ISBN 978-85-85905-19-4
Área
Produtos Naturais
Autores
Castro, A.C. (UFMA) ; Viégas, H.D.C. (UFMA) ; Teles, A.M. (UFMA) ; Nascimento, A.R. (UFMA)
Resumo
A atividade antibacteriana in vitro do óleo essencial extraídos das folhas de capim-limão (Cymbopogon citratus) foi verificada por meio da técnica de difusão de discos em placas contendo meio de cultura Mueller-Hinton contaminadas com as bactérias Staphylococcus aureus, Eschericha coli, Listeria moncytogenes. Verificou-se que o óleo essencial testado apresentou halos de inibição significativos frente às cepas de S. aureus e L. moncytogenes estudadas, sendo caracterizado como efetivo no controle do desenvolvimento bacteriano destes microrganismos.
Palavras chaves
antimicrobianos naturais; patógenos; resistência bacteriana
Introdução
O uso das plantas como agentes medicinais é conhecido desde a mais remota antiguidade. No entanto, desde o advento da revolução industrial em associação com o desenvolvimento da química orgânica, tem crescido a preferência por substâncias sintéticas para conservação de alimentos e tratamentos farmacológicos, como antibióticos, de tal modo que quase não se verifica o uso de plantas e seus derivados como antimicrobianos (NASCIMENTO, 2004). Atualmente, é possível verificar um progressivo surgimento de cepas resistentes a antimicrobianos sintéticos em todos os campos de estudo da microbiologia, sendo a utilização abusiva dos antibióticos sintéticos o principal fator responsável por este fenômeno de resistência (MOTA, 2010). Conhecido popularmente como capim limão ou capim de cheiro, o Cymbopogon citratus é uma planta de origem indiana e largamente distribuída nos países de clima tropical. O chá das folhas de C. citratus apresenta larga utilização no combate ao nervosismo, febre, tosse e dores diversas (dor de cabeça, abdominais, reumáticas) e alterações digestivas como dispepsia e flatulência (COSTA et al., 2005). Tendo em vista a problemática da resistência microbiana aos medicamentos e conservantes convencionais, esta pesquisa visa contribuir com os dados observados sobre a atividade antimicrobiana de óleo essencial de C. citratus frente à Escherichia coli, Staphylococcus aureus e Listeria monocytogenes isolados a partir de leite in natura.
Material e métodos
As folhas de C. citratus foram colhidas e submetidas à secagem por exposição ao sol. O material foi encaminhado ao Laboratório de Microbiologia do Programa de Controle de Alimentos e Água - UFMA, onde foram fragmentadas e submetidas ao processo de hidrodestilação utilizando-se um extrator de Clevenger. O óleo obtido foi seco através da adição de Na2SO4 e armazenado sob refrigeração. Para verificação da atividade antimicrobiana do óleo, cepas teste de S. aureus, E. coli e L. monocytogenes , previamente isoladas de leite in natura foram ativadas em caldo BHI e, após o período de incubação, semeadas em placas contendo ágar Mueller-Hinton. À superfície das placas, foram aderidos, com o auxílio de uma pinça, pequenos discos estéreis embebidos com 0,1 mL do óleo extraído. As placas foram incubadas em estufa bacteriológica a 35ºC por 24 horas, procedendo-se com a leitura dos halos de inibição após esse período (BAUER, et al., 1966). Os resultados foram interpretados de acordo com os parâmetros estabelecido por Ponce et al (2003). Com base no diâmetro dos halos de inibição, os autores classificam o micro-organismo como não sensível (≤ 8 mm), sensível (9-14 mm), muito sensível (15- 19 mm) e extremamente sensível (≥20 mm).
Resultado e discussão
No teste de susceptibilidade frente ao S. aureus, óleo do C. citratus
apresentou halos de inibição de 14,0 a 21,0 mm, resultados estes considerados de
muito bons a extremamente bons por Ponce et al. (2003).
Diversas pesquisas têm demonstrado a eficácia do óleo das folhas do C.
citratus frente ao S. aureus. Mayaud et al. (2008) e Okigbo e Mmeka
(2008) constataram atividade muito boa no combate ao S. aureus obtendo halos
de inibição de até 26,0 mm.
Os resultados obtidos para a E. coli foram pouco significativos uma vez que o
óleo sequer apresentou atividade frente a algumas das cepas utilizadas. Os demais
resultados para esta bactéria consistiram em atividade bacteriostática, onde houve
apenas um retardamento no crescimento do microrganismo. Observou-se também a
presença de halos inferiores a 8,0 mm, classificando a cepa como não sensível (Ponce
et al., 2003). Em contraposição a este estudo, Schuck et al. (2001) obtiveram
resultados significativos frente à E. coli ao avaliar a atividade bactericida
do óleo de C. citratus, com halos de inibição variando entre 12,0 e 16,0 mm.
Resultados consideráveis também foram observados frente às cepas de L.
monocytogenes estudadas, com halos compreendidos entre 12,0 e 20,0 mm.
De acordo com Heyder e Silva (2004), estudos da atividade antibacteriana do óleo
essencial de C. citratus têm mostrado maior efetividade do óleo contra
bactérias Gram-positivas do que Gram-negativas, concordando com esta pesquisa, onde
verificou-se maior susceptibilidade da L. monocytogenes e S. aureus ao
óleo, em comparação com a E. coli.
A atividade antimicrobiana.do óleo estudado é atribuída ao citral, composto
majoritário, variando de 70-80% (Carriconde et al., 1995).
Conclusões
O óleo essencial estudado apresentou uma ação bactericida significativa frente aos microrganismos testados, com exceção da E. coli, sobre a qual se observou ausência de inibição ou apenas atividade bacteriostática. Esta pesquisa serve como base para o desenvolvimento de estudos toxicológicos adequados a fim de verificar a possibilidade de aplicação do óleo de capim limão no combate a tais microrganismos na indústria de fármacos e conservantes de alimentos, dada a sua aplicação na medicina natural.
Agradecimentos
FAPEMA, UFMA, FSADU.
Referências
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