JOGO DIDÁTICO “QUEBRA-CABEÇA” NO ENSINO DA SÍNTESE DE COMPOSTOS ORGÂNICOS PARA DEFICIENTES VISUAIS
ISBN 978-85-85905-21-7
Área
Alimentos
Autores
Cunha, J.N.F. (IFMT - BELA VISTA) ; Souza, A.B.A. (IFMT - BELA VISTA) ; Souza, A.F.S. (IFMT - BELA VISTA) ; Sasaki, K.M. (IFMT - BELA VISTA) ; Silva, M.E. (IFMT - BELA VISTA)
Resumo
Nas últimas décadas, os jogos didáticos vêm ganhando espaço nas salas de aulas proporcionando um aprendizado eficiente e tornando as aulas mais dinâmicas. Na educação inclusiva este também tem se apresentado eficaz. Neste intuito, o presente trabalho tem como objetivo apresentar a confecção de um jogo didático inclusivo de quebra cabeça para o ensino de síntese orgânica, realizado no Instituto Federal de Mato Grosso campus Bela Vista. Verificou-se que o jogo proporcionou uma maior interação entre alunos e diante dos testes realizados os resultados foram satisfatórios.
Palavras chaves
Jogos Didáticos; Inclusão; Ensino de Química
Introdução
No mundo contemporâneo, é cada vez mais cobrado uma sociedade justa e igualitária. Tanto é assim que o conceito de inclusão social foi desenvolvido, ganhando grandes proporções na década de 1990, buscando valorizar a diversidade humana, o direito de pertencer, bem como a importância das minorias (WIEVIORKA, 2005). No Brasil a inclusão dos alunos com deficiência no ensino regular de ensino, procedeu-se por meio da Lei de Diretrizes e Bases da Educação, lei 9394 de 1996 (BRASIL, 1996). Para Uliana e Mol (2016), a educação inclusiva assegura que todos discentes devem ter o mesmo ensino, aprendendo juntos sem distinção. No ensino das Ciências os professores têm encontrado obstáculos para garantir uma aprendizagem eficaz para os alunos, e essa dificuldade aumenta quando estes apresentam alguma deficiência. A compreensão dos conteúdos é complexa, principalmente na área de Química. Para estimular o interesse dos discentes é necessário que os docentes busquem práticas diferenciadas, que auxiliem no processo de aprendizagem dos alunos, como a utilização e desenvolvimento de jogos e outros recursos didáticos. (SOARES et al., 2003). Os jogos proporcionam uma maior assimilação dos conteúdos de uma forma prazerosa e divertida, além de oferecer ao professor uma maneira diferente de avaliar a aprendizagem dos alunos. (ZANON et al., 2008). Dessa forma, o presente trabalho teve como objetivo confeccionar um jogo de quebra cabeça para o ensino de síntese orgânica aos discentes com e sem deficiência visual.
Material e métodos
O jogo didático de quebra-cabeça foi realizado por discentes do curso técnico Integrado em Química, na disciplina de Síntese Orgânica do Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT), campus Cuiabá- Bela Vista no período de maio a junho de 2017. Este foi desenvolvido com intensão de incluir os deficientes visuais e facilitar o processo de ensino aprendizagem.Para a confecção utilizou-se papelão, papel cartão, cola relevo, cola branca e strass de pérola de diferentes tamanhos para a montagem do protótipo de um quebra cabeça linear longitudinal. Determina-se que o strass de tamanho maior representa o átomo de carbono, o médio representa o oxigênio e o menor deles representa o hidrogênio, sendo perceptível ao tato. As reações escolhidas foram: Oxidação branda (eteno formando etanodiol), Oxidação energética (2-metilbut-2-eno produzindo a propanona e ácido etanoico) e Hidratação (eteno e água formando o etanol), estas foram divididas em peças, sendo encaixáveis entre si. Foram realizados testes com alunos normovisuais vendados para analisar se era possível a identificação das reações e a eficiência do jogo didático.Vale ressaltar que o presente jogo montado é um protótipo artesanal e, se produzido em grande escala, os materiais utilizados poderiam ser substituídos.
Resultado e discussão
O jogo confeccionado com materiais de baixo custo e de fácil acesso, foi
apresentado em sala de aula para os discentes do sétimo semestre do curso
técnico integrado em Química do IFMT – Campus Cuiabá – Bela Vista no mês de
julho de 2017. O teste realizado com alunos normovisuais foi considerado
satisfatório e eficaz. Notou-se uma maior interação entre esses alunos diante
dos testes realizados, mesmo não possuindo o sentido do tato aguçado, como os
deficientes visuais, conseguiram compreender as transformações químicas.
Acredita-se que o jogo quebra-cabeça da síntese orgânica contribuirá
significativamente no aprendizado dos discentes com deficiência visual,
despertando o interesse e proporcionando um aprendizado sólido e mais
eficiente, de fato uma inclusão. Verificou-se que ao valorizar a formação
inicial e continuada, pessoas que priorizam o investimento em inclusão,
possibilitam o investimento em pesquisas direcionadas à aprendizagem ou à
construção do conhecimento de alunos portadores de deficiência visual,
promovendo a valorização do professor que busca uma didática educativa,
comprometida utilizando maneiras metodológicas indispensáveis para a inclusão
de modo responsável. (LIPPE, CAMARGO, 2009).
eteno formando etanodiol
Conclusões
Pode-se concluir que o jogo didático quebra cabeça de síntese orgânica, é um material didático de suma importância que colaborará na inclusão dos deficientes visuais no ensino da química orgânica, além de favorecer a aprendizagem de forma mais simples e proporcionar um maior entretenimento entre os alunos.
Agradecimentos
Referências
BRASIL. Lei n.º 9.394, de 20 dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial da União, Brasília, 23 dez. 1996.
PIMENTA, Selma G. (Ed). Saberes pedagógicos e atividade docente. 2ª ed. São Paulo: Cortez, 1999. 248p.
LIPPE, E. M. O., CAMARGO, E. P. Ensino de Ciências e alunos com deficiência visual: uma investigação sobre como os conteúdos são abordados no ensino fundamental no município de Bauru. In: Reunião Técnica do Programa de Pós Graduação em Educação para a Ciência, Área de Concentração Ensino de Ciências, XI. Anais – CD -ROM. Bauru: UNESP, 2009e.
SOARES, M. H. F. B.; OKUMURA, F.; CAVALHEIRO, T. G. Proposta de um jogo didático para ensino do conceito de equilíbrio químico. Química Nova na Escola, n. 18, p. 13-17, 2003. 17.
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