AVALIAÇÃO DA ATRATIVIDADE DE COMPOSTOS VOLÁTEIS PARA FÊMEAS DE CERATITIS CAPITATA PARA FINS DE MONITORAMENTO E CONTROLE.
ISBN 978-85-85905-21-7
Área
Química Orgânica
Autores
Santos, J.L. (UFAL) ; Chicuta, C.P. (UFAL) ; Aquino, N.C. (UFAL) ; Silva, C.S. (UFAL) ; Ferreira, L.L. (UFAL) ; Tavares, R.F. (UFAL) ; Santos, J.C.G. (IFAL) ; Nascimento, R.R. (UFAL)
Resumo
Ceratitis capitata é uma espécie polífaga, cuja larva se alimenta da polpa dos frutos hospedeiros. O controle desta praga é realizado com atrativos alimentares ou iscas tóxicas, as quais são ineficientes porque atraem insetos não alvos e deixam resíduos nocivos ao homem e meio ambiente. Este estudo objetivou avaliar a atratividade de fêmeas desta espécie para formulações, em dois substratos de liberação, contendo substâncias comuns ao feromônio e ao fruto hospedeiro, a carambola. Os tratamentos em diferentes concentrações foram formulados nos substratos LE1 e LE2 e testados em ensaios em laboratório. As formulações eliciaram respostas em fêmeas de C. capitata em doses diferentes nos dois substratos, sendo que as formulações no substrato LE1 foram mais eficazes na atração de fêmeas.
Palavras chaves
mosca do mediterrâneo; compostos voláteis; atraentes de oviposição
Introdução
Ceratitis capitata é uma das espécies que mais gera prejuízos econômicos a fruticultura mundial sendo considerada uma praga polífaga, por se alimentar de muitas espécies de frutas e vegetais de diferentes regiões biogeográficas do planeta (MALAVASI et al., 2000; LIGHT et al., 1988; FLETCHER, 1989; ZUCCHI, 2000). Uma técnica recente que está sendo estudada para o controle de pragas na agricultura consiste no uso de compostos voláteis presentes no feromônio liberado por machos coespecíficos e cairomônios liberados por frutos hospedeiros preferenciais da praga. Neste processo, os compostos voláteis são impregnados em materiais conhecidos como liberadores, que devem possuir em sua estrutura características capazes de reter os compostos e libera-los de forma contínua, durante o período de captura do inseto-alvo, em armadilhas apropriadas (HEUSKIN et al., 2011). No Estado de Alagoas, Gonçalves (2006) relatou a ocorrência C. capitata em goiaba e carambola, e ainda observou a presença de compostos voláteis comuns entre o feromônio sexual de C. capitata e o fruto de carambola, a saber: 2-hexanona, cis-ocimeno e 4-octenoato de etila. O presente trabalho avaliou a atratividade de fêmeas de C. capitata, para formulações contendo os compostos comuns entre o feromônio liberado por machos de C. capitata e seu fruto hospedeiro preferencial, carambola, bem como testou estas formulações em dois substratos denominados LE1 e LE2 em condições de laboratório, comparando a eficiência de liberação destes substratos.
Material e métodos
Fêmeas acasaladas de C. capitata foram obtidas de população estabelecida e mantida no laboratório de Ecologia Química-IQB-UFAL. Frutos sadios de carambola, foram coletados em pomares domésticos localizados no município de Maceió/AL e submetidos à técnica de aeração por 24 horas, com um fluxo de ar constante de 0,5 L/min. Em seguida a dessorção destes compostos foi feita com 3,0 mL de hexano bidestilado, para posterior emprego como tratamento testemunha em ensaios comportamentais. Os compostos sintéticos: 2-hexanona, cis-ocimeno e 4-octenoato de etila foram obtidos comercialmente (Sigma Aldrich-Brasil) e diluídos em hexano para obtenção de soluções nas concentrações de 0,2 μL/mL, 0,02 μL/mL, 0,002 μL/mL. Três misturas binárias denominadas de MB1, MB2 e MB3 (2-hexanona + cis-ocimeno; 2-hexanona + 4-octenoato de etila; cis-ocimeno + 4-octenoato de etila, respectivamente) e uma ternária (2-hexanona + cis-ocimeno + 4-octenoato de etila), nas doses de 10 ng, 1 ng e 0,1 ng, foram formuladas nos substratos LE1 e LE2 através da adsorção de 50 μL destas soluções, por 24h à 25ºC. Bioensaios comportamentais foram conduzidos em arena de vidro para avaliar a atratividade das fêmeas acasaladas para as formulações no período da manhã, com duração de 20min. Os resultados dos bioensaios foram submetidos a análises estatísticas, a fim de verificar quais formulações influenciaram na exibição do comportamento de atração.
