ANÁLISE PRELIMINAR DO POTENCIAL NUTRICIONAL DAS MACROALGAS COLETADAS EM MACAU/RN E GUAMARÉ/RN

ISBN 978-85-85905-21-7

Área

Bioquímica e Biotecnologia

Autores

Chagas, R.N. (IFRN) ; Rodrigues, I.E. (IFRN) ; Rodrigues, N.C.S. (IFRN) ; Silva, N.M. (IFRN) ; Cordeiro, S.L. (IFRN) ; Costa, M.S.S.P. (IFRN)

Resumo

Macroalgas possuem na sua composição nutrientes que podem ser alvo da indústria alimentícia. Este estudo teve como objetivo avaliar a composição de macroalgas coletadas nas praias de Camapum, Macau-RN, e Ilha do Presídio, Guamaré-RN relacionando com fatores ambientais. Através do método de análise de composição centesimal, um procedimento analítico que expõe de maneira simplificada o percentual de determinadas substâncias presentes nas amostras estudadas. Os teores de nutrientes obtidos das algas Hypnea musciformes, Caulerpa sertularioides e Caulerpa cupressoides foram obtidos e as algas apresentaram teor de nutrientes elevados se comparadas a alimentos da dieta humana diária.

Palavras chaves

Composição centesimal; ALIMENTOS ; MACROALGAS

Introdução

As macroalgas marinhas são utilizadas em todo o mundo em uma gama de aplicações, no entanto, o seu principal uso é na alimentação humana, principalmente em países orientais (MCHUGH, 2003). O Brasil detém grande diversidade de espécies, sendo que o estado do Rio Grande do Norte possui cerca de 125 espécies de algas marinhas dispostas em 73 gêneros, dos quais 42 pertencem ao filo Rhodophyta, 22 ao filo Chlorophyta e 9 ao filo Phaeophyta (GOMES, 2012). As algas apresentam um elevado valor nutricional, com composição significativa de proteínas, vitaminas, minerais, além de possuírem baixo teor em gordura e polissacarídeos que se comportam, na sua grande maioria, como fibras sem valor calórico, o que faz das macroalgas importante fonte para a nutrição humana (MATANJUN et al., 2009). A determinação da composição química de cada espécie de alga se justifica pelo fato de que ele varia de acordo com a espécie, por exemplo algas vermelhas como a Porphyra yezoensis são ricas em proteínas, enquanto que as algas verdes, como a Ulva lactuca, mostram um nível mais baixo de proteína e algas marrons, tais como L. japonica, tem o conteúdo de proteína ainda mais baixo (FLEURENCE et al. 2012). A composição química das algas ainda pode ser afetada por fatores externos, como localização geográfica, estação do ano e condições ambientais (MOHAMED et al., 2012). Logo, estudos que avaliem o potencial nutricional de macroalgas, influenciados por condições ambientais, são necessários para elucidação de novas fontes ricas em nutrientes para alimentação humana e de animais. Por isto, este trabalho teve como objetivo a analisar a composição química, através do método de composição centesimal, de diferentes espécies de macroalgas, coletadas em diferentes localidades do RN.

Material e métodos

Material biológico: Para este estudo foram escolhidas macroalgas de ocorrência frequente no litoral potiguar, sendo as espécies Hypnea musciformes, Caulerpa sertularioides e Caulerpa cupressoides. As macroalgas foram coletadas durante maré-baixa, observando-se marés entre 0,0-0,3m. Métodos: Quando a coleta foi realizada, a alga foi acondicionada em sacos de polietileno e, em seguida, encaminhada ao laboratório de Botânica, Ecologia e Zoologia do IFRN – Campus Macau, onde foi lavada abundantemente com água para eliminar as sujidades e resíduos de inclusões calcárias que, possivelmente, poderiam interferir nos resultados das análises; e submetidas à secagem em estufa aerada a 50° C. Por fim, a amostra seca foi pulverizada, pesada e depositada em frasco com tampa para que posteriormente, fosse utilizada nos experimentos, cuja realização se deu em triplicata. Determinação da composição centesimal das macroalgas. A determinação da quantidade de proteína bruta presente na alga foi realizada de acordo com recomendações da AOAC (1985), descritas por Santos (2007), pelo método semimicro Kjeldahl. Para verificação do teor de lipídios 1 g da alga pulverizada foi submetido a análise de acordo com o método adaptado por BLIGH; DYER (1959). A determinação da quantidade de cinzas foi realizada de acordo com a recomendação da AOAC (1985), descrita por Fonseca (2001). A quantidade de carboidratos das algas foi estimada por diferença a partir dos demais componentes da composição centesimal, segundo normas da AOAC (1985), descritas por Santos 2007. As descrições e análise crítica dos parâmetros físico e químico seguiram com base as recomendações da resolução nº 357 do CONAMA (2005) (VON SPERLING, 2005).

