EXTRAÇÃO E AVALIAÇÃO QUÍMICA DO ÓLEO DE PALMISTE (Elaeis guineenses) E CHIA (Salvia hispanica L.)

ISBN 978-85-85905-21-7

Área

Alimentos

Autores

Navarro, L.A.O. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE) ; Silva, E.V. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE) ; Matos, J.L. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE) ; Andrade, R.A.N. (INSTITUTO FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE)

Resumo

Os óleos vegetais são gorduras extraídas de plantas, principalmente de suas sementes. Quimicamente são formados pela união de três moléculas de ácidos graxos e uma molécula glicerol, sendo insolúveis em água, mas solúveis em solventes orgânicos. Alguns métodos analíticos são utilizados para analisar a qualidade do óleo extraído e caracterizá-lo do ponto de vista funcional e de conservação. Dentre estes se destacam o índice de acidez, índice de saponificação e o índice de peróxido. Este trabalho teve como objetivo extrair e avaliar a qualidade química dos óleos de palmiste e de chia. Os resultados mostraram que os óleos de analisados se enquadraram dentro dos recomendados pelos órgãos regulamentadores de Identidade e Qualidade de Óleos e Gorduras.

Palavras chaves

óleo de palmiste; óleo de chia; características químicas

Introdução

Os óleos vegetais são substâncias líquidas insolúveis em água, produzidas por plantas oleaginosas e utilizados por vários setores, como na indústria química, farmacêutica, cosmética e de alimentos. (GUEDES, 2006). Segundo Lody (2009), o dendezeiro destaca-se entre as oleaginosas por apresentar a maior produção de óleo por unidade de área. Além disso, produz dois óleos com caracterização visual e composições químicas diferentes, o da polpa, designado de óleo de palma, e o da amêndoa, chamado de óleo de palmiste. De acordo com MAPA (2011), o mesocarpo contém em torno de 20-22% de óleo (palma) enquanto que a amêndoa pode alcançar um teor de até 55% de óleo palmiste. O óleo de palmiste, por sua alta qualidade e elevados teores de ácidos láuricos e mirísticos, encontra aplicação semelhante à do óleo de copra, ou seja, na fabricação de sabonetes, detergentes, pomadas, maioneses entre outros podendo, também, ser utilizado na produção de chocolate, como substituto da manteiga de cacau. A chia (Salvia hispanica L.) é uma planta herbácea pertencente à família Lamiaceae. É considerada como boa fonte de gordura poli-insaturada, de ômega-3 e de ômega-6, assim como de fibras e proteínas, e apresenta altos teores de compostos fenólicos com atividade antioxidante. Assim, este trabalho teve como objetivo extrair e avaliar a qualidade química dos óleos de palmíste e da chia.

Material e métodos

As amêndoas de dendê foram coletadas na Escola Agrícola de Jundiaí e as sementes de Chia adquiridas em supermercado local, ambas na cidade de Macaíba/RN. Após a coleta, os frutos de dendê foram transportados em bandejas até o laboratório de Análise Físico-química – LAFQA/EAJ/UFRN para devida higienização e sanitização em solução de hipoclorito 200 ppm por 15 minutos. Em seguida foram despolpados com auxílio de uma faca inox para a retirada da amêndoa. Depois de obtida, as amêndoas do dendê, assim como a semente de chia, foram trituradas e acondicionadas em frasco de vidro e armazenadas em freezer. Para obtenção dos óleos foi utilizado o extrator de soxhlet em fluxo continuo por 6 horas, tendo o hexano como solvente, de acordo com a metodologia oficial do Instituto Adolfo Lutz (2008). óleos extraídos foram armazenados em frasco âmbar sob refrigeração até o dia das análises. Os parâmetros químicos avaliados foram: Índice de acidez (I.A), Índice de peróxido (I.P) e Índice de saponificação (I.S), todas as análises foram realizadas em triplicatas de acordo com as normas do Instituto Adolf Lutz (2008).

