Quantificação dos ácidos graxos majoritários em grãos de alpiste (Phalaris canariensis)
ISBN 978-85-85905-21-7
Área
Alimentos
Autores
Arcanjo, F.M. (UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ) ; Bedendo, A. (UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ) ; Silva, N.F.P. (UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ) ; Steinmacher, N.C. (UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ) ; Souza, A.H.P. (UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ) ; Justen, E. (CENTRO UNIVERSITÁRIO DINÂMICA DAS CATARATAS) ; Rodrigues, A.C. (UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ)
Resumo
O objetivo foi caracterizar o óleo extraído da farinha integral de alpiste quanto ao perfil dos principais ácidos graxos e sua quantificação, com padrão interno. As análises realizadas foram lipídios totais e conversão dos ácidos graxos em ésteres metílicos de ácidos graxos, com posterior separação e quantificação em cromatógrafo a gás. Nos estudos realizados por outros autores são relatados em ordem decrescente os ácidos graxos linoleico, oleico, palmítico, oleico e alfa-linolênico. O atual estudo foi considerado como majoritários, um total de onze ácidos graxos, com prevalência no somatório de insaturados, o que viabiliza inúmeras aplicações industriais, principalmente, no setor de alimentos, no processamento de produtos emulsionados.
Palavras chaves
Alpiste; ácido alfa-linolênico; cromatografia gasosa
Introdução
O alpiste (Phalaris canariensis) pertencente à família das gramíneas, natural da região do Mediterrâneo. Até a década de 1990, essa planta não era considerada segura para o consumo humano em virtude das espículas (pelos na casca do grão), as quais causam irritação quando entram em contato com a pele ou pulmão humano, além de ser associado ao câncer de esôfago. O problema foi resolvido a partir da mutagênese para criar sementes sem pelos (ESTRADA-SALAS et al; 2013). As sementes de alpiste podem ser utilizadas como planta ornamental, na alimentação para pássaros, como matéria-prima para cola em indústrias têxteis e na alimentação humana aplica-se em sopas, doces e pastéis (BALBI; CAMPOS; ALVES, 2008). A fração lipídica é composta essencialmente por ácidos graxos mono e poli-insaturados (ABDEL-AAL; HUCL; SOSULSKI; 1997). O objetivo do presente estudo foi caracterizar o óleo extraído da farinha integral de alpiste quanto ao perfil dos principais ácidos graxos e sua quantificação, com padrão interno. Deste modo, será possível verificar outras aplicações deste grão e/ou óleo em produtos alimentícios.
Material e métodos
Os lipídeos totais foram extraídos e determinados de acordo com Bligh e Dyer (1959). A preparação dos ésteres metílicos de ácidos graxos foi realizada (EMAG), conforme o método descrito por Hartman e Lago (1973), e adaptado por Maia e Rodriguez-Amaya (1993). Os EMAG foram separados em cromatógrafo a gás, com detector de ionização em chama e coluna capilar de sílica fundida Select FAME 7420 (100 m, 0,25 mm e 0,25 µm d.i. Agilent J&W). As condições cromatográficas para a análise das amostras foram: vazões dos gases de 1,10 mL/min para o gás de arraste (He) e 40 e 400 mL/min para o gás hidrogênio e para o ar sintético da chama, respectivamente. A razão de divisão da amostra foi de 1:50. As injeções foram em triplicata e os volumes injetados foram de 2,0 μL. A identificação dos ácidos graxos foi baseada na comparação dos tempos de retenção com os EMAG da mistura padrão. As quantificações foi efetuada em relação ao padrão interno, tricosanoato de metila (23:0) de concentração 1,0 mg/mL em iso-octano. A adição do padrão interno foi realizada no tubo de esterificação, em seguida o solvente foi evaporado em fluxo de nitrogênio e efetuado a derivatização da fração lipídica no mesmo tubo. Para a determinação da quantidade dos ácidos graxos identificados nas amostras, em mg/100 g de amostra, procedeu-se como descrito por Visentainer e Franco (2006). Todos os resultados foram realizados em triplicata, com a realização das médias e desvio-padrão para cada ácido graxo majoritário quantificado.