Resultado e discussão

Foram realizadas as determinações do teor de proteínas, lipídios, cinzas e carboidratos das espécies de macroalgas coletadas na Praia de Camapum - Macau e na Praia Ilha do Presídio Guamaré (Figura 1). Ao analisar a Figura 02-A, observou-se que a macroalga H. musciformis detém o maior teor de proteína bruta entre as algas coletadas. Os resultados apresentados são em suma equivalentes a outras espécies de algas verdes e vermelhas determinados por pesquisadores de potencial nutricional de macroalgas (COSTA, 2010; FLORÊNCIO, 2012; CALADO, 2014; TARBASA et al., 2012; CARNEIRO, 2012). Observou-se que as verdes apresentaram maior quantidade de lipídios que a alga vermelha estudada (H. musciformes) (Figura 2-B). Os dados da literatura mostram que, as macroalgas verdes apresentam níveis superiores de lipídios em relação às macroalgas marrons e vermelhas (SAMPAIO, 2011). O conteúdo de cinzas de uma amostra é definido como o resíduo inorgânico obtido após a queima desse material durante certo tempo, remanescem somente os minerais presentes na amostra (BOLZAN, 2013). Das algas avaliadas a H. musciformis foi a que apresentou maior quantidade de cinzas. Salienta-se que os valores de cinzas observadas nas algas estudadas neste estudo são mais elevados do que a quantidade de cinzas encontradas em alimentos derivados de plantas, tais como, figo 0,4%, tomate cru 0,5%, beterraba 0,9% e morango cru 0,4% (CARNEIRO et al., 2012). Devido a pouca quantidade de alga encontrada e coletada da espécie C. sertularioides não foi possível determinar o teor de cinzas e carboidratos dessa espécie (Figura 02-C). A partir dos dados expostos na Figura 02-D, observou-se que a macroalga C. cupressoides possui um teor de carboidratos superior aos valores apresentados pela H. musciformis.

Figura 1-Delimitação dos pontos dos locais de coleta das algas marinha

Praia de Camapum-Macau/RN (amarelo) e Praia Ilha do Presídio-Guamaré/RN (verde).FONTE: Google Earth

Figura 2-Teores de nutrientes das macroalgas coletadas no RN.

Resultados são expressos em % com base na matéria seca (MS) e são referentes à média de três determinações ± desvio padrão.FONTE:autoria própria.

Conclusões

Foram realizadas coletas de macroalgas em duas praias distintas do Rio Grande do Norte, Praia de Camapum-Macau e praia de Ilha do Presídio-Guamaré. Foi realizada a composição centesimal dessas espécies e observou-se que as mesmas possuem um baixo valor calórico e são ricas em minerais e proteínas. Não foram observadas correlações entre a composição química dessas espécies e os parâmetros ambientais dos locais de coleta durante o período de estudo. Em linhas gerais, os resultados obtidos neste trabalho foram muito importantes para que estas algas possam ser lançadas no mercado alimentício.

Agradecimentos

Agradecemos ao IFRN que através do Edital 06/2016 apoiou o projeto intitulado "Correlação entre parâmetros ambientais e a composição química de macroalgas do RN.

Referências

BOLZAN, Rodrigo Cordeiro. Bromatologia. Universidade Federal de Santa Maria, Colégio Agrícola de Frederico Westphalen, 2013. 81 p. Disponível em: <http://estudio01.proj.ufsm.br> Acesso em: 05 ago. 2015.
CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente (2005). Estabelece a classificação das águas doces, salobras e salinas do Território Nacional. Brasília, SEMA, 2005. Resolução nº 357, de 17 de março de 2005. Ministério do Meio Ambiente, 23p. Brasília, SEMA.
COSTA, M. S. S. P. Efeito da salinidade da água do mar no rendimento, composição e atividades biológicas de frações polissacarídicas da Chlorophyta Caulerpa cupressoides var. flabellata. 2010. 89f. Dissertação (Mestrado em Bioquímica). Programa de Pós-graduação em Bioquímica. Departamento de Bioquímica. Universidade Federal do Rio Grande do Norte -UFRN, Natal, 2010.
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GOMES, D. L. Bioprospecção de extratos metanólicos de macroalgas marinhas do litoral do Rio Grande do Norte: avaliação das atividades anticoagulante, antioxidante e antiproliferativa. 2012. 99 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Biológicas) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte – Natal, RN.
MATANJUN, P. et al. Nutrient content of tropical edible seaweeds, Eucheuma cottonii, Caulerpa lentillifera and Sargassum polycystum. Journal of Applied Phycology, v. 21, p. 75-80, 2009.
MCHUGH, D. J. A guide to the seaweed industry. FAO Fisheries Technical Paper n. 441, Food and Agriculture Organization of the United Nations, Rome, 2003.
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TABARSA, Mehdi et al. Chemical compositions of the marine algae Gracilaria salicornia (Rhodophyta) and Ulva lactuca (Chlorophyta) as a potential food source. Journal Sci. Food Agric., [S.l.], v. 92, p. 2500-2506, mar. 2012.
VON SPERLING, M. Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de esgotos. 3a ed.Belo Horizonte: Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental; Universidade Federal de Minas Gerais; 2005.

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