CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DO ÓLEO DE PALMA BRUTO (Elaeis guineensis, Jacq)
ISBN 978-85-85905-21-7
Área
Química Orgânica
Autores
Lourenço, T. (UFPA) ; Góes, R. (UFPA) ; Silva, I. (UFPA) ; Silva, G. (UFPA) ; Conceição, C. (UFPA) ; Castro, D. (UFPA) ; Ribeiro, H. (UFPA) ; Machado, N. (UFPA)
Resumo
O óleo de palma ou de Dendê é um óleo vegetal, extraído da palmeira Elaeis guineensis Jacquin da família das palmáceas. Este trabalho visa analisar parâmetros físico-químicos do óleo bruto, sendo eles: Índices de acidez, refração, saponificação, viscosidade e densidade. Os procedimentos basearam- se nos métodos da American Oil Chemists’ Society. No índice de acidez, usaram-se massas de 0,25g a 1,022g, resultando em intervalos de, aproximadamente, 24 a 25 e 15 a 18, para o KOH e NaOH, respectivamente. Nas temperaturas de 40 °C, 45°C, 50°C, 55°C e 60 °C, o índice de refração variou de 1,434 a 1,5 ,a viscosidade cinemática de 24 a 50 e a densidade oscilou de 974 a 967. Na saponificação, obteve-se uma média de 167,0508 unidades, abaixo da faixa padrão de 190 a 209 unidades.
Palavras chaves
Físico-química; Óleo; Palma
Introdução
Os ácidos graxos mais comuns na composição química dos óleos vegetais são o ácido palmítico, oleico e linoleico. O primeiro é encontrado em proporções que variam entre 40 a 50% da composição em ácidos graxos dos óleos provenientes dos frutos de certas espécies de palmeiras, como o óleo de palma (Elaeis guineenses). De acordo com sua oleaginosa de origem ou até mesmo com o seu local de cultivo, cada tipo de óleo possui propriedades físico-químicas específicas. (GARCIA,2006; ARDILA,2009) O dendezeiro é, entre as espécies oleaginosas, a de maior produtividade. Do fruto dessa palmeira é extraído o óleo de palma, o qual tem ocupado nos últimos anos, lugar de destaque na produção mundial de óleos e gorduras, especialmente no Pará (EMBRAPA,2011). A maior parte do biodiesel atualmente produzido no mundo deriva do óleo de soja, utilizando metanol e catalisador alcalino, porém, todos os óleos vegetais, enquadrados na categoria de óleos fixos ou triglicerídeos, podem ser transformados em biodiesel. Por isso é importante a procura de novas fontes vegetais para suprir as necessidades do mercado. (GERIS, 2007). Segundo a ANVISA, o azeite de dendê encontra-se na categoria de óleo e gorduras vegetais é um alimento de baixo risco a saúde, não sendo obrigatório o registro nesse órgão. Visando obter certo controle a maioria dos alimentos possui um Padrão de Identidade e Qualidade- PIQ, o qual desempenha a função de estabelecer normas e padrões, que oriente os produtores e órgãos de fiscalização. O azeite de dendê é objeto do controle da vigilância sanitária, devendo ser fiscalizado desde a sua fabricação, comercialização e consumo (BRASIL, 2000). Este trabalho visa analisar as características físico-químicas do óleo de Palma bruto.
Material e métodos
Como matéria prima de estudo usou-se óleo de palma. Para sua análise físico- química, foram utilizados cinco parâmetros, estes são: viscosidade cinemática, densidade, índice de acidez, índice de refração e índice de saponificação, conduzidas segundo a metodologia descrita no American Oil Chemists’ Society (AOCS, 2001). As amostras foram submetidas à análise em um viscosímetro cinemático AVS 350, SCHOTT segundo as normas ASTM 446, ASTM D 2515 e norma ISO 3105, o experimento ocorreu com temperaturas de 40°C a 60°C, fazendo variações de 5 em 5°C com o ajuste do banho termostático. As densidades foram aferidas por meio da metodologia oficial da ABNT NBR 7148, onde se adicionou o óleo de palma a 40°C no picnômetro, realizando-se o mesmo procedimento com a amostra a 45°C, 50°C, 55°C e 60°C. Os índices de acidez foram determinados seguindo o método oficial da AOCS Cd 3d-63 (AOCS, 2001), em 5 amostras. Os índices de refração foram determinados de acordo com o método oficial AOCS Cc 7-25 (AOCS,1990) com o auxílio de um refratômetro Analytik Jena acoplado a um Banho Termostático, com controle analógico de temperatura, o equipamento foi calibrado à 20°C e depois ajustado a temperatura do banho à 40°C, realizando-se a repetição do procedimento para temperaturas de 45°C, 50°C, 55°C e 60°C. Os índices de saponificação foram determinados pelo método oficial AOCS Cd 3-25 (AOCS,2001).
Resultado e discussão
Os valores calculados da viscosidade cinemática do óleo de palma estão na
Tabela 1, com a média dos valores de tempo (s) e viscosidade em mm2 para
cada amostra. No cálculo da viscosidade para o óleo de palma, foi desprezado
a correção da energia cinética que não mostrou alteração nos resultados,
assim, o óleo que foi submetido à análise se encontra bruto, não estando
refinado. Para a densidade, os dados apresentam-se na Tabela 2. Assim,
comparou-se com as densidades tabeladas, por meio da tabela de Propriedades
Físicas do Óleo de Palma, Agropalma*. Para a análise do índice de acidez,
calculando a média, tem-se que, para mg KOH/g, o valor do índice de acidez é
aproximadamente 24,34. Para mg NaOH/g, o valor é aproximadamente 17,35. O
valor para ácidos graxos livres (mg KOH/g), encontra-se acima do limite
estabelecido pela legislação nacional (10 mg KOH/g), de acordo com a Agência
Nacional de Vigilância Sanitária. Para o índice de refração das amostras,
tem-se que está diretamente relacionada à composição química e aos tipos de
ácidos graxos, tendo também ligação com o processamento e tipos de
tratamentos térmicos pelos quais foram submetidas (aumento da temperatura).
Para a análise do índice de saponificação, quanto maior for a massa, menor
será o volume gasto de HCl na titulação. Os valores discrepantes podem ter
ocorrido devido à falta de homogeneização do óleo de palma no momento da
coleta. Fazendo a média aritmética dos resultados obtidos para cada amostra,
tem-se que o índice de saponificação do óleo de palma analisado é de
aproximadamente 167,0508 mg de KOH/g, assim um pouco abaixo da faixa padrão
de 190 a 209 mg KOH/g estabelecida para o óleo de palma (Elaeis guineenses),
segundo RIBEIRO e SERAVALLI (2007).
Valores do cálculo da viscosidade cinemática.
Dados do processo da análise da densidade do óleo de Palma bruto.
Conclusões
Assim, para a análise, as variações de viscosidade estão na faixa satisfatória comparada à padrão. A densidade tende a diminuir com o aumento da temperatura, aparentando um aspecto mais líquido. Para o índice de refração, os valores estão abaixo da média dos índices verificados, de acordo com a ANVISA, indicando aumento com maior proporção de ácidos graxos, assim como para a análise do índice acidez, devido ao grau acelerado de deterioração. Sobre o índice de saponificação, a média está abaixo da faixa estabelecida, devido à prováveis erros.
Agradecimentos
Agradecimento à Universidade Federal do Pará, pela infraestrutura do Laboratório de Engenharia Química para realização do experimento.
Referências
ARDILA, Y. C. Sistemas de extração líquido-líquido para processos de purificação de biodiesel. 2009. [s.n.]. Dissertação de Mestrado – Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Engenharia Química, 2009.
BRASIL. Resolução da Diretoria Colegiada ANVISA nº 482, de 23 de setembro de 1999. Aprova o Regulamento Técnico para Fixação de Identidade e Qualidade de Óleos E Gorduras Vegetais, constante do anexo dessa Resolução. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, de 13 de out. de 1999b (Republicada dia 20 jun. 2000).
EMBRAPA. Palmas para o dendê. Agroenergia em revista. Disponível em http://www.cnpae.embrapa.br/imprensa/agroenergiaemrevista/AgroenergiaEmRevista_e d02.pdf. Ano II, n°2, 2011.
GARCIA, C. M. Transesterificação de Óleos Vegetais. Dissertação (Mestrado – Programa de Pós-Graduação em Química Inorgânica. Unicamp. 2006.
GERIS, R.; SANTOS, N.A.C.; AMARAL, B.A.; MAIA, I.S.; CASTRO, V.D. e CARVALHO, J.R.M. Biodiesel de soja - Reação de transesterificação para aulas práticas de química orgânica. Química Nova, v. 30, n. 5, 2007.