ESTUDO DA HIDROLISE ÁCIDA E ENZIMÁTICA DO AMIDO DA FARINHA DE MANDIOCA
ISBN 978-85-85905-21-7
Área
Bioquímica e Biotecnologia
Autores
Atanázio dos Santos, R. (IFAL - PENEDO) ; de Lima Freitas, M. (IFAL - PENEDO) ; Maria Rosas Garcia Almeida, R. (UFAL)
Resumo
O bioetanol apresenta potencial promissor no mundo inteiro e pode ser produzido a partir de matérias primas açucaradas, celulósicas e amiláceas. Por apresentar elevado teor de amido, a mandioca também pode ser utilizada como matéria prima para produção de etanol, gerando receita e outros benefícios como melhoria na distribuição de renda nas regiões de baixa densidade populacional. Entretanto, as etapas que envolvem a hidrólise do amido, bem como o estabelecimento de condições de processo para maximizar a produção de etanol ainda são tidas como obstáculos a serem vencidos. Nesse contexto, o presente trabalho avaliou a hidrólise ácida e enzimática da farinha de mandioca para obtenção de mosto a ser utilizado na produção de bioetanol.
Palavras chaves
Bioetanol; Hidrólise; Fermentação
Introdução
A produção do etanol representa uma alternativa ecologicamente correta para substituição dos derivados de petróleo, além de ser uma atividade geradora de emprego e renda (SANTOS, 2013). A necessidade de reduzir a dependência da utilização de petróleo, fonte de energia não renovável e de origem fóssil, impulsionou estudos voltados para o desenvolvimento de novas alternativas na produção de combustíveis, como o etanol, que se tornou uma opção eficaz por ser uma fonte renovável. O bioetanol é um combustível obtido por meio da fermentação controlada e da destilação, passando por um processo físico-químico até se transformar em combustível. O etanol pode ser produzido a partir de matérias-primas açucaradas e amiláceas (COSTA, 2010). A mandioca constitui-se importante produto agrícola, destacando o país como o segundo maior produtor mundial (FAO, 2016). Por apresentar elevado teor de amido, que posteriormente pode ser transformado em glicose, a mandioca também pode ser utilizada como matéria- prima para a produção de etanol, gerando receita e outros benefícios (CEREDA, 2001; OLIVEIRA, 2011). A produção de etanol a partir da mandioca acena como uma alternativa, gerando para a indústria não só receita como todos os benefícios mercadológicos de uma indústria limpa. Entretanto, as etapas que envolvem a hidrólise do amido nas matérias primas amiláceas, bem como o estabelecimento de condições de processo para maximizar a produção de etanol ainda são tidas como um obstáculo a ser vencido. Por isso, a busca por aperfeiçoamentos que diminuam os custos de produção bem como a procura por métodos mais eficientes e produtivos são pontos fundamentais para viabilizar a produção de etanol a partir de material amiláceo.
Material e métodos
- Matéria-Prima As farinhas de mandioca utilizadas para as hidrólises foram armazenadas em sacos plásticos, mantidos fechados, protegidos de umidade e insolação direta. Os dois tipos de farinha de mandioca utilizados foram misturadas na proporção 1:1 (p/p) para posterior ensaio de hidrólise. - Hidrólise Ácida A hidrólise ácida do amido da farinha de mandioca foi realizada, baseando-se na metodologia utilizada por Gonçalves et al. (2007), com a utilização de ácido sulfúrico 1% e autoclavagem por 2h a 121°C e 1,0 atm. - Hidrólise Enzimática Para realizar a hidrólise enzimática da farinha de mandioca foi utilizada metodologia descrita por ABUD (1997), com a utilização das enzimas α-amilase BioChemika (50 U/mg) e amiloglicosidase BioChemika (300 U/mL), fornecidas pela SIGMA. - Metodologia Alanítica Foram feitas análises de açúcares redutores (AR) e açúcares redutores totais (ART) da farinha antes e após a hidrólise, assim como a determinação da concentração de amido na mesma com a finalidade de calcular o rendimento das hidrólises. A determinação de amido foi feita utilizando metodologia descrita por Carvalho et al. (2002), utilizando-se a equação: %Amido=(ARTfinal-ARTinicial)*0,9, onde 0,9 é o fator de transformação de açúcares redutores em amido. Os açúcares redutores (AR) foram determinados por espectrofotometria, utilizando o método do DNS (ácido 3,5-dinitrosalicílico) e curva padrão com concentrações conhecidas de glicose. O rendimento em porcentagem (%) dos processos de hidrólise foi calculado utilizando a equação descrita por Oliveira (2011): Rendimento(%)=(AR no hidrolisado/(Amido na farinha+AR inicial))*100.