Resultado e discussão
Os principais ácidos graxos da farinha de alpiste constam na Tabela 1. Os
grãos de alpiste apresentou um teor de 5,5% de lipídios totais. Abdel-Aal,
Hucl e Sosulski (1997) obtiveram um valor superior na ordem de 7,7% de óleo
total de massa dos grãos de alpiste. Os autores relataram como ácidos graxos
majoritários em ordem decrescente: o ácido linoleico (18:2n-6), com 55%; o
ácido oleico (18:1n-9) perfaz um total de 29%; o ácido palmítico (16:0)
correspondeu 11%; e o ácido alfa-linolênico (18:2n-3), com 2,5% no total de
óleo. Os autores consideram apenas cinco ácidos graxos como principais,
enquanto que neste trabalho foi possível quantificar, um total de onze
ácidos graxos. Essa disparidade pode ser explicada, devido a diferentes
metodologias de derivatização que foram usadas, o método para quantificação
ou expressão dos resultados, a sensibilidade do detector ou ainda o tipo de
coluna (fase estacionária diferente, tamanho da coluna, entre outros),
obtiveram importante influência sobre os resultados. Ressalta-se que houve
uma prevalência no conteúdo de ácidos graxos mono e poli-insaturados, o que
permitirá várias aplicações industriais, nos setores de alimentos,
farmacêutico, cosméticos, combustível verde, entre outros.
Conclusões
O conteúdo lipídico da farinha integral de alpiste obteve um número maior de ácidos graxos majoritários, quando comparado com a literatura. O relatado por outros autores houve uma prevalência no teor total de ácidos graxos insaturados, o mesmo foi confirmado no atual estudo, o que viabiliza novas aplicações industriais, principalmente na área de alimentos, em especial de produtos emulsionados.
Agradecimentos
Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Programa de Pós-graduação em Tecnologia de Alimentos, Instituto Federal do Mato Grosso do Sul, CNPq, Capes, Fund Araucária
Referências
ABDEL-AAL, E. S. M.; HUCL, P. J.; SOSULSKI, F.W. Structural and Compositional Characteristics of Canaryseed (Phalaris canariensis L.). Journal of Agricultural and Food Chemistry, 45, 3049-3055, 1997.
BALBI, A. P. C.; CAMPOS, K. E.; ALVES, M. J. Q. F. Efeito hipotensor do extrato aquoso de alpiste (Phalaris canariensis L.) em ratos. Revista Brasileira de Plantas Medicinais, 10,3, 51-56, 2008.
BLIGH, E. G.; DYER, W. J. A rapid method of total lipid extraction and purification. Canadian Journal of Biochemistry and Physiology, no. 8, 37, 911-917, 1959.
ESTRADA-SALAS, P. A.; MONTERO-MORÁN, G. M.; MARTÍNEZ-CUEVAS, P. P.; GONZÁLEZ, C.; DE LA ROSA, A. P. Characterization of Antidiabetic and Antihypertensive Properties of Canary Seed (Phalaris canariensis L.) Peptides. Journal of Agricultural and Food Chemistry, 62, 427−433, 2014.
HARTMAN, L.; LAGO, R. C. A. Rapid preparation of fatty acid methyl esters from lipids. Laboratory Practice, 22, 475-477, 1973.
MAIA, E. L.; RODRIGUES-AMAYA, D. B. R. Avaliação de um método simples e econômico para a metilação de ácidos graxos com lipídios de diversas espécies de peixes. Revista do Instituto Adolfo Lutz, 27-35, 53(1/2), 1993.
VISENTAINER, J. V.; FRANCO, M. R. B. Ácidos graxos em óleos e gorduras: Identificação e quantificação. São Paulo. Barela, 11-17, 99-119, 2006.