FORMULAÇÃO FOTOPROTETORA À BASE DE QUITOSANA:DESENVOLVIMENTO E AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA

ISBN 978-85-85905-21-7

Área

Química Orgânica

Autores

Trisch, C.G.K. (ULBRA) ; Correa, D.S. (ULBRA)

Resumo

A radiação solar UV está diretamente relacionada ao fotoenvelhecimento, hiperpigmentação, eritemas, lesões cutâneas e carcinomas, justificando o desenvolvimento de protetores solares eficazes e seguros. O presente trabalho tem como objetivo desenvolver uma formulação fotoprotetora estável, na forma de emulsão capaz de conferir proteção frente às variações de intensidade da radiação incidente. Formulações foram desenvolvidas à base do polímero quitosana e de um filtro solar do tipo benzoxazol. Uma emulsão fotoprotetora foi avaliada em relação aos parâmetros: efeito do polímero quitosana nas propriedades fotofísicas, fotoestabilidade, absorção UVB e UVA, FPS e teor de filtro incorporado. A formulação apresentou alta fotoestabilidade, FPS 80 e absorção da radiação UVA, com máximo em 348 nm.

Palavras chaves

Benzoxazol; Emulsão Fotoprotetora; Quitosana

Introdução

Estudos comprovam que o uso diário e correto de filtros solares com um FPS seguro impede a ocorrência de doenças de pele. Para prevenir danos à pele devido à UV da luz solar, são utilizados protetores solares. Sendo obtidos a partir de filtros solares naturais, e principalmente de compostos orgânicos sintéticos. Para ser considerado um fotoprotetor orgânico, o mesmo deve proteger a pele contra os raios UVA e UVB, ser fotoestável, não ser fototóxico e possuir um fator de proteção solar seguro. Quando um filtro solar permeia a pele e atinge a circulação sistêmica acaba ficando impedido de realizar sua ação fotoprotetora. É de extrema importância avaliar a eficácia dos produtos destinados à fotoproteção, para que seus riscos potenciais, relacionados à permeação cutânea dos filtros solares e fotodegradação, possam ser conhecidos e assim evitar a formação de compostos de toxicidade desconhecida e posteriormente efeitos colaterais. O tema abordado neste trabalho justifica-se pela carência de fotoprotetores com amplo espectro, principalmente na região UVA e de formulações fotoprotetoras estáveis e seguras. O presente trabalho visa desenvolver uma formulação estável, empregando o filtro solar 2-(5’- amino-2’-hidroxifenil)benzoxazol, surfactantes não iônicos, extrato vegetal com atividade antioxidante e quitosana. Avaliar as propriedades da formulação quanto à fotoestabilidade, FPS e a eficácia como fotoprotetor.

Material e métodos

Diferentes formulações fotoprotetoras foram desenvolvidas à base do polímero quitosana e de um filtro solar do tipo benzoxazol. Preliminarmente foram avaliadas diferentes formulações, onde os constituintes e as condições empregadas no preparo influenciaram na estabilidade das emulsões obtidas e na solubilidade do filtro solar químico, afetando o FPS. Os seguintes constituintes foram empregados: 2-(5’-amino-2’-hidroxifenil)benzoxazol utilizado como filtro solar, o emoliente Cetiol AB, os tensoativos Tween 80 e Span 80, o conservante Neolone PE, o extrato da Planta Terminalia Actinophylla como antioxidante e a solução de quitosana 2% em ácido glicólico. Entre as formulações desenvolvidas obteve-se emulsões estáveis na faixa de pH entre 4 e 7, sendo uma selecionada para testes. A emulsão fotoprotetora escolhida foi avaliada em relação aos seguintes parâmetros: efeito do polímero quitosana nas propriedades fotofísicas da emulsão, fotoestabilidade, absorção UVA e UVB, FPS e teor de filtro incorporado. Preparou-se uma solução de ácido glicólico 1% m/m e uma solução de quitosana para que a concentração final fosse igual a 2% m/m em solução deste ácido. Preparou-se uma formulação sem quitosana para fins de comparação. As formulações com e sem quitosana foram realizadas com agitação mecânica. A estabilidade das formulações foi determinada pela avaliação da presença de separação de fases no período de 90 dias. Os ensaios para a avaliação da fotoestabilidade foram conduzidos com simulador solar, constituído por uma câmara em conformidade às normas do ICH. Para avaliação do FPS, o método utilizado foi o teste in vitro por espectrofotometria desenvolvido por MANSUR e colaboradores. Na determinação do teor de filtro incorporado, as amostras foram analisadas no UV-Vis.

