DADOS ESTATÍSTICOS SOBRE A AUTOMEDICAÇÃO NO MUNICÍPIO DE ITUMBIARA-GO: RISCOS E BENEFÍCIOS DESSA PRÁTICA.
ISBN 978-85-85905-21-7
Área
Bioquímica e Biotecnologia
Autores
Miranda, A.L.N. (INSTITUTO FEDERAL DE GOIÁS - CAMPUS ITUMBIARA) ; Rezende, D.M.L.C. (INSTITUTO FEDERAL DE GOIÁS - CAMPUS ITUMBIARA) ; Rezende, G.A.A. (INSTITUTO FEDERAL DE GOIÁS - CAMPUS ITUMBIARA) ; Silveira, N.J. (INSTITUTO FEDERAL DE GOIÁS - CAMPUS ITUMBIARA)
Resumo
Este trabalho apresenta uma pesquisa realizada nas farmácias de Itumbiara-GO com o intuito de investigar os riscos e benefícios da automedicação da população na cidade, levantando dados estatísticos e buscando avaliar o conhecimento dessa prática. Automedicação consiste na utilização de medicamentos por conta própria ou por indicação de outras pessoas que não sejam médicos. Os medicamentos mais consumidos são a Dipirona e o Dorflex, os motivos que mais levam à compra dos medicamentos são gripe/resfriado e dor de cabeça, o grupo que mais faz uso da automedicação são os adultos. A dificuldade em conseguir atendimento médico foi uma das principais alegações para tal prática, sendo que os amigos e a própria orientação são quem mais prescreve tais medicamentos comprados sem receita.
Palavras chaves
Automedicação; Dados estatisticos; População de Itumbiara-Go
Introdução
A automedicação é uma forma comum de autoatenção à saúde, consistindo no consumo de um produto com o objetivo de tratar ou aliviar sintomas ou doenças percebidas, ou mesmo de promover a saúde, independentemente da prescrição profissional. Para tal, podem ser utilizados medicamentos industrializados ou remédios caseiros (LOYOLA FILHO et al., 2002). Inclui-se nessa designação genérica a prescrição ou indicação de medicamentos por pessoas não habilitadas, como amigos, familiares e mesmo balconistas de farmácia, neste último caso, caracterizando exercício ilegal da medicina (KOVACS; BRITO, 2006). Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, os medicamentos ocupam o primeiro lugar entre os agentes causadores de intoxicação em seres humanos e o segundo lugar nos registros de mortes por intoxicação (SILVA, 2014). Vilarino et al. (1998) constataram que a maioria dos problemas com automedicação está relacionada à intoxicação e às reações de hipersensibilidade ou alergias. Por sua vez, a indústria farmacêutica segue desenvolvendo novos medicamentos para tratar doenças, que poderiam ter sido evitadas adotando hábitos de vida mais saudáveis (BRASIL, 2008). A pesquisa foi realizada na cidade de Itumbiara que está localizada no interior do estado de Goiás, na divisa com o estado de Minas Gerais. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (BRASIL, 2016), a cidade possui cerca 101.544 habitantes. O trabalho teve o objetivo de investigar os riscos e benefícios da automedicação levantando dados estatísticos e avaliando o conhecimento e a prática da automedicação da população de Itumbiara-GO.
Material e métodos
Para a elaboração deste projeto de pesquisa, inicialmente foi realizado um estudo bibliográfico sobre a automedicação e seus respectivos benefícios e malefícios, para isso utilizou-se artigos científicos, livros e pesquisas em sites voltados à saúde e a ciência. Em seguida foi elaborado um questionário como instrumento importante para coleta de dados com profissionais farmacêuticos em todas as farmácias da sede do município de Itumbiara-GO. Em seguida foi feita a apuração estatística dos dados e a confecção de gráficos, sendo assim a respectiva pesquisa foi de cunho quantitativo tendo como base de argumentação referências bibliográficas sobre tais medicamentos. Ao todo foram 36 questionários respondidos pelos farmacêuticos da cidade.
Resultado e discussão
Os principais sintomas que os consumidores reclamam ao chegarem às farmácias
para a compra de remédios sem receituário médico são gripes/resfriados (24
citações), dor de cabeça (22), dor na coluna (15), dores musculares (14),
alergias (7) e dor no estômago (6). No total, foram citados 43 medicamentos
vendidos sem receituário médico, os mais citados foram Dipirona (23
citações), Dorflex (22), Torsilax (17), Gripeol e Anador (12 cada),
Paracetamol (11), Nimesulida (10), Antiácido (9) e Diclofenaco de sódio (7).
Os principais riscos dessa prática, citados pelos próprios farmacêuticos
são: “Riscos de interações com medicamentos de uso contínuo, intoxicação
hepática”; “Choque anafilático”; “Patologias ficarem mais resistentes”;
“Reações alérgicas”; “Mascarar sintomas e sinais de doenças graves”; “Anular
efeito de outro medicamento”. Os dados estão de acordo com Loyola Filho et
al. (2002), que argumentam que o consumo de um produto com o objetivo de
tratar ou aliviar sintomas ou doenças percebidas é o principal motivador
para tal prática. Porém Rosse et al. (2011) fazem uma alerta ao uso
inadequado de analgésicos, o paracetamol por exemplo, de venda livre pode
levar a um grande número de distúrbios e patologias, entretanto, quando
administrado com álcool, pode causar lesão hepática grave, mesmo em doses
relativamente baixas. O grupo que mais faz uso da automedicação são o adulto
(32 citações), seguido dos idosos (12), os adolescentes e jovens.
Pesquisados sobre quem faz a indicação dos medicamentos 21 citaram os
amigos, 14 orientação própria, 12 família, 9 TV/Internet e 3 balconista de
farmácias. Como motivo para a prática, a maioria comentou que os clientes
relatam dificuldades em conseguir atendimento médico, e que os mesmos não
possuem plano de saúde.
Conclusões
Conclui-se que os medicamentos mais comercializados sem receita médica são a Dipirona e o Dorflex. Os relatos dos clientes em terem dificuldades em conseguir atendimento médico, e os mesmos não possuem plano de saúde, destaca- se com isso que a automedicação no Brasil é em decorrência da crise no setor da saúde, pois diversos fatores econômicos, políticos e culturais tem contribuído para o crescimento e a difusão da automedicação no mundo (SILVA; GIUGLIANI, 2004). Com isso, é possível perceber que o perfil obtido em Itumbiara-GO é similar aos que foram obtidos em outras cidades.
Agradecimentos
Ao Instituto Federal de Goiás - Campus Itumbiara, nossa orientadora Profa. Dra. Gláucia Aparecida Andrade Rezende e co-orientador: Prof. MSc. Douglas Messias Lamounie
Referências
BRASIL, Ministério da Saúde, Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA.: A informação é o melhor remédio: O que vale a pena saber sobre a propaganda e o uso de medicamentos, 2008. Cartilha.
BRASIL, Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Cidades, 2016. Disponível em: <https://cidades.ibge.gov.br/v4/brasil/go/itumbiara/ panorama> Acesso em: 5 de Agosto de 2017.
KOVACS, F. T.; BRITO, M. de F. de M. Percepção da doença e automedicação em pacientes com escabiose. Anais Brasileiros de Dermatologia, v. 81, n. 4, p. 335-340, 2006.
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