ISBN 978-85-85905-19-4
Área
Produtos Naturais
Autores
Nunes Barroso, A.B. (IFRJ) ; de Souza Torquilho, H. (IFRJ) ; Ribeiro Bobeda, C.R. (IFRJ) ; de Oliveira Godoy, R.L. (EMBRAPA) ; Pereira da Silva, A.M. (IFRJ) ; Bomfim Barreto Junior, C. (IFRJ)
Resumo
A espécie Sambucus australis CHAM & SCHLTDL pertence a família Caprifoliaceae e é uma planta medicinal popularmente conhecida. Até este momento há poucos relatos na literatura do estudo da composição química desse Sabugueiro. Este estudo tem como objetivo extrair e analisar a composição química das folhas do Sabugueiro de ocorrência do IFRJ Campus Nilópolis, na tentativa de encontrar os constituintes que expliquem sua ação farmacológica. Utilizando a técnica de Flash Purification para a separação de seus constituintes químicos e as frações obtidas foram analisadas por Cromatografia Gasosa acoplada à Espectrometria de Massas. Com base nos dados da espectroteca NIST e o tempo de retenção dos padrões de n-alcanos o componente majoritário identificado foi um diterpeno alcoólico.
Palavras chaves
Sabugueiro; Composição; CG-EM
Introdução
A biodiversidade brasileira não é conhecida com precisão, estimando-se a existência de mais de dois milhões de espécies distintas, mesmo assim o Brasil é o país com maior diversidade genética vegetal do mundo, (SOUZA, 2010). As plantas foram à única fonte de agentes terapêuticos para o homem durante muito tempo, é uma fonte importante de produtos naturais biologicamente ativos, (SIMÕES, 2002). Sambucus pertence à família Caprifoliaceae. O único gênero com espécies nativas na América do Sul é o Sambucus que possui aproximadamente 25 espécies, entre estas estão Sambucus australis (de origem nativa) e Sambucus Nigra (de origem européia) que são espécies referidas como medicinais, (SCOPEL, 2007). Sambucus australis CHAM. & SCHLTDL., popularmente conhecida como Sabugueiro-do-rio-grande ou Sabugueiro-do-brasil. É uma planta medicinal nativa no Brasil, ocorrendo nas regiões Nordeste e Sudeste até o Rio Grande do Sul. Suas flores são utilizadas na medicina popular sob a forma de infusão ou decocção, como diuréticas, antipiréticas, anti-inflamatórias, laxativo leve e no tratamento de doenças do aparelho respiratório, (NUNES, 2007). BARROS (2007), já relatou a dificuldade de estudos sobre a espécie Sambucus australis que garantam segurança e eficácia para o uso popular, e em nosso estudo também não encontramos estudos na literatura para tal uso. Este estudo tem como objetivo extrair e analisar a composição química das partes aéreas (folhas) do Sabugueiro, na tentativa de encontrar os constituintes que expliquem sua ação farmacológica. Utilizando a técnica de Flash Purification para a separação e a técnica de Cromatografia Gasosa acoplada à Espectrometria de Massas (CG-EM) para a identificação de seus constituintes químicos.
Material e métodos
A espécie Sambucus australis CHAM. & SCHLTDL., cultivada e coletada no Horto do IFRJ, Campus Nilópolis possui sua exsicata depositada no herbário do Departamento de Biologia no Centro de Ciência e Saúde da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Suas folhas foram submetidas à técnica de maceração com metanol durante 7 dias. O extrato metanóico foi evaporado até a obtenção do extrato bruto e este foi levado para purificação através da técnica de Flash Purification. A técnica de Flash Purification foi conduzida no Laboratório de Pesquisa do IFRJ, Campus Rio de Janeiro. Utilizou-se um equipamento IsoleraTM da marca Biotage. A Flash Purification é uma técnica de separação à vácuo dos componentes químicos, com o auxílio de uma coluna compacta de sílica, através da diferença de polaridade utilizando os seguintes solventes: hexano 60%, acetato de etila 40% e etanol 100%, simultaneamente com a diferença de comprimento de onda das substâncias (detector UV de 254 nm e 280 nm). As frações obtidas na Flash Purification foram analisadas através da Cromatografia Gasosa acoplada à Espectrometria de Massas (CG-EM) no laboratório da Central Analítica do IFRJ Campus Nilópolis. O detector de massa foi operado em modo de ionização de elétrons a 70eV. O extrato bruto solubilizado em metanol e o padrão de n-alcanos também foram conduzidos à técnica de Cromatografia Gasosa acoplada à Espectrometria de Massas (CG-EM) e identificação de seus componentes se deu pela comparação com a biblioteca espectral (NIST) e o tempo de retenção das substâncias.
Resultado e discussão
Das 103 frações obtidas pela Flash Purification, observou-se uma diferença de
comprimento de onda e de concentração a partir da fração 22, assim sendo essa
foi a fração escolhida para ser analisada por CG-DSM.
Observamos, através do perfil cromatográfico da fração 22 (Figura 1) e
do extrato bruto metanóico (Figura 2), a presença de um componente majoritário
que aparece com tempo de retenção de 26 e 26 minutos respectivamente. Após a
comparação com a biblioteca espectral (NIST) e o tempo de retenção do padrão
de n-alcanos identificamos um diterpeno alcoólico.
Figura 1 – Cromatograma de íons totais dos componentes da fração 22 obtida pela técnica de Flash Purification.
Figura 2 – Cromatograma de íons totais dos componentes do extrato bruto metanóico.
Conclusões
Com esses resultados concluímos que possivelmente um dos componentes químicos do Sabugueiro é um diterpeno, porém outros estudos estão sendo feitos a fim de confirmar essa identificação e identificar outros componentes.
Agradecimentos
IFRJ, Cnpq e Embrapa.
Referências
BARROS, F. M. C. de; PEREIRA, K. N.; ZANETTI, G. D.; HEINZMANN, B. M. Plantas de uso medicinal no município de São Luiz Gonzaga, RS, Brasil. Latin American Journal of Pharmacy, Santa Maria, v.26, n.4, p.652-62, maio 2007.
NUNES, E.; SCOPEL, M.; VIGNOLI-SILