ESTUDO DE COMPOSTOS FENÓLICOS A PARTIR DA INFUSÃO DE FOLHAS DE Morinda citrifolia L.
ISBN 978-85-85905-21-7
Área
Alimentos
Autores
Gomes, P.W.P. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ) ; Teixeira, M.F. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ) ; Nascimento, M.L.P. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ) ; Pereira, E.R.S. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ) ; Novaes, A.C.V. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ) ; Santiago, J.C.C. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ) ; Martins, J.H.S. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ) ; Gomes, P.W.P. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ) ; Ribeiro, C.F.A. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ) ; Martins, L.H.S. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ)
Resumo
O noni (Morinda citrifolia L) é uma planta muito utilizada na medicina tradicional como fitoterápico, pois apresenta elevada atividade antioxidante. Os seus frutos são mais comumente utilizados e estudos sobre a ação das demais partes deste vegetal vêm se consolidando nos últimos tempos. Assim, o presente estudo teve por objetivo realizar a caracterização físico- química e quantificar a presença dos compostos fenólicos totais (FT) (antioxidante) da folha do noni, após infusão em água quente para obtenção do chá, através do auxílio de planejamento de experimentos 3². Os resultados levaram a concluir que a temperatura e o tempo foram variáveis significativas para a extração dos FT sendo a melhor condição estudada calculada para extração deste composto o ensaio a 85ºC e 17,5 min.
Palavras chaves
Fitoquímica; Noni; Salvaterra
Introdução
A Morinda citrifolia L., é um arbusto da família Rubiaceae conhecido popularmente como noni. Esta planta tem origem Asiática, a qual é muito usada como fitoterápico na medicina tradicional há milhares de anos, principalmente por suas atividades antioxidantes presentes nos frutos, folhas e cascas (Dourado et al., 2016). Na fruta do noni, os compostos fenólicos totais são os metabólitos secundários mais significativos quanto a atividade antioxidante (Costa, 2013), além disso, também são encontrados outras substâncias tal como os polissacarídeos, taninos, flavonóides (rutina), saponinas, escopoletina, glicósidos, esteróides, terpenoides, alcalóides (xeronina), e ácidos orgânicos (Anugweje, 2015), que podem ser utilizados como agentes terapêuticos quando identificado a relação de seus bioativos com sua atividade fitoterápica, visto que o furto do noni também tem alto teor de proteína solúvel e ácido ascórbico (Lewis et al., 2014). Por isso, são usados no tratamento de doenças como o câncer, diabetes, hipertensão, obesidade, úlceras gástricas, e outros. A comercialização do noni tem sido utilizada como alimento e fitoterápico, em que são vendidos produtos em forma de comprimidos, chá e suco oriundos tanto da folha quanto do fruto (Deng et al., 2010). Em populações tradicionais, o uso mais comum das plantas medicinais é a infusão, dependendo da parte da planta a ser utilizada (Santos et al., 2017). Sendo assim, diante da importância das propriedades medicinais desta planta, este estudo teve por objetivo caracterizar os compostos fenólicos a partir de planejamento experimental da infusão da folha de Morinda citrifolia L.
