Determinação de macro e micronutrientes minerais em frutas e verduras largamente produzidas no Brasil
ISBN 978-85-85905-21-7
Área
Alimentos
Autores
Rocha, L.D.S. (IQ-UFRJ)
Resumo
A pirâmide alimentar tem o intuito de ser um parâmetro de alimentação saudável e balanceada. Ricas em minerais, frutas e verduras sempre ocuparam uma posição de destaque na base dessa pirâmide. Mas, são os alimentos menos presentes na mesa dos brasileiros. Este trabalho visa determinar alguns macro e micronutrientes minerais nas frutas e verduras produzidas em larga escala no país. A partir de um rápido processo de digestão; foram obtidos resultados semelhantes com os valores referenciais da TACO. Confirmando a presença de teores importantes nos alimentos pesquisados, valoriza-se ainda mais a necessidade de uma alimentação rica em frutas e verduras, que supra a necessidade do organismo de minerais e evite o surgimento de enfermidades relacionadas à ausência de tais elementos.
Palavras chaves
quantificação; sais minerais; nutrição
Introdução
A prática de uma alimentação balanceada é um das bases para garantir o bom funcionamento do organismo. Como ferramenta auxiliadora na adequação das refeições, se adaptando a fim de evitar excessos e deficiências nutricionais de acordo com as necessidades únicas de cada indivíduo; a pirâmide alimentar foi elaborada genericamente com o intuito de garantir três pilares da alimentação: variedade, proporcionalidade e moderação. Mesmo após atualizações, frutas e vegetais sempre ocuparam uma posição de destaque no referido gráfico, sendo determinado o consumo diário necessário de 2 a 5 porções [1]. Contudo, o cenário no Brasil é o oposto: são os alimentos menos presentes na dieta da população [2]. Vegetais (verduras e flores) e frutas são importantes fontes de sais minerais, substâncias inorgânicas obtidas exclusivamente através da alimentação e que desempenham unitariamente ou em conjunto funções fundamentais no metabolismo. Neste contexto, há minerais cuja recomendação de ingestão é maior (macronutrientes) ou menor (micronutrientes) [3]. Visando promover o combate às doenças com o maior consumo destes alimentos, além da valorização do mercado interno; o presente trabalho se propôs em determinar alguns macronutrientes (Ca - cálcio, K - potássio, Mg - magnésio e S - enxofre) e um micronutriente mineral (Zn - zinco) em determinadas frutas (mamão papaia (Carica papaya L.), abacaxi (Ananas comosus) e melão amarelo (Cucumis melo L.)) e em vegetais crus (agrião (Nasturtium officinale), alface americana (Lactuca sativa), brócolis americano (Brassica oleracea var. itálica), chicória (Cichorium intybus), rúcula (Eruca sativa), repolho branco (Brassica oleracea var. capitata) e manjericão (Ocimum basilicum), alimentos com produções de destaque no Brasil [4a e 4b].
Material e métodos
Os alimentos foram adquiridos em um hortifrutigranjeiro no Rio de Janeiro e as análises foram executadas na polpa das frutas e nas partes comestíveis dos vegetais. Primeiramente as amostras foram maceradas e colocadas na estufa a 105oC por uma hora para perda de umidade. Em peso seco, as seguintes massas foram determinadas: abacaxi (2,540g), melão (2,482g), alface (1,149g), repolho (1,198g), manjericão (0,977g), mamão (2,854g), chicória (1,000g), agrião (0,996g), brócolis (0,933g) e rúcula (0,994g). Tais alíquotas foram submetidas a digestão em chapa de aquecimento por dez minutos a 170oC, utilizando em cada amostra 20ml de ácido nítrico 65% e 20ml de peróxido de hidrogênio 30%, visando disponibilizar os analitos em solução por intermédio do alto poder oxidante da mistura perante a fase orgânica das amostras. As referidas amostras foram avolumadas a 40ml com água ultrapura e posteriormente filtradas. A quantificação se deu pelo ICP-OES (Espectrômetro Óptico com Plasma Indutivamente Acoplado), utilizando as linhas espectrais (nm) que seguem: Ca (422.673); Mg (285.213); S (181.978); Zn (213.856); K (766.490). Os principais parâmetros de análise do método otimizado foram: potência do plasma (1100W); tempos de transferência (35s) e estabilização (15s) da amostra; e pressão (2,5bar) e fluxo de nebulização (0,6 L/min) do argônio. As faixas de concentração de cada elemento foram de 1 a 75 mg/L para Ca, K, Mg e S; e 0,1 a 1,0 mg/L para Zn. Os limites de quantificação para o branco mencionado foram: Ca (0,03 mg/L), Mg (0,03 mg/L), S (0,04 mg/L), Zn (0,003 mg/L) e K (0,10 mg/L). As análises foram executadas em triplicata e obtiveram valores de desvio padrão relativo (RSD) satisfatoriamente baixos, compatíveis com a sensibilidade da técnica.
