Quantificação dos ácidos graxos majoritários em grãos de níger (Guizotia abyssinica)

ISBN 978-85-85905-21-7

Área

Alimentos

Autores

Arcanjo, F.M. (UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ) ; Bedendo, A. (UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ) ; Silva, N.F.P. (UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ) ; Steinmacher, N.C. (UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ) ; Souza, A.H.P. (INSTITUTO FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL) ; Torquato, A.S. (UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ) ; Matsushita, M. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ) ; Rodrigues, A.C. (UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ)

Resumo

O objetivo foi caracterizar o óleo extraído da farinha integral de grãos de níger quanto ao perfil dos principais ácidos graxos e sua quantificação, com padrão interno. As análises realizadas foram lipídios totais e conversão dos ácidos graxos em ésteres metílicos de ácidos graxos, com posterior separação e quantificação em cromatógrafo a gás. Nos estudos realizados por outros autores são relatados em ordem decrescente os ácidos graxos linoleico, palmítico, oleico e esteárico. No presente estudo foi considerado como majoritários, um total de onze ácidos graxos, com prevalência no somatório de insaturados (mono e poli-insaturados), o que viabiliza inúmeras aplicações industriais, nos setores de alimentos, farmacêutico, cosméticos, combustível verde, entre outros.

Palavras chaves

Níger; ácido linoleico; cromatografia gasosa

Introdução

O níger (Guizotia abyssinica) é um grão oleaginoso, com significativo valor comercial, principalmente na Índia e Etiópia em função da extração do óleo, deste grão ser utilizado em produtos alimentícios. Destaca-se o emprego desse grão como matéria-prima na ração de pássaros, como insumo na produção de sabonetes, tintas, artigos de iluminação, lubrificantes e, potencial uso como biodiesel. A planta pertencente à mesma família botânica do girassol e cártamo (Compositae), caracteriza-se por uma dicotiledônea, bem ramificada e pode alcançar até 2 m de altura. Os grãos de níger possuem entre 30-50% de sua massa é constituída de ácidos graxos, em especial, pelos ácidos graxos linoleico, oleico, esteárico e palmítico (RAMADAN, 2011). Este trabalho teve como objetivo caracterizar o óleo extraído da farinha integral de níger quanto ao perfil dos principais ácidos graxos e sua quantificação, com padrão interno. Assim, será possível verificar nos novos potenciais de aplicação deste grão ou seu respetivo óleo em produtos alimentícios.

Material e métodos

Os lipídeos totais foram extraídos e determinados de acordo com Bligh e Dyer (1959). A preparação dos ésteres metílicos de ácidos graxos foi realizada (EMAG), conforme o método descrito por Hartman e Lago (1973), e adaptado por Maia e Rodriguez-Amaya (1993). Os EMAG foram separados em cromatógrafo a gás, com detector de ionização em chama e coluna capilar de sílica fundida Select FAME 7420 (100 m, 0,25 mm e 0,25 µm d.i. Agilent J&W). As condições cromatográficas para a análise das amostras foram: vazões dos gases de 1,10 mL/min para o gás de arraste (He) e 40 e 400 mL/min para o gás hidrogênio e para o ar sintético da chama, respectivamente. A razão de divisão da amostra foi de 1:50. As injeções foram em triplicata e os volumes injetados foram de 2,0 μL. A identificação dos ácidos graxos foi baseada na comparação dos tempos de retenção com os EMAG da mistura padrão. As quantificações foi efetuada em relação ao padrão interno, tricosanoato de metila (23:0) de concentração 1,0 mg mL-1 em iso-octano. A adição do padrão interno foi realizada no tubo de esterificação, em seguida o solvente foi evaporado em fluxo de nitrogênio e efetuado a derivatização da fração lipídica no mesmo tubo. Para a determinação da quantidade dos ácidos graxos identificados nas amostras, em mg/100g de amostra, procedeu-se como descrito por Visentainer e Franco (2006). Todos os resultados foram realizados em triplicata, com a realização das médias e desvio-padrão para cada ácido graxo majoritário quantificado.

Resultado e discussão

Os ácidos graxos majoritários da farinha de níger estão listados na Tabela 1. O teor de lipídios totais da farinha de níger foi de 30% em massa da amostra. Ramadan (2011) em seu estudo de revisão conseguiu encontrar uma variação de 30-50% do total de massa dos grãos de níger é óleo. O autor completa que os ácidos graxos em maior proporção na fração lipídica foram em ordem decrescente: o ácido linoleico (18:2n-6), com 63,0-79,2%; o ácido palmítico (16:0) variou de 8,0-16,9%; o ácido oleico (18:1n-9) perfaz um total de 5,9-11,0%; e o esteárico (18:0), com 5,6-8,1% no total de óleo. Estes ácidos graxos são os principais relatados na literatura. No presente estudo foi considerado como majoritários, um total de onze ácidos graxos. Isso difere do relatado em outras pesquisas, o que pode ser decorrentes das diferentes metodologias de derivatização empregadas, o método para quantificação ou expressão dos resultados, a sensibilidade do detector ou ainda o tipo de coluna (fase estacionária diferente, tamanho da coluna, entre outros), podem ter influenciado nos resultados. Ressalta-se que houve uma prevalência no conteúdo de ácidos graxos insaturados (mono e poli- insaturados), o que viabiliza inúmeras aplicações industriais, nos setores de alimentos, farmacêutico, cosméticos, combustível verde, entre outros. Além dos ácidos graxos, que compõe a fase oleosa desta farinha, os níveis de tocoferol (720-935 μg/g) são elevados, sendo que 90% correspondem ao isômero α-tocoferol, um antioxidante que aumenta a estabilidade do óleo e atua na prevenção de doenças cardiovasculares e processos inflamatórios de maneira geral (GELETA; STYMNE; BRYNGELSSON, 2011).




Conclusões

A fração lipídica da farinha integral de níger apresentou um número maior de ácidos graxos majoritários, frente aos relatados na literatura. Assim, como relatado por outros autores houve uma prevalência no teor total de ácidos graxos insaturados, o que viabiliza inúmeras aplicações industriais, inclusive na área de alimentos. Além disso, existe uma quantidade significativa de tocoferóis no óleo.

Agradecimentos

Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Programa de Pós-graduação em Tecnologia de Alimentos, Instituto Federal do Mato Grosso do Sul, CNPq, Capes, Fund Araucária

Referências

BLIGH, E. G.; DYER, W. J. A rapid method of total lipid extraction and purification. Canadian Journal of Biochemistry and Physiology, no. 8, 37, 911-917, 1959.

GELETA, M.; STYMNE, S.; BRYNGELSSON, T. Variation and inheritance of oil content and fatty acid composition in niger (Guizotia abyssinica). Journal of Food Composition and Analysis, 24, 995–1003, 2011.

HARTMAN, L.; LAGO, R. C. A. Rapid preparation of fatty acid methyl esters from lipids. Laboratory Practice, 22, 475-477, 1973.

MAIA, E. L.; RODRIGUES-AMAYA, D. B. R. Avaliação de um método simples e econômico para a metilação de ácidos graxos com lipídios de diversas espécies de peixes. Revista do Instituto Adolfo Lutz, 27-35, 53(1/2), 1993.

RAMADAN, M. F. Functional properties, nutritional value and industrial applications of niger oilseeds (Guizotia abyssinica Cass.). Journal Critical Reviews in Food science and Nutrition, 52, 1–8, 2012.

VISENTAINER, J. V.; FRANCO, M. R. B. Ácidos graxos em óleos e gorduras: Identificação e quantificação. São Paulo. Barela, 11-17, 99-119, 2006.

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