ANALISE FÍSICO-QUÍMICA DE ÓLEOS PROVENIENTES DE DOIS MUNICÍPIOS DA ILHA DE MARAJÓ – PA

ISBN 978-85-85905-21-7

Área

Química Orgânica

Autores

Costa, W.C.L. (UEPA) ; Barbosa Júnior, A.S. (UEPA) ; Reis, J.D.E. (UEPA) ; Teixeira, M.F. (UEPA) ; Lopes, D.P. (UEPA) ; Feio, A.M. (UEPA) ; Machado, D.M. (UEPA) ; Souza, R.F. (UEPA)

Resumo

Este estudo teve como objetivo avaliar as características físico-químicas dos óleos de “bicho” das cidades de Soure e Cachoeira do Arari - Ilha de Marajó – PA. As amostras foram conduzidas ao laboratório de Ciências Naturais da Universidade do Estado do Pará – Campus XIX, para realizar as seguintes análises: Índice de Refração; Densidade; pH; Cinzas e teor de água. Os valores de índices de refração (1,4593 ± 0 e 1,4595 ± 0,002); Densidade (0,9115 ± 0,002 e 0,9097 ± 0,002); pH (4,85 ± 0,6589 e 4,03 ± 0,06); Cinzas (1,3998 ± 0,0749 e 0,7627 ± 0,0523) e teor de água (0,1305 ± 0,005 e 0,5053 ± 0,002) de Soure e Cachoeira do Arari, respectivamente. Pôde-se concluir que os parâmetros físico-químicos dos óleos possuem diferenças mínimas e os valores são próximos aos encontrados na literatura.

Palavras chaves

Speciomerus ruficornis; Oleaginosas; Perfil Físico-químico

Introdução

O tucumanzeiro é uma palmeira pertencente à família Arecaceae, seus frutos são aproveitados no mercado alimentício, de cosmético, de artesanato e de óleos. A polpa é rica em carboidratos, proteínas, caroteno (pro-vitamina A), fibras e minerais. Podendo ser consumida “in natura” ou mesmo como suco — vinho de tucumã —, licor, sorvete e creme (YUYAMA et al., 2008). Nos últimos anos, tem havido um certo crescimento na investigação de óleos vegetais. Para Eloy (2001); Clement; Lleras; Van Leeuwen (2005); Ferreira et al. (2008), o óleo de bicho apresenta propriedades organolépticas e nutritivas que são bastante apreciados nas indústrias de alimento e cosmético. O óleo extraído da larva (Speciomerus ruficornis) que se aloja no endocarpo do tucumã é um produto natural muito usado na cultura popular, principalmente, como remédio (MENEZES et al., 2012; SILVA et al., 2012). Em pesquisa realizada por Lima (1986), foi constatado que a maior parte dos entrevistados utilizavam o óleo de bicho como anti-inflamatório. De acordo com Elisabetsky (2010), o conhecimento popular é importante para a cultura de um determinado lugar. Em comunidades isoladas percebe-se a ampla utilização de óleos vegetais, mais precisamente, o óleo de bicho como remédio para tratar doenças, principalmente, as de natureza inflamatória (ROCHA et al., 2014). Desse modo, o referido trabalho teve por objetivo principal, apresentar resultados experimentais das medidas de índice de refração, densidade, pH, cinzas e teor de água de óleos de bicho vendido nos municípios de Soure e Cachoeira do Arari - Ilha de Marajó - PA, a fim de medir sua potencialidade como matéria-prima.

Material e métodos

O óleo de bicho foi adquirido de vendedores dos municípios de Soure e Cachoeira do Arari – Ilha de Marajó – Pará. Em seguida, conduzidos ao laboratório de Ciências Naturais da Universidade do Estado do Pará – Campus XIX, onde foram realizadas as seguintes análises: Índice de Refração; Densidade; pH; Cinzas e teor de água, todas baseadas no instituto Adolf Lutz (1985). Para a análise do índice de refração utilizou-se de um refratômetro de marca ABBE. A amostra de óleo foi aquecida a 40ºC, em seguida, colocada no compartimento para leitura com o auxílio de um conta-gotas, fechando-o para realizar a leitura em triplicata. A determinação da densidade foi feita por meio do método picnômetro, em triplicata. Onde pesou-se os três picnômetros, vazio; com água e com óleo de bicho, em seguida, realizou-se os cálculos. O pH foi determinado com o auxílio de um pHmetro de bancada previamente calibrado. A atividade de água foi determinada pelo método de secagem ao ar seco da amostra em capsulas de porcelanas a temperatura a 100º C em estufa por 5h. A quantização de cinzas foi determinada da seguinte forma, os cadinhos foram colocados em estufa a 105ºC por 30 minutos, em seguida, no dessecador pelo mesmo tempo. Pesando-os em balança analítica; e também se pesou 3g de óleo que foram carbonizados em chapa aquecedora, em seguida, colocados na mufla em temperatura inicial de 300º C e posteriormente elevada a 550º C durante 4 horas.

Resultado e discussão

Os resultados referentes a caracterização das propriedades físico-químicos observados das amostras de óleos de bicho dos municípios de Soure e Cachoeira do Arari estão expressos em média e desvio padrão (média ± desvio padrão) na tabela 01. Com base nesses dados, pôde-se observar que os valores médios para densidade e índice de refração das duas cidades estão próximos aos encontrados no fruto por Bora et al. (2001) e Ferreira et al. (2008).A presença de água encontrada no óleo de cachoeira do Arari se mostrou superior se comparada ao valor obtido para a amostra de Soure medias de 0,5053 ± 0,002 e 0,1305 ± 0,005, respectivamente, talvez devido ao método de extração do óleo e/ou ao tipo de armazenamento haja vista o óleo advindo de Cachoeira do Arari é armazenado em garrafas de polietileno enquanto que os comercializados no município de Soure são armazenados em recipientes de vidro. O potencial hidrogeniônico (pH) para as amostras oleaginosas apresentaram valores similares, médias de 4,85 ± 0,66 e 4,03 ± 0,06 respectivamente como mostra a Tabela 01 . O resultado de cinzas obtido do óleo de bicho da cidade de Soure teve valores aproximados ao encontrado por Yuyama et al.(2008) analisando o fruto do tucumã de 1,55% de cinzas, enquanto que do município de Cachoeira do Arari achou-se um valor bem abaixo.

Tabela 01: Resultados dos parâmetros analisados no óleo de bicho.



Conclusões

Diante dos dados obtidos pôde-se concluir que os parâmetros físico-químicos do óleo de bicho dos dois municípios possuem diferenças mínimas e os valores são próximos aos encontrados na literatura. Isso mostra que apesar da distância as duas amostras possuem os mesmos parâmetros físico-químicos.

Agradecimentos

À Universidade do Estado Pará.

Referências

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