Resultado e discussão
A mistura das farinhas de mandioca antes dos tratamentos de hidrólise
apresentou concentração de açucares redutores totais (ART) de 39,90 ± 2,48
g/100g de farinha, valor de acordo com os apresentados por Costa (2010), que
chegou aos valores 35,91 e 39,23 g/100g de farinha.
A concentração de amido obtida foi de 76,72%, valor próximo aos apresentados
por Costa (2010), que encontrou 80,35 e 74,01% de amido para as mesmas
farinhas.
Os hidrolisados obtidos apresentaram concentração de açúcar suficiente para as
fermentações, sendo desnecessária a concentração do meio (Figura 1). Observa-
se também que a concentração destes açúcares no hidrolisado enzimático chega a
ser quase o dobro do conseguido com o tratamento ácido. Esse fato destaca a
necessidade de diluição do hidrolisado enzimático para se obter concentrações
mais adequadas para a fermentação.
A Figura 2 apresenta os rendimentos das hidrólises.
A hidrólise enzimática apresentou rendimento superior à ácida. Isso se deve ao
fato da seletividade das enzimas.
Os rendimentos da hidrólise ácida foram superiores aos apresentados por Costa
(2010), que obteve máximo de 60,78% de rendimento na hidrólise dos mesmos
tipos de farinha, utilizando tratamento com ácido sulfúrico 1% em autoclave a
1,5 atm por 1 hora.
Outros autores encontraram variados valores de rendimento de hidrólise ácida,
na sua maioria menores que os encontrados neste trabalho (OLIVEIRA, 2011;
FREITAS et al, 2009; AGU et al, 1997).
Os resultados obtidos com a hidrólise enzimática também foram superiores aos
apresentados por Costa (2010), que obteve 74,07% de rendimento. Leonel e
Cereda (1998) obtiveram rendimento de até 97% na hidrólise de farelo de
mandioca com 6% de amido, utilizando celulase e pectinase como enzimas
complementares à ação das amilases.
Açúcares redutores (AR) e açúcares redutores totais (ART) dos hidrolisados
Rendimentos das hidrólises
Conclusões
A determinação de amido da mistura das farinhas ratificou a presença de amido em alta concentração, 76,72%, estando de acordo com valores apresentados na literatura. A hidrólise da farinha de mandioca gerou açúcar suficiente para as fermentações. Entre os tratamentos de hidrólise empregados, o tratamento enzimático apresentou melhores resultados de rendimento de hidrólise, 98,02 ± 0,26, enquanto o tratamento ácido apresentou rendimento de 80,15% ± 0,78. Assim, conclui-se que os meios obtidos da hidrólise da farinha de mandioca podem ser utilizados para fermentação e produção de bioetanol.
Agradecimentos
Referências
ABUD, A. K. de S. Estudo do comportamento cinético e da estabilidade de uma linhagem recombinante de Saccharomyces cerevisiae no processo de fermentação alcoólica de amiláceos. 1997. Dissertação (Mestrado em Engenharia Química) - Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, São Paulo, 1997.
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CARVALHO, H. H. et al. Alimentos: métodos físicos e químicos de analises. Porto Alegre: UFRGS, 2002. 180 p.
CEREDA, M. P. (Coord.). Série culturas de tuberosas amiláceas latino americanas. São Paulo: Fundação Cargill, 2001. 4 v.
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