Avaliação da toxicidade da linhagem fúngica R11B2 frente a diferentes concentrações dos metais Cromo, Chumbo e Niquel
ISBN 978-85-85905-21-7
Área
Química Orgânica
Autores
Pereira Leal, L.V. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO SUL E SUDESTE DO PARÁ) ; Oliveira Onça, L. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO OESTE DA BAHIA) ; Pinto Moreno da Silva Alves, M.A. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO SUL E SUDESTE DO PARÁ) ; Teixeira Dias, J. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO SUL E SUDESTE DO PARÁ) ; Yasue Simote Silva, S. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO SUL E SUDESTE DO PARÁ) ; Nunes Oliveira, M. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO SUL E SUDESTE DO PARÁ) ; da Cruz Silva, S. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO SUL E SUDESTE DO PARÁ)
Resumo
A biorremediação é uma técnica muito utilizada, podendo-se empregar microrganismos como fungos e bactérias, para remediar solos contaminados. Neste trabalho, realizou-se um estudo com a linhagem fúngica R11B2, isolada do rejeito da área de mineração, para verificar o seu potencial biorremediador. A linhagem foi reativada em placa de petri contendo meio de cultura BDA preparada em diferentes concentrações (1000, 750, 500 e 250 ppm) dos sais de nitrato de chumbo II, sulfato de níquel hexahidratado e sulfato de cromo III básico. Observou-se um bom desenvolvimento das linhagens frente a concentração de alguns metais, podendo-se inferir que a linhagem fúngica R11B2 possui potencial biorremediador em solos contaminados por metais pesados, no entanto há necessidade de se realizar outros estudos.
Palavras chaves
Birremediação; Fungos; Metais pesados
Introdução
O desenvolvimento e implementação de processo de custo eficaz para a remoção/ recuperação de metais é essencial para improvisar a competitividade das operações de processamento industrial e para minimizar o risco ambiental de efluentes contendo metais tóxicos ( KUMAR et al., 2012). Dentre esses processos tem-se a biorremediação que é caracterizada como tecnologia que utiliza agentes biológicos, especificamente, os micro-organismos, para remover contaminantes tóxicos do solo e da água (PELCZAR et al., 1997). O emprego de microrganismos no tratamento de rejeitos tóxicos é uma prática habitual em alguns países desenvolvidos. (UETA et al., 1999). Fungos são conhecidos por tolerar e desintoxicar metais por vários mecanismos (IRAM et al., 2012). Segundo Leitão (2009) existem diversas vantagens no uso de fungos em detrimento de outros microrganismos na remoção de elementos-traço do ambiente. Nas últimas décadas, a utilização de fungos filamentosos e seus metabólitos nos processos de biorremediação vem crescendo, em virtude do alto potencial degradativo, biossortivo (metais e corantes) e dos mecanismos de resistência em condições ambientais adversas (CONCEIÇÃO et al., 2005). Em síntese o presente trabalho apresenta estudos realizados com fungos isolados de rejeito da área de mineração em Canaã dos Carajás. Para verificar a sua capacidade de crescimento frente a soluções de: Pb(NO3)2 (nitrato de chumbo), NiSO4.6H2O (sulfato de níquel hexahidratado), Cr(SO4)5(OH)2 (sulfato de cromo III básico), em diferentes concentrações.