Resultado e discussão

Índice de Acidez (I.A): O índice de acidez dos óleos estudados apresentaram valores de 3,14 e 6,31 para óleo de palmiste e chia, respectivamente. Conforme a Legislação o óleo de chia apresentou valores superiores ao estabelecido que é no máximo de 5% em ácido oleico para óleos brutos (BRASIL, 2005). Porém, Alcântara (2006) encontrou em óleo de chia valor de 1,20 g ácido oleico/100 g óleo. Não foi encontrado na literaturara estudos relacionados a qualidade do óleo de palmiste. Índice de Saponificação (I.S.): O valor de saponificação obtido foi 249,96 mg KOH/g para o óleo de palmiste e 191,71 mg KOH/g para o óleo de chia. Este parâmetro indica o comprimento médio da cadeia de ácido graxo presente em uma amostra, quanto maior o comprimento, menor é a quantidade de álcali absorvido (Penfield & Campbell, 1990), assim um óleo com um comprimento de cadeia pequena como óleo de coco, o valor de saponificação varia de 248-265 mg KOH/g óleo, já para um óleo de cadeia maior como girassol esse valor varia de 188-194 mg KOH/g óleo (BRASIL, 2005). Estudo realizado por Santos et al (2016), encontrou valor de 192,86 para o óleo de chia, valor bem próximo ao encontrado neste estudo. Índice Peróxido (I.P.): De acordo com a legislação, óleos e gorduras devem apresentar um índice de peróxido máximo de 10 meq peróxido/kg de óleo (ANVISA, 2004), enquanto para óleos prensados a frio esse valor deve ser no máximo 15 meq peróxido/kg de óleo (ANVISA, 2005). Os valores médios de peróxido foram 5,6 meq peróxido/kg óleo para palmiste e 9,2 meq peróxido/kg óleo para chia. As amostras apresentaram índices elevado de peróxido, principalmente a semente de chia, indicando que o processo de extração provocou um pouco de oxidação no óleo.

Rendimento e parâmetros químicos de óleo de palmiste e chia.



Conclusões

As análises realizadas nos óleos palmiste e de chia indicam que estes apresentaram valores condizentes com os valores preconizados pela legislação vigente, indicando portanto que tais óleos possuem características química semelhantes aos óleos comestíveis podendo então serem utilizados na fabricação de alimentos como também no consumo humano.

Agradecimentos

Referências

ALCÂNTARA,M.A.Chia (Salvia hispanica L.): potencial antioxidante, nutricional e funcional. Tese (Tese em Ciência e Tecnologia de Alimentos).143p. Universidade Federal de Paraíba, João Pessoa - PB. (2016).

BRASIL. ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC 270 de 22 de setembro de 2005. Regulamento Técnico Para Óleos Vegetais, Gorduras Vegetais e Creme Vegetal. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br. Acesso em: 07 agosto. 2017.

IAL - Instituto Adolfo Lutz (São Paulo). Métodos Físico-químicos para Análise de Alimentos /coordenadores Odair Zenebon, Neus Sadocco Pascuet e Paulo Tiglea - São Paulo: Instituto Adolfo Lutz, 2008 p. 1020.

LODY, R. G. da M. Dendê: símbolo e sabor da Bahia. Editora Senac São Paulo, 2009. 149p

MAPA. Anuário Estatístico da Agroenergia - 2010. Brasília: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – Brasil, 2011. 160p.

GUEDES, A. M. M.. Estudo da extração de óleo da polpa de tucumã por CO2 supercrítico. Dissertação (Mestrado em ciência e tecnologia de alimentos). 78p. Universidade Federal do Pará, Belém – PA. (2006)

PENFIELD, M. P., & CAMPBELL, A. M. Experimental food science (3rd ed.). San Diego, Academic Press. (1990)

SANTOS,A.C.F;LEHN,D.N;SOUZA,C.F.V. UTILIZAÇÃO DE DIFERENTES COPRODUTOS LÁCTEOS COMO MATRIZES ENCAPSULANTES DE ÓLEO DE CHIA.XXV Congresso de Ciência e Tecnologia de Alimentos. Gramado.2016.

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