EXTRAÇÃO DE ÓLEO ESSENCIAL DE PRIPRIOCA (Cyperus articulatus): UM RECURSO AROMÁTICO PARAENSE

ISBN 978-85-85905-21-7

Área

Química Orgânica

Autores

Silva, E.S. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ) ; Aragão, C.G.G. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ) ; Silva, A.C.N.G. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ) ; Martins, V.C.C. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ) ; Monteiro, S.A.P. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ) ; Diniz, V.W.B. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ)

Resumo

A priprioca (Cyperus articulatus) é uma espécie de planta aromática brasileira que se extrai seu óleo essencial (OE), e é cultivada por comunidades rurais paraenses para comercialização. Os componentes do OE são substâncias de alto ponto de ebulição e são passíveis de isolamento por meio do processo de destilação por arraste a vapor, metodologia utilizada neste experimento. Por ser um OE tipicamente amazônico e conhecido mundialmente, objetivou-se determinar seu rendimento, para que os resultados obtidos fossem comparados com os da literatura, e pudessem ser feitas algumas considerações sobre este OE. Sucedeu-se um rendimento de 0,031%, um valor similar aos dispostos na literatura.

Palavras chaves

Priprioca; Óleos Essenciais; Arraste a Vapor.

Introdução

O estado do Pará, com uma superfície de 1.248.022 km2, possui uma rica flora aromática, algumas das quais usadas na preparação de produtos artesanais, dentre elas a priprioca (Cyperus articulatus) (POTIGUARA e ZOGHBI, 2008). Cyperus articulatus é uma espécie aromática cultivada na Amazônia para extração do óleo essencial (POTIGUARA e SANTOS, 2008). O OE da priprioca é um importante insumo para a indústria nacional de perfumes e fonte de renda para comunidades tradicionais paraenses (CASTELLANI et al., 2011). Sua composição química é rica e apresenta variedades de elementos: mustakone, óxido de cariofileno, alfa-pineno, beta-pineno trans-pinocarveol, ledol. Dessa forma, um método utilizado para extração do óleo é o de destilação por arraste a vapor, que de acordo com Silveira et al. (2012) é uma operação unitária, utilizada principalmente para matérias sensíveis à temperatura, sendo baseada na diferença de volatilidade de determinados compostos presentes na matéria prima vegetal. Em função da grande comercialização desse OE e pela importância que ele possui perante a sociedade paraense, buscou-se por meio da realização deste experimento calcular seu rendimento e compará-lo aos disponíveis na literatura. Os resultados adquiridos pela prática foram comparados aos já existentes, para que em seguida fossem feitas algumas considerações.

Material e métodos

As amostras de tubérculos de Cyperus articulatus foram obtidas no complexo do Ver-o-Peso em Belém do Pará. Inicialmente, as raízes da priprioca foram descascadas e cortadas em pedaços menores, visando obter maior rendimento do extrato do OE. Seguindo, na etapa de pesagem e preparo em solução aquosa, foi pesado em balança analítica o total de 348,628 g de priprioca e transferidos para um balão de fundo redondo de 100 ml, posteriormente, adicionou-se água destilada até aproximadamente metade do balão que continha à amostra de priprioca. Na etapa posterior, a de destilação, montou-se um sistema de destilação por arraste a vapor auxiliado por um suporte universal com garra de fixação para o condensador, ligado ao um balão de fundo redondo por uma cabeça de destilação. Usou-se para apoio do balão a manta aquecedora e como sistema de recepção para solução destilada, uma proveta de 100 ml. Ainda nessa etapa, efetuou-se o aquecimento ligando a manta aquecedora de forma que o vapor formado pela mistura água + priprioca contida no balão de fundo redondo siga pela coluna até o adaptador e o condensador do sistema de destilação. Aquecido em temperatura constante por cerca de 4 h. Ao final do aparelho destilador, uma proveta de 100 ml recepcionava a solução proveniente da destilação, um líquido turvo-esbranquiçado, em virtude de ser uma mistura de óleo e solução aquosa. Terminado o processo, a última etapa consistiu na obtenção da essência, nela a solução resultante foi mantida na proveta e as gotas de óleo essencial que apareceram na amostra foram recolhidas, auxiliadas por uma pipeta de Pasteur para um recipiente fechado e adequado, obtendo-se assim a essência pura.

Resultado e discussão

Obteve-se um rendimento de 0,031% de óleo, calculado para amostra que continha umidade residual. Esse resultado mostrou-se baixo pela quantidade de matéria utilizada, porém assemelha-se aos descritos na literatura para o óleo essencial de Cyperus articulatus (ZOGHBI et al., 2008; SILVA et al., 2013). Segundo Machado (2015), para Joaquim Bayma, professor pesquisador da Universidade Federal do Pará, a destilação por arraste a vapor da priprioca apresenta um baixo rendimento em óleo, apenas 0,7% na média e, constatando a necessidade de 400 kg de raízes da espécie para a produção de 1 L de OE. Destaca-se que o rendimento percentual do OE extraído é considerado aceitável quando comparado aos rendimentos encontrados na literatura. No trabalho de Silva et al. (2013), o rendimento do OE da priprioca foi de 0,26%; já em Zoghbi (2008), o rendimento foi de 0,14%. Quando observado a dependência do rendimento em função do tempo de extração, os resultados assemelham-se devido a variação de 3 a 5 h aplicada neste experimento, reproduzindo o exposto na literatura. A partir das observações, ressalta-se ainda que o rendimento do óleo possa ser influenciado pelo quantidade de massa, umidade e tempo de extração.

Conclusões

Através deste experimento, relata-se fenômenos da química orgânica experimental de uma planta aromática utilizada na sociedade paraense, em destaque para seu rendimento em OE, característico de um baixo percentual, além de sua comparação com outros valores da literatura. Todavia, o rendimento percentual da extração deste experimento mostrou-se abaixo do literal, devido a quantidade de massa, ou ainda pela presença de umidade na amostra, porém semelhante a literatura existente.

Agradecimentos

Referências

CASTELLANI, D. C. et al. Coeficientes técnicos de produção da priprioca (Cyperus articulatus L.) em sistema orgânico, na região de Belém (PA). Revista Brasileira de Plantas Medicinais, Botucatu, v.13, especial, p.606-611, 2011.

MACHADO, F. Ficha aromática: Priprioca (Cyperus articulatus). Disponível em: < http://aromasvitais.blogspot.com.br/2015/03/ficha-aromatica-priprioca-cyperus.html >. Acessado em: 29 jul. 2017.

POTIGUARA, R. C. V.; ZOGHBI, M. G. B. (Orgs.). Priprioca: um recurso aromático do Pará. Belém: Museu Paraense Emílio Goeldi; Universidade do Estado do Pará, 2008.

SILVA, A. S. et al. Composição química do óleo essencial de priprioca (Cyperus articulatus var. nodosus) de Santarém-PA. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE ÓLEOS ESSENCIAIS. 7., 2013, Pará: UFOPA. 1 CD-ROM.

SILVEIRA, J. C.; BUSATO, N. V.; COSTA, A. O. S.; JUNIOR, E. F. C. Levantamento e análise de métodos de extração de óleos essenciais. Enciclopédia Biosfera, 2012.

ZOGHBI, M. G. B.; SANTOS, P. P. dos. Morfo-anatomia dos órgãos aéreos e subterrâneos de Cyperus articulatus. Priprioca: um recurso aromático do Pará, p. 25-41, 2008.

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