Resultado e discussão

As formulações com e sem quitosana apresentaram resultados positivos em relação à estabilidade. Destaca-se que a estabilidade não se deve somente a agitação, mas também pelos componentes empregados na formulação. No teste de absorbância, foi obtido o pico máximo de absorção em 363 nm na região UVA para o filtro solar benzoxazol em etanol com uma concentração de 4,6x10-5 mol L-1. E as formulações com e sem quitosana, obteve-se o pico máximo em 348 nm. Evidenciou-se um aumento de 60% da absorção nas faixas UVA e UVB, quando o filtro benzoxazol se encontra na formulação com quitosana. E na formulação sem quitosana, observa-se um aumento de 50% da absorção em relação ao filtro separadamente. Somente 10% deste resultado atribui-se a utilização de quitosana. No teste de fotoestabilidade, pode-se verificar através dos espectros que ambas formulações foram consideradas fotoestáveis, pois não houve alteração da absorbância no decorrer do teste. Na determinação do FPS segundo o método de MANSUR, obteve-se FPS 80 para formulação com quitosana, FPS 47 para formulação sem quitosana e FPS 40 para o filtro. Pois mesmo aumentando cinco vezes a concentração do filtro separadamente em etanol, o FPS ainda fica a metade do que na formulação com quitosana. Com isto observa-se que a utilização da quitosana e dos demais constituintes da formulação, influenciam positivamente no resultado do FPS. A partir da curva de calibração (y= 6197,5x+0,0188), realizou-se os cálculos do teor de filtro solar incorporado. Os resultados obtidos para as formulações com e sem quitosana foi de 573,45% e 371,2%, respectivamente, logo, o filtro solar benzoxazol encontra-se incorporado em ambas as formulações. Em relação ao incorporamento do filtro, a utilização de quitosana aumenta a eficácia de fotoproteção.

Espectro de absorção com comparação dos resultados

Espectro de absorção com comparação dos resultados das formulações com quitosana, sem quitosana e do filtro benzoxazol separadamente em etanol.

Conclusões

Uma formulação fotoprotetora estável à base de quitosana empregando o composto orgânico 2-(5’-amino-2’-hidroxifenil)benzoxazol como filtro solar foi obtida.Nos testes de estabilidade, as formulações com e sem quitosana não separaram fases. Em relação ao FPS, as formulações com e sem quitosana tiveram um aumento de 70% e 49% no FPS respectivamente, em relação ao filtro separadamente em etanol. No teste de fotoestabilidade, ambas formulações são fotoestáveis, pois não houve alteração da absorbância no decorrer do teste. A utilização de quitosana na formulação aumenta a eficácia de fotoproteção.

Agradecimentos

Agradeço em primeiro lugar a Deus, que me deu saúde. À minha orientadora, Prof.ª Dr.ª Dione Corrêa pela orientação e aos meus pais pelo apoio e estimulo.

Referências

BAILLO, V.P.; LIMA, A.C. Nanotecnologia aplicada à fotoproteção. Universidade Metodista de Piracicaba (UNIMEP). Revista Brasileira de Farmácia, 93(3), p. 271-278, 2012.
MANSUR, J.S.; BREDER, M.N.R.; MANSUR, M.C.A.; AZULAY, R.D. Determinação do fator de proteção solar por espectrofotometria. Anais Brasileiros de Dermatologia, Rio de Janeiro, v.61, p.121-124, 1986.
MILESI, S.S.; GUTERRES, S.S. Fatores Determinantes da Eficácia de Fotoprotetores. Faculdade de Farmá cia UFRGS, RS, Brasil. Caderno de Farmácia, v. 18, n. 2, p. 81 – 87, 2002.
NASCIMENTO, L.F.; SANTOS, E.P.; AGUIAR, A.P. Fotoprotetores Orgânicos: Pesquisa, Inovação e a Importância da Síntese Orgânica. Revista Virtual de Química, vol 6, nº. 2, p.190-223, 2013.

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