Avaliação da produção de ocratoxina A por [i]Penicillium sclerotiorum[/i].

ISBN 978-85-85905-21-7

Área

Alimentos

Autores

Moura, M.A.F. (UFMG) ; Paschoal, F.N. (FUNDAÇÃO EZEQUIEL DIAS - FUNED) ; Takahashi, J.A. (UFMG)

Resumo

Penicillium sclerotiorum possui potencial empregabilidade na indústria de alimentos, havendo necessidade, porém, de assegurar-se que não haja produção de micotoxinas por essa espécie fúngica. O presente trabalho objetivou avaliar a presença de ocratoxina A (OTA) em extratos obtidos a partir de diferentes meios de cultura fermentados por P. sclerotiorum. Cinco amostras foram analisadas por CLUE-MS/MS e comparadas a um padrão de OTA, não tendo sido detectada a presença dessa micotoxina em nenhuma das amostras. Os resultados indicaram a possibilidade de utilização dessa espécie fúngica na área de alimentos.

Palavras chaves

Penicillium sclerotiorum; micotoxinas; ocratoxina A

Introdução

O fungo filamentoso P. sclerotiorum tem sido estudado por nosso grupo de pesquisa quanto à empregabilidade de sua biomassa para suplementação de alimentos, devido ao seu interessante perfil nutricional, principalmente no que diz respeito ao teor de proteínas e à presença de ácidos graxos essenciais (Carvalho, 2009; Moura, 2016). Entretanto, para que um fungo tenha seu uso considerado seguro na alimentação humana, o mesmo deve ser submetido a procedimentos científicos que atestem a não produção de substâncias tóxicas, principalmente aquelas denominadas micotoxinas (Wiebe, 2004; FDA, 2015). Micotoxinas são metabólitos secundários produzidos por algumas linhagens de fungos que se desenvolvem, por exemplo, em grãos estocados sob condições de temperatura e umidade elevadas (Mansfield et al., 2008). Dentre as micotoxinas produzidas por fungos do gênero Penicillium, destaca-se a ocratoxina A (OTA), que é classificada pela Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer como substância possivelmente carcinogênica para humanos (Desjardins et al., 2003). O presente trabalho objetivou avaliar a presença de OTA em extratos obtidos a partir de diferentes meios de cultura fermentados por P. sclerotiorum.

Material e métodos

O fungo P. sclerotiorum, pertencente à coleção do Laboratório de Biotecnologia e Bioensaios da UFMG, foi cultivado em meios de cultura com quantidades variáveis de glicose, peptona e cloreto de sódio e quantidades fixas de fosfato monopotássico e sulfato de magnésio. Após 23 dias de fermentação, os caldos contendo os metabólitos foram submetidos à partição líquido-líquido com o solvente acetato de etila e as fases orgânicas obtidas foram utilizadas no preparo de extratos. Cinco extratos foram solubilizados em metanol grau HPLC (1mg/mL), agitados em vórtex e filtrados em filtros de seringa com abertura de 0,22 μm, originando as amostras. As cinco amostras obtidas foram analisadas por cromatografia líquida de ultra-eficiência acoplada a espectrometria de massas (CLUE-MS/MS) e comparadas a um padrão de OTA. As análises foram realizadas na Fundação Ezequiel Dias (FUNED), em Minas Gerais.

Resultado e discussão

Nenhuma das cinco amostras analisadas apresentou valores quantificáveis para OTA. Os cromatogramas dos extratos fortificados com OTA (padrão) (ex: Figura 1) confirmam o aparecimento de sinal com bom perfil cromatográfico no tempo de retenção de 8,6 minutos, correspondente à mesma, o que elimina a possibilidade de a ausência de detecção da micotoxina nas amostras ser devida a falhas metodológicas ou instrumentais. Os picos que aparecem nesse mesmo tempo de retenção nos cromatogramas das amostras (ex: Figura 2) representam apenas ruídos, não havendo sido detectada a presença de OTA.

Figura 1

Cromatograma (CLUE) do extrato fortificado com OTA.

Figura 2

Cromatogramas (transições de quantificação e confirmação) referentes a um dos extratos analisados.

Conclusões

Não foi detectada a presença de OTA nos extratos de meios de cultura fermentados por P. sclerotiorum, indicando a possibilidade de utilização dessa espécie fúngica na área de alimentos.

Agradecimentos

Ao CNPq, CAPES e à FAPEMIG por bolsas e apoio financeiro.

Referências

Carvalho, S. A. Avaliação do potencial de fungos filamentosos como fonte de nutrientes e ácidos graxos de interesse para a indústria alimentícia. Tese. Instituto de Ciências Exatas, Departamento de Química UFMG. Belo Horizonte, 2009.

Desjardins, A. E., Richard, J. L., Payne, G. A., Maragos, C., Norred, W. P., Pestka, J. J., Phillips, T. D., Van Egmond, H. P., Vardon, P. J., Whitaker, T. B., Wood, G. Mycotoxins – Risks in Plant, Animal and Human Systems. Council for Agricultural Science and Technology, Ames, Iowa, USA. 2003.

FDA, Food and Drug Administration. Microorganisms & Microbial-Derived Ingredients Used in Food (Partial List). 2015. Disponível em <https://www.fda.gov/Food/IngredientsPackagingLabeling/GRAS/MicroorganisMicroorganismsMicrobialDerive/default.htm> Acesso em: 4 ago. 2016.

Mansfield, M. A., Jones, A. D., Kuldau, G. A. Contamination of Fresh and Ensiled Maize by Multiple Penicillium Mycotoxins. Phytopathology Vol. 98, No. 3, 2008.

Moura, M. A. F. Avaliação da produção de micotoxinas e estudo da biomassa de [i]Penicillium sclerotiorum[/i] em meios de cultura com diferentes concentrações de nutrientes. Dissertação. Faculdade de Farmácia UFMG. Belo Horizonte, 2016.

Wiebe, M. G. QuornTM Myco-protein – Overview of a successful fungal product. Mycologist, Volume 18, 2004 p. 17-20.

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