Resultado e discussão
Os valores obtidos neste trabalho são evidenciados na tabela 1, onde é feita
a comparação com valores de referência nacional fornecidos pela Tabela
Brasileira de Composição dos Alimentos (TACO). Revela-se uma semelhança
significativa entre os teores obtidos neste trabalho e os reportados na
literatura de referência, salvo por algumas exceções, que podem ter
explicação na grande heterogeneidade dos parâmetros de cultivo, clima,
colheita, grau de amadurecimento, peso e armazenamento dos alimentos. A
falta de padronização destes aspectos fazem com que o monitoramento seja
dificultado, podendo surgir valores aleatoriamente discordantes e
influenciando diretamente na composição nutricional do alimento, que é
sensível a tais variações por ser um material biológico. A TACO não conta
com dados de enxofre, pois ainda não há valores específicos de determinação
de suas exigências nutricionais, apesar de já se conhecer a importância da
sua ingestão. Outro fator que se faz necessário salientar é a obtenção de
altos valores nos alimentos pesquisados, corroborando para a valorização da
qualidade nutricional dos mesmos. A ingestão de todos os minerais analisados
são fundamentais e obrigatórias na manutenção de um organismo saudável. A
tabela 2 organiza o desempenho de cada mineral no organismo e a recomendação
diária para variados indivíduos.
*ROCHA, L.D.S. - este trabalho
Fonte: Pinheiro, D. M. et al., 2005.
Conclusões
O trabalho reforça o pensamento de que uma alimentação natural rica em minerais é fundamental para garantir que o organismo desempenhe suas funções vitais com excelência. A escolha de uma alimentação de qualidade pode ser aliada com um consumo valorizando o mercado interno, com produtos mais produzidos em território nacional, evitando também maiores custos de importação. O procedimento analítico para determinação de minerais, desde a digestão até a quantificação de alimentos diversos, se mostrou rápido, fácil e de simples execução, com resultados robustos precisos e exatos.
Agradecimentos
Ao CETEM (Centro de Tecnologia Mineral), que cedeu seu espaço e infraestrutura laboratorial para a execução dos ensaios.
Referências
[1] United States Departament of Agriculture. United States Departament of Health and Human Services. The Food Guide Pyramid. Washington (DC): US Government Printing Office. Home and Garden Bulletin nº 252, 1992.
[2] Souza, A. M.; Pereira, R.A.; Yokoo, E. M.; Levy, R. B.; Sichieri, R. Most consumed food in Brazil: National Dietary Survey 2008-2009. Revista Saúde Pública; 47(Suppl 1):190S–9S, 2013.
[3]Pinheiro, D. M.; Porto, K. R. A.; Menezes, M. E. S. A química dos alimentos: carboidratos, lipídios, proteínas e minerais. Maceió : EDUFAL, 2005.
[4a] Catálogo Brasileiro de Hortaliças. Embrapa / Sebrae. Brasília, 2010.
[4b] SEBRAE- Agronegócio Fruticultura. Boletim de Inteligência. Outubro, 2015. Disponível em: http://www.bibliotecas.sebrae.com.br/chronus/ARQUIVOS_CHRONU S/ bds/bds.nsf/64ab878c176e5103877bfd3f92a2a68f/$File/5791.pdf. Acesso em 05 de agosto de 2017.
[5] NÚCLEO DE ESTUDOS E PESQUISA EM ALIMENTAÇÃO - NEPA. Tabela Brasileira de Composição dos Alimentos - TACO. 4ed. Campinas: NEPA/UNICAMP, 2011. Disponível em:<https://www.unicamp.br/nepa/taco/contar/taco_4_edicao_ampliada_e_revisada>. Acesso em 08 de agosto de 2017.