Atividade antioxidante de farinha de casca de maracujá e maçã verde

ISBN 978-85-85905-21-7

Área

Alimentos

Autores

Duarte, N.B.A. (UNIBH) ; Lima, D.S. (UNIBH) ; Sande, D. (UFMG/UNIBH)

Resumo

Indústrias de sucos e polpas descartam cerca de 65-70% dos frutos sendo em geral cascas, caroços, sementes e bagaços. Esses resíduos geram grande impacto ambiental. Este trabalho teve como objetivo determinar o potencial de reaproveitamento de resíduos de maracujá (Passiflora edulis) e maçã verde (Malus domestica) na produção de farinhas funcionais. As cascas dos frutos foram trituradas e secas para produção da farinha. O extrato etanólico das farinhas foi utilizado na avaliação da atividade antioxidante empregando o método de captura de radicais DPPH. Ambas farinhas apresentaram atividade antioxidante e a farinha de maçã apresentou uma maior atividade (EC50% de 225,6 µg.mL–1). Esses resultados sugerem a viabilidade do uso dessa farinha na produção de alimentos novos.

Palavras chaves

Farinha de casca; potencial antioxidante; reaproveitamento

Introdução

Indústrias de sucos e polpas descartam cerca de 65-70% dos frutos ocorrendo algumas variações devido a espécie (Nascimento et al., 2002). Esse montante de resíduos de frutas associado aos crescentes índices de descarte geram um impacto ambiental de proporções globais. (Sousa; Vieira; Lima, 2011). Uma estratégia para minimizar esse impacto é o reaproveitamento dos diferentes resíduos. Nesse contexto, estudos avaliando o potencial de aproveitamento destes resíduos na alimentação humana são imprescindíveis, sobretudo, porque as maiores quantias de vitaminas e sais minerais das frutas e legumes encontram-se nas cascas (Coelho et al., 2001). Segundo Faller e Fialho (2009), as frutas possuem elementos importantes que exercem funções básicas do organismo, além da nutrição, são os alimentos funcionais, tais como: ácido ascórbico, betacaroteno e ácido fólico, que originam compostos bioativos que estão relacionados com a prevenção de doenças (Oliveira et al., 2002). Os antioxidantes possuem o benefício de serem protetores em virtude da sua atividade redutora diante das espécies reativas de oxigênio e nitrogênio, chamados radicais livres, que são moléculas geradas constantemente no decorrer de processos metabólicos (mitocôndrias, citoplasma) ou são oriundos de fontes exógenas que em excesso podem acarretar danos celulares (Sousa; Vieira; Lima, 2011). Nesse contexto, esse trabalho tem como objetivo determinar o potencial de reaproveitamento de resíduos de maracujá e maçã verde na produção de farinhas funcionais com atividade antioxidante.

Material e métodos

As maçãs verdes (Malus domestica) e o maracujá (Passiflora edulis foram selecionadas, sanitizadas e desinfetadas. O bagaço das maçãs (obtido com centrifuga doméstica) e a casca de maracujá (obtida retirando a polpa) foram triturados em liquidificador e o material obtido foi seco em estufa a 60 ºC por 10 h. Em seguida, foram novamente triturados em um liquidificador, para a obtenção das farinhas (Albuquerque et al., 2016). Os extratos etanólicos dass farinhas foram obtidos misturando 150 mL de álcool etílico (95% P.A) com 50 g de farinha. Essa mistura foi homogeneizada durante 1,5 h à 25 ºC. Em seguida, a mistura foi filtrada (filtro Whatman n° 1) (Sousa; Vieira; Lima, 2011). A atividade antioxidante foi determinada empregando o método de captura de radicais DPPH (Brand-Williams, Cuvelier e Berset, 1995). O ensaio procedeu com a mistura de 25 µl da amostra/padrão (ácido ascórbico) em diferentes concentrações (500 - 50 µg/mL-1) com 175 μl de solução etanólica de DPPH (0,3 % p/v). Um controle foi feito usando etanol no lugar das amostras. A mistura foi incubada no escuro por 30 minutos e as absorbâncias foram lidas (492 nm). O cálculo da atividade foi feito conforme a equação: Foi construída uma curva analítica (da concentração em função da absorbância) através da qual foi possível calcular a quantidade de extrato (µg/mL-1) necessária para diminuir a concentração inicial de DPPH radicalar em 50% (EC50%). Os resultados foram expressos em EC50%. Os resultados foram descritos como média ± desvio padrão (DP). As médias foram comparadas entre si e com o padrão a partir de análise de variância (ANOVA) e teste de Dunett (95% de Confiança). Foi empregado o software Graphpad prisma 5.0.

Resultado e discussão

Os resultados da atividade antioxidante das farinhas encontram-se na figura 1. O resultado está expresso em EC50% (µg.mL–1), indicando a quantidade de extrato necessária para reduzir 50% das moléculas de radical DPPH nas condições de ensaio. Desta forma, quanto menor o EC50%, maior é a capacidade antioxidante do extrato (Palioto et al., 2015). Portanto, o extrato etanólico de maçã verde apresentou maior atividade antioxidante (EC50% 225,6 µg.mL–1) do que a maçã verde (EC50% 402,2 µg.mL–1), e ambos foram significativamente diferentes entre si e do padrão ácido ascórbico, como pode ser visto na Figura 1. Observando diretamente a porcentagem de redução de radicais DPPH em solução, percebeu-se que concentração de 500 µg.mL–1, os extratos de maracujá e maçã verde apresentaram altas porcentagens (62,5 e 76,1%, respectivamente). Esses resultados são maiores que os encontrados na literatura para extrato etanólico de farinha de maracujá (29,6%) com frutos coletados no estado de São Paulo Cazarin et al. (2014). O extrato de Maçã teve melhor atividade de captura de radicais DPPH livres. Isso sugere que o aumento do consumo de sua farinha é benéfico contra a ação dos radicais livres metabolicamente produzidos pelo corpo humano. Pode-se ainda resaltar que comparada à farinha de trigo, a farinha do maçã, esta destaca-se com um maior pontencial de benefícios à saúde. Isso sugere a viabilidade de investir nessa farinha como alternativa do reaproveitamento dos resíduos, visando reduzir impacto ambiental, agregar sustentabilidade e valor à cadeia produtiva desse fruto.

Atividade antioxidante dos extratos etanólicos de resíduos de maracujá

Comparação da atividade antioxidante dos extratos etanólicos de resíduos de maracujá e maçã verde com o padrão.

Conclusões

As farinhas apresentaram atividade antioxidante, entretanto, a intensidade desta foi diferente entre elas. A maçã destacou-se com maior capacidade antioxidante. Ambas as farinhas de resíduo de frutas podem ser apontadas como boas fontes de antioxidantes naturais e podem ser utilizadas substituindo parcialmente a farinha de trigo em receitas convencionais favorecendo uma maior proteção do organismo contra os danos oxidativos. Além de contribuir dessa maneira para a redução do impacto ambiental produzido pelo resíduo proveniente da cadeia produtiva desse fruto e de seus subprodutos.

Agradecimentos

Agradecimentos à UNIBH e à UFMG pelos insumos para a realização deste trabalho.

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