Material e métodos
A linhagem fúngica R11B2 foi reativada em placa de petri contendo o meio de cultura BDA (Potato Dextrose e Ágar), a qual foi deixada em estufa de BOD por um período de 5 dias a temperatura de 29º C (±1oC), período suficiente para seu crescimento. Para a preparação da solução estoque utilizou-se também o meio de cultura BDA. Em seguida os sais de Pb(NO3)2, NiSO4.6H2O e Cr(SO4)5(OH)2 foram pesados, de acordo com os cálculos anteriormente, separadamente em copos de Becker e posteriormente vedado com gaze e algodão e recobertos com o papel kraft. Todos os materiais foram levados para autoclave, onde foram esterilizados por 15 minutos, em uma temperatura de 121º a 1 atm. Após esterilizado, o material foi levado para a capela de fluxo laminar, onde foi adicionado os sais nas suas respectivas soluções de BDA, já identificados como solução estoque, assim obtendo uma solução para cada sal com a concentração de 1000 ppm. A partir da solução estoque, preparou-se as demais concentrações (750, 500 e 250 ppm). Depois de todas as concentrações preparadas, estas foram vertidas em placas de petri, dentro da capela de fluxo laminar, identificando-as cada uma, em seguida foram vedadas com o auxílio de um papel filme e armazenadas na BOD, com a temperatura de 30 ºC (± 1ºC), por 24 horas. Após o período de 24 horas, como não foi observado contaminante nas placas, inoculou-se os pedaços de micélio da linhagem fúngica R11B2 em cada uma das placas, estas foram novamente vedadas com o papel filme. Em seguida foram colocadas na BOD, o desenvolvimento da linhagem foi acompanhado diariamente, por um período de 10 dias.
Resultado e discussão
Frente ao metal Cromo, observou-se que o fungo se desenvolveu bem em algumas concentrações utilizadas. Na placa com concentração de 1000 ppm foi a que apresentou um desenvolvimento mais lento em relação às demais. Nas concentrações de 250 e 500 ppm o desenvolvimento foi similar ao observado na placa controle, enquanto nas placas com concentrações de 750 e 1000 ppm apresentaram um pequeno retardo em seu crescimento. Em síntese, conclui-se que ao logo a linhagem fúngica se desenvolve bem em meios contendo baixas concentrações de Cromo, como observado na figura 1.
Nos resultados observados do crescimento da linhagem frente a soluções do metal Chumbo, verificou-se que a mesma se desenvolveu pouco na concentração de 1000 ppm, já na concentração de 750, 500 e 250 ppm a linhagem apresentou um crescimento quando comparada com a placa controle, de acordo com a figura 2.
Nas concentrações de Niquel a linhagem fúngica apresentou um desenvolvimento lento comparado às placas controles e até mesmo comparado com os demais metais, como pode ser observado na figura 3, abaixo.
Conclusões
A linhagem fúngica R11B2 apresentou diferentes formas de adaptação. Observou-se um pequeno desenvolvimento frente a altas concentrações dos metais Cromo, Niquel e Chumbo, quando comparado ao desenvolvimento micelial na placa controle. A linhagem fúngica também apresentou diferença nas suas características morfológicas, quando a mesma era inoculada em meio com altas concentrações dos metais, ou seja, a espécie procurou de adaptar ao meio.
Agradecimentos
à Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará-UNIFESSPA, pelo espaço cedido a pesquisa.
Referências
CONCEIÇÃO, D. M. et al. Fungos filamentosos isolados do rio Atibais, SP e refinaria de petróleo biodegradadores decompostos fenólicos. Arquivos do Instituto Biológico, São Paulo, v. 72, n. 1, p. 99-106, jan./mar. 2005.
IRAM, Shazia; ZAMAN, Ayesha; IQBAL, Zaiba; SHABLIR, Rabia. Heavy metal tolerance of fungus isolated from soil contaminated with sewage and industrial wasterwater. Paquistan, v. 22, n. 691-697, 2012.
KUMAR, R.; BHATIA, D.; SINGH, R.; BISHNOI, N. R. Metal tolerance and sequestration of Ni (II), Zn (II), and Cr (VI) ions from simulated and electroplating wasterwater in batch process: Kinects and equilibrium study. V. 66, p. 82-90, 2012.
LEITÃO, A. L. Potencial of penicillium species in the bioremediation fiel. International Jornal of Environmental Research and Public Health, Basel, v. 6, n. 4, p. 1393-1417, 2009.
PELCZAR, M. J. J.; CHAN, E. C. S.; KRIEG, N. R. Microbiologia. Conceitos e Aplicações. Volume 2/ 2 ed. Pearson Education do Brasil. São Paulo, p. 517, 1997.
UETA, J.; PEREIRA, N. L.; SHUHAMA, I. K.; CERDEIRA, A. L. Biodegradação de herbicidas e biorreme¬diação: microrganismos degradadores do herbicida atrazina. Biotecnologia, Brasília, p. 10-13, 1999.