Dy seguindo a equação (30-x/2)BaO:(61-x/2)B2O3: 9Al2O3:xDy2O3, x = 0; 0,5; 1,0; 1,5; 2,0 e 2,5 (em % mol) foram preparados pela técnica convencional de fusão e resfriamento. Os reagentes de partida utilizados foram carbonato de bário (99,95% de pureza), ácido bórico (99,99% de pureza), óxido de alumínio (99,997% de pureza) e óxido de disprósio (99,995% de pureza) todos da fabricante Alfa Aesar. As amostras foram pesadas usando uma balança de precisão e em seguida misturadas manualmente. Após misturadas foram fundidas a 1200 ºC em cadinho de platina-ródio (PtRh) no forno elétrico, vertidas em molde de latão a 300 ºC e recozidas durante 3h na temperatura de 500 ºC para que as tensões internas devido a mudança brusca de temperatura fossem atenuadas. Logo em seguida foram cortadas, lixadas e polidas, para serem caracterizadas pela técnica de fotoluminescência. Importante ressaltar que as amostras receberão um acrônimo para facilitar a compreensão. A matriz hospedeira, amostra não dopada, será chamada de BBA e as dopadas serão chamadas de xDyBBA, x representa a concentração de Dy2O3.
Resultado e discussão
Os espectros de emissão dos vidros dopados com íons Dy3+ em
diferentes concentrações são mostrados na Figura 1, em que o comprimento de
onda de excitação foi em 348 nm. Os espectros de emissão exibem picos e 483,
575 e 664 nm que são atribuídos as transições 4F9/2 →
6H15/2, 4F9/2 →
6H13/2 e 4F9/2 →
6H11/2, respectivamente (XIONG et al., 2014;
SHANMUGAVELU e KUMAR, 2014). É possível observar ainda que a intensidade de
emissão aumenta com o aumento da concentração de
Dy2O3, até 0,5% mol.
A combinação apropriada de luz azul e amarelo pode produzir emissão de luz
branca. Para descobrir as coordenadas de cor dos vidros, os espectros de
emissão foram analisados nas coordenadas do diagrama de cromaticidade CIE,
em que a cor de qualquer fonte de luz pode ser obtida por meio de três
variáveis x(λ), y(λ) e z(λ) (funções de
correspondência de cores) através de cálculos (SCHUBERT, 2006).
Na Figura 2 observamos o potencial do vidro 0,5DyBBA na geração de luz
branca através da análise cromatográfica utilizando o diagrama de
cromaticidade no CIE 1931.
Importante ressaltar que as demais amostras
apresentaram a mesma região de cor, utilizamos a amostra dopada com 0,5Dy
como exemplo por ter apresentado a emissão mais intensa. Verifica-se que as
coordenadas de cores de todas as amostras estão na região da luz branca.
Portanto, essas amostras podem ser usadas como materiais emissores de luz
branca.
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Espectros de luminescências das amostras dopadas com diferentes concentrações de óxido de disprósio em função do comprimento de onda.
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Diagrama de cromaticidade xy CIE do espectro de luminescência da amostra dopada com 0,5% mol de óxido de disprósio.
Conclusões
A coordenada de cores CIE dos vidros xDyBBA são encontradas dentro da zona de emissão de luz branca.
Agradecimentos
Os autores agradecem as instituições de fomento CAPES e FAPERJ.
Referências
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