Material e métodos
As amostras de folhas do noni (Morinda citrifolia L.) foram coletadas in natura no município de Salvaterra e levadas ao laboratório de Tecnologia de Alimentos da Universidade do Estado do Pará, Campus XIX, onde foram realizadas as análises. Para a infusão as folhas foram lavadas e posteriormente submetidas a 60°C em estufa por 12 horas até ficarem totalmente secas. Com isso, foram trituradas em processador e pesadas em balança analítica 6 gramas de amostra para cada 12 ensaios do planejamento, onde foram colocadas em banho maria em béquer contendo 200 ml de água destilada. Para isso, foi estabelecida a temperatura de 70°C (1°, 2°, 3°), 85°C (4°, 5°, 6°) e 100°C (7°, 8°, 9°) sendo para cada temperatura o tempo de 5 min, 17,5 min e 30 min respectivamente. A escolha do tempo e da temperatura estudados no presente trabalho foram baseados na pesquisa de Abreu (2013). Somente os ensaios 10°, 11°, 12° foram submetidos a temperatura e tempo constante de 85°C e 17,5 min, pois eram referentes as repetições do ponto central. Os fenóis totais (FT) foram determinados por espectrofotômetro UV/VIS com o método de Folin-Ciocalteu (Singleton; Rossi, 1965). Com três repetições para cada leitura. Para o planejamento de três níveis dos ensaios da infusão da folha do noni com três repetições no ponto central, foram avaliadas as variáveis tempo de infusão (min) e temperatura (ºC). A resposta estudada foi em função da liberação dos fenóis totais (FT) (Figura 1). A análise dos efeitos principais e de interação das variáveis foi realizada considerando o erro puro. Pode-se dizer se a variável é significativa ou não, utilizando os parâmetros estatísticos t e p. O nível de confiança para as análises realizadas no presente trabalho foi de 90,0% ou p < 0,10.
Resultado e discussão
A análise da variância (ANOVA) do planejamento estudado está disposta na
figura 1. Na qual aborda o modelo estatisticamente significativo, onde o
valor de F da regressão é maior que o F tabelado e o valor de F da falta de
ajuste do modelo apresentar o valor menor que o valor do F tabelado.Na
figura 2-a, o tempo e a temperatura (ambos quadráticos) e a temperatura
linear foram significativos a 90% de confiança. Destacam-se os valores
negativos da temperatura quadrática e linear, onde o aumento das
temperaturas remete a diminuição na liberação de FT. Estes resultados
confrontam-se com o de Astill et al. (2001), onde a temperatura é o agente
que mais influência na liberação de bioativos de chá pelo processo de
infusão.
A concentração de FT (figura 2-b), foi mais significativa em 70°C no
intervalo de 5 a 20 min, onde apresentou em média 900 mg EAG/g de FT. Para
Rufino et al. (2010), o teor de fenólicos acima de 500 mg EAG/g em polpa de
frutos são considerados altos.Nas superfíceis de resposta e de contorno
(Figura 2-c,d), nota-se que o aumento da temperatura até 85°C provoca o
aumento na extração dos compostos fenólicos. Cacace e
Mazza (2003), ressaltam que ao aumentar a temperatura da infusão, aumenta a
solubilidade e o coeficiente de difusão dos compostos fenólicos, resultando
na maior extração. Para isso, é necessário combinar as variáveis tempo e
temperatura para encontrar o ponto ótimo da liberação de FT. Entretanto, ao
aumentar a temperatura para além de 85ºC ocorre um diminuição na resposta,
como podemos observar na figura 2-a. As condições ótimas foi calculada pela
ferramenta solver do Excel, onde 85ºC e tempo de 17,5 min teve o melhor
valor predito de liberação de 825,48 mg de FT EAG/100g. O que corresponde as
médias do ponto central e do ponto do Ensaio 5.
Tabela de análise da variância (ANOVA) para a concentração fenóis totais (mg/100g) liberados após a infusão da folha do noni.
a. Diagrama de Pareto, b. Gráfico de comportamento de FT em função do tempo e temperatura, c. Superfície de resposta FT, d. Superfície de contorno FT.
Conclusões
O uso do planejamento de três níveis neste trabalho foi fundamental para estudar a influencia das variáveis temperatura e tempo na extração de compostos fenólicos após a infusão, na perspectiva de determinar as condições ideais e padronizar o preparo do chá para o consumidor de forma que não perca suas propriedades bioativas. Sendo que ambas variáveis tiveram forte influência sobre a resposta estudada.
Agradecimentos
Ao laboratório de Tecnologia de Alimentos do Campus XIX-Salvaterra da Universidade do Estado do Pará na disponibilização do Espectrofotometro UV- VIS.
Referências
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