Síntese de Bis-naftoquinonas contendo o núcleo 1,2,3-triazólico com potencial atividade farmacológica
ISBN 978-85-85905-21-7
Área
Química Orgânica
Autores
Bortolot, C.S. (UFF) ; Ferreira, V.F. (UFF) ; da Silva, F.C. (UFF)
Resumo
Este trabalho tem como objetivo a síntese de novas bis-naftoquinonas e naftoxantenos conjugadas a aldeídos triazólicos. A síntese dos di-hidroxi-1,4- naftoquinonas, iniciou-se com a preparação dos 1,2,3-triazóis, pela reação de obtenção das azidas aromáticas, seguida por reação de cicloadição 1,3-dipolar gerando os alcoóis triazólicos. Posteriormente, estes foram oxidados à carboxaldeídos e foram reagidos com a lausona para formação das di-hidroxi- 1,4-naftoquinonas triazólicas. Em seguida, o tratamento das di-hidroxi-1,4- naftoquinonas com ácido sulfúrico permitiu a obtenção dos 1,2;1,4-naftoxatenos triazólicos. Todas as estruturas foram caracterizadas por ressonância magnética nuclear de 1H e 13C, infravermelho e massas.
Palavras chaves
lausona; triazol; xanteno
Introdução
As quinonas são compostos orgânicos geralmente coloridos e semivoláteis, que apresentam duas carbonilas em um anel insaturado de seis membros, e podem ser de origem natural ou sintética. Na natureza estão presentes em etapas importantes do ciclo de vida de seres vivos, como nas cadeias transportadora de elétrons e também participam de múltiplos processos oxidativos biológicos. Devido às suas funções bioquímicas celulares o interesse nessas substâncias tem-se intensificado nos últimos anos, e elas têm sido amplamente sintetizadas e estudadas na busca por compostos com atividades antitumorais, moluscicida, leischmanicida, anti-inflamatória, antifúngica e tripanocida. Os triazóis são heterociclos sintéticos que possuem três nitrogênios em suas estruturas. Estes compostos vêm sendo estudados no meio científico devido às suas proriedades quimioterapêuticas, antífúngicas e antibióticas. Os xantenos são compostos heterocíclicos de ocorrência natural e sintéticos que são de grande importância para química medicinal, pois possuem muitas aplicações biológicas tais como, antiviral, antibacteriano e antinflamatório. Estes compostos também podem ser usados como corantes fluorescentes e em tecnologias a laser.
Material e métodos
Para formação das azidas aromáticas foram usadas diferentes anilinas aromáticas substituídas, azida de Sódio, ácido clorídrico 6N e nitrito de sódio. A reação foi realizada à baixa temperatura. Após o término da reação a mistura foi extraída com acetato de etila e a fase orgânica foi lavada com uma solução saturada de bicarbonato de sódio, água e seca com sulfato de sódio anidro. O solvente foi evaporado a pressão reduzida em rotaevaporador e as azidas foram obtidas como um óleo amarelo. Posteriormente, realizou-se a síntese do álcool triazol com diferentes azidas aromáticas, sulfato de cobre pentahidratado, álcool propargílico e ascorbato de sódio em água e terc-butanol. A reação processou-se à temperatura ambiente, e após o término da reação a mistura foi extraída com acetato de etila. A fase orgânica combinada foi lavada com água destilada e seca com sulfato de sódio anidro. O solvente foi removido e o sólido resultante foi cromatografado em coluna de silicagel do tipo flash eluída em uma mistura de hexano/acetato de etila. Assim, o derivado triazólico foi obtido como um sólido. Para a oxidação de álcoois à aldeídos foi utilizado IBX e DMSO, à temperatura ambiente. Com todo o consumo do álcool, adicionou-se água no balão da reação, e deixou-se agitando por 10 minutos. Em seguida, filtrou-se a vácuo, lavando o sólido com acetato de etila. Então, transferiu-se todo o conteúdo do kitassato para o funil de separação e lavou-se com água. A fase aquosa foi lavada com acetato de etila para retirar resquícios de fase orgânica e a fase orgânica foi lavada com água e em seguida, secada com sulfato de sódio anidro. Filtrou-se e evaporou-se o solvente. Após, o solvente foi removido e o sólido resultante foi cromatografado em coluna de silicagel do tipo flash eluída em uma mistura de hexano/acetato de etila. Assim, o aldeído triazólico foi obtido como um sólido. Após, para a síntese das bisnaftoquinonas foram utilizados diferentes aldeídos e lausona em etanol/água 1:1 em refluxo. Ao término, resfriou-se a mistura à temperatura ambiente, e então verteu-se o conteúdo em água fria. O sólido produzido foi filtrado e armazenado em dessecador com pentóxido de fósforo. Por fim, para a formação dos naftoxantenos foram utilizadas diferentes bisquinonas em ácido sulfúrico. Após o término da reação, verteu-se a mistura em gelo e filtrou-se o sólido formado. A caracterização dos compostos foi realizada através dos métodos físicos de análise como espectroscopia de Ressonância Magnética Nuclear de Hidrogênio (RMN de 1H) a 300 e 500 MHz e de carbono 13 (RMN de 13C) a 75 e 125 MHz, por Espectroscopia de Infravermelho (IV) e por espectrometria de massas.
Resultado e discussão
Primeiramente, realizou-se a preparação dos aldeídos triazólicos 4 conforme a
rota sintética descrita no esquema 1, a partir das anilinas devidamente
substituídas pela reação de obtenção das azidas aromáticas 2 através de uma
reação de diazotação seguida de substituição nucleofílica. Em seguida, por uma
reação de cicloadição 1,3-dipolar gerou-se os alcoóis triazólicos 3. Por fim,
estes foram oxidados à carboxaldeídos 4.
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Esquema 1. Rota sintética para obtenção dos aldeídos triazólicos 4
Para obtenção das novas naftoquinonas 6, explorou-se a rota sintética a partir
da lausona 5 e do aldeído triazólico 4, que consiste em uma condensação de
Knovenagel, que passa pela geração de um intermediário in situ, o-quinona
metídeo seguido de uma alquilação redutiva que permite o acoplamento do núcleo
triazólico do aldeído à naftoquinona (Esquema 2).
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Esquema 2. Obtenção dos compostos 6 e 7
Esquema 1. Rota sintética para obtenção dos aldeídos triazólicos 4
Esquema 2. Obtenção dos compostos 6 e 7
Conclusões
O objetivo de sintetizar os derivados 1,2,3-triazólicos, foi alcançado com êxito e os rendimentos foram satisfatórios que posteriormente serão enviados para avaliação farmacológica destes derivados contra doenças infecciosas e em linhagens de células cancerígenas.
Agradecimentos
CAPES, CNPq, FAPERJ e FINEP.
Referências
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