Resultado e discussão
As formulações dos compostos 2-hexanona, cis-ocimeno e 4-octenoato de etila no substrato LE1, nas doses de 10 ng e 1 ng, atraíram as fêmeas com diferenças significativas, sendo que o 4-octenoato de etila apresentou maior atração em fêmeas. No substrato LE2, a atratividade foi registrada apenas para 2-hexanona e cis-ocimeno em todas as doses testadas. Neste substrato o composto 4-octenoato de etila não apresentou diferença significativa em nenhuma dose, o que pode ser justificado pela falta de interação efetiva entre o composto e este substrato (Figura 1). As misturas binárias em todas as doses desencadearam resposta comportamental em fêmeas (Figura 2). No substrato LE1, as misturas binárias MB1 (2-hexanona + cis-ocimeno) e MB2 (2-hexanona + 4-octenoato de etila) nas doses de 1,0 ng e 0,1 ng eliciaram resposta comportamental com diferenças significativas. Entretanto, a mistura MB3 contendo cis-ocimeno e 4-octenoato de etila desencadeou resposta comportamental significativa apenas na dose de 0,1 ng (Figura 2). Quando esssas misturas foram liberadas a partir do substrato LE2, apenas MB1 nas doses de 10,0 ng e 0,1 ng e MB3 nas doses de 10,0 ng e 1,0 ng desencadearam respostas comportamentais com diferenças significativas (Figura 2). A mistura ternária dos compostos, nas doses testadas, quando liberada pelos dois substratos não desencadeou resposta comportamental significativa (Figura 2). Pelo exposto, sugere-se que a adição de algum composto esteja inibindo a atratividade para esta mistura, visto que houve atração para formulações contendo as misturas binárias e compostos individuais. Além disso, a eficiência de um bom liberador está diretamente relacionada a sua interação efetiva com o material nele adsorvido (SEID et al., 2008).
ns - ausência de diferenças significativas; */** diferenças significativas ao nível de 5% e 1% de probabilidade, respectivamente.
ns - ausência de diferenças significativas; */** diferenças significativas ao nível de 5% e 1% de probabilidade, respectivamente.
Conclusões
Pelo exposto, conclui-se que as formulações testadas são eficientes na atração de fêmeas acasaladas de C. capitata. Observa-se entretanto que a atração destas está relacionada à interação com o substrato de liberação. O substato LE1, é o mais adequado para formulação dos compostos 2-hexanona, cis-ocimeno e 4-octenoato de etila. Por outro lado, no substrato LE2, o composto 4-octenoato de etila, bem como a mistura deste com a 2-hexanona, apresentou uma menor atratividade, a qual provavelmente pode ser explicada pela fraca interação entre composto e substrato.
Agradecimentos
CNPq, CAPES, IAEA, IQB-UFAL e IQF-UFPE.
Referências
FLETCHER, B.S. Life history strategies of tephritid fruit flies. In: ROBINSON, A.S., Hooper G, editor. Fruit flies, their biology, natural enemies and control. 3B. Amsterdam: Elsevier Science Publishers; p. 195-208. 1989.
GONÇALVES, G.B. Identificação de constituintes voláteis das glândulas salivares de machos de Ceratitis capitata e Anastrepha obliqua (Diptera: Tephritidae) e de seu hospedeiro Averrhoa carambola L. Tese de Doutorado em Química. Instituto de Química e Biotecnologia, Universidade Federal de Alagoas, Maceió. 2006.
HEUSKIN, S. et al. The use of semiochemical slow-release devices in integrated pest management strategies. Biotechnol. Agron. Soc. Environ. v. 15, n. 3, p. 459-470, 2011.
MALAVASI, A.; ZUCCHI, R. A.; SUGAYAMA, R. L. Biogeografia In: MALAVASI, A.; ZUCCHI, R. A. Org. Moscas das frutas de Importância Econômica no Brasil. Ribeirão Preto: Holos, p. 93-98. 2000.
LIGHT, D. M.; JANG, E.B. e DICKENS, J. C. Electroantennogram Response of the Mediterranean Fruit Fly, Ceratitis capitata, to a Spectrum of Plant Volatiles. Journal of chemical Ecology v.14. p. 159-180. 1998.
ZUCCHI, R.A. Espécies de Anastrepha, Sinonímias, Plantas hospedeiras e Parasitoides. In: MALAVASI, A. & ZUCCHI, R.A. (Ed.). Moscas das frutas de importância econômica no Brasil. Ribeirão Preto: Holos, p.41-48. 2000.
SEID, M. J.; ELHAM, A.; BHESH, B.; YINGHE, H. Nano-particle encapsulation of fish oil by spray drying. Food Research International, v. 41, n. 2, p. 172-183, Nov. 2008. ISSN: 0963-9969.