DETERMINAÇÃO DO TEOR DE FERRO EM DIFERENTES VARIEDADES DE FEIJÃO ATRAVÉS DA ESPECTROMETRIA DE ABSORÇÃO ATÔMICA POR CHAMA.
ISBN 978-85-85905-21-7
Área
Alimentos
Autores
Oliveira, R.P. (UECE) ; Augusto, N.S. (UECE) ; Silva, N.A. (UECE) ; Magalhães, C.E.C. (UECE)
Resumo
O ferro é um elemento muito abundante no organismo humano, no qual pode ser encontrado como parte constituinte de diversos alimentos, inclusive integrante dos vegetais. Neste trabalho, determinou-se o teor de ferro em sementes de feijão de diferentes espécies por espectrometria de absorção atômica com chama. Foram analisadas cinco variedades de feijão frequentemente consumidas na cidade de Fortaleza-CE e conhecidas popularmente por Feijão Branco, Feijão Carioca, Feijão de Corda, Feijão Preto e Feijão Verde. Dentre as variedades analisadas a que apresentou maior concentração de ferro foi o Feijão Preto, com 8,71 mg/100g, logo seguido do Feijão Carioca, 7,47 mg e do Feijão Branco com 4,93 mg. Os feijões do tipo Verde e de Corda apresentaram teor de ferro inferior a 4,0 mg.
Palavras chaves
Vegetal; Ferro; Feijão
Introdução
A deficiência de minerais na alimentação da população mundial ainda é um grave problema de saúde pública. Estima-se que cerca de 3 bilhões de pessoas sofrem com a má nutrição de micronutrientes, essenciais ao bem-estar (WELCH; GRAHAM, 2004; WHITE; BROADLEY, 2009). O ferro é um microelemento abundante no organismo humano, estando associado à boa nutrição e ao bom funcionamento do corpo humano. Por se tratar de um importante elemento para o organismo sua deficiência acarreta inúmeras falhas em funções cujo ferro desempenha papel fundamental. A anemia é uma das causas da deficiência de ferro no organismo. No Brasil ela é considerada um grave problema de saúde que ataca as demais fases da vida do indivíduo (LÖNERDAL, DEWEY, 1996). Dentre as principais consequências de deficiência de Ferro estão o comprometimento do sistema imune, com aumento da predisposição a infecções; aumento do risco de doenças e mortalidade perinatal para mães e recém- nascidos, diminuição da capacidade de aprendizagem em crianças e menor produtividade em adultos. Por isso há necessidade de conhecer melhor os alimentos que consumimos, pois uma variedade deles apresenta o ferro na sua constituição e através de uma alimentação balanceada é possível obter-se diminuição desta deficiência. Grande parte da população consome o feijão na sua dieta. O vegetal se classifica no grupo que apresenta o ferro em sua composição, logo, seu consumo proporciona benefícios para a saúde. Portanto os grãos da leguminosa são considerados um alimento integral, que apresenta inúmeros nutrientes essenciais à alimentação. Portanto, este trabalho tem como objetivo a determinação do teor de ferro em diferentes variedades de feijão e analisar as diversas variedades deste vegetal.
Material e métodos
As 5 amostras foram adquiridas no mercado local da cidade de Fortaleza. Primeiramente, a digestão da amostra foi feita por via seca, ou seja, as amostras foram levadas a calcinação em forno mufla submetidos a temperatura de 550°C durante 4 horas para obtenção das cinzas inorgânicas e destruição da matéria orgânica. As cinzas obtidas foram submetidas à extração da matéria inorgânica por meio de tratamento com aproximadamente 3 mL da solução de Ácido Nítrico 8M e filtradas para obtenção das cinzas solúveis. Depois foram levadas ao balão volumétrico de 50 mL e este teve seu volume aferido com água destilada. Para determinação de umidade, as amostras foram colocadas em estufa e em seguida foi feito a pesagem até valor constante. Para a construção da curva de calibração de ferro preparou-se um padrão intermediário de ferro em 10 mg/L a partir da solução estoque de 1000 mg/L J. T. Baker; Phillipsburg – EUA. Para essa preparação pipetou-se 0,25 mL da solução estoque 1000 mg/L em um balão volumétrico de 25 mL em seguida aferiu-se o volume com água destilada. Os demais padrões foram preparados em balões volumétricos de 5 mL a partir do padrão intermediário de 10 mg/L. E então, após preparo adequado das amostras de feijão, estas foram analisados em um espectrofotômetro de absorção atômica por chama (FAAS)(Shimadzu, model AA- 7000).
Resultado e discussão
Observando os dados apresentados na Figura 1(A), em meio as diferentes
espécies de feijão analisadas, notou-se que apenas o feijão verde apresentou
o seu valor umidade mais acentuado. Este aumento pode ser possivelmente
explicado devido ao fato de exclusivamente, o feijão verde ser colhido antes
de maduro, visto que, o processo de maturação é o período em que se inicia o
processo de desidratação dos grãos. Pôr a espécie ser colhida antes da
desidratação o vegetal torna-se mais úmido que os demais e consequentemente
seus valores de umidade são mais elevados, aproximadamente 77,57%. Na Figura
1(B) estão expressos os resultados dos teores de cinzas para cada amostra de
feijão.
Dentre as variedades analisadas a que apresentou maior concentração de ferro
foi o Feijão Preto, seguido do Feijão Carioca e Feijão Branco, Figura 2. A
menor concentração de ferro foi encontrada no Feijão de corda, que
apresentou uma média de apenas 3,42 ± 0,29 mg/100g, o que representa
aproximadamente 40% do teor de ferro encontrado no Feijão preto. Dados do
IBGE (1999) descreve que feijão seco (Phaseolus vulgaris L.) contém
aproximadamente 7,6 mg de ferro em cada 100 g de amostra, mostrando
concordância com os valores obtidos no estudo.
Conclusões
Através da metodologia de FAAS foi possível determinar com eficiência as quantidades de ferro em cada variedade de feijão. O Feijão Preto foi o que apresentou a maior concentração do mineral, 8,71 mg. Os feijões Branco, Verde e de Corda apresentaram teor de ferro abaixo de 5,0 mg. Desta forma, torna-se importante a análise química de alimentos de origem vegetal afim de verificar e quantificar inúmeros nutrientes que são essenciais na alimentação diária, como o ferro, que está presente em quantidades significativas nos mais variados tipos de feijão.
Agradecimentos
A UECE e ao LAQAM.
Referências
Lönnerdal B, Dewey KG. Epidemiologia da deficiência de ferro no lactente e na criança. Anais Nestlé 1996;52:11-7.
WELCH, R. M.; GRAHAM, R. D. Breeding for micronutrients in staple food crops from a human nutrition perspective. Journal of Experimental Botany, Oxford, v. 55, n. 396, p. 353-364, 2004.
WHITE P. J.; BROADLEY, M. R. Biofortification of crops with seven mineral elements often lacking in human diets: iron, zinc, copper, calcium, magnesium, selenium and iodine. New Phytologist, Cambridge, v. 182, n. 1, p. 49–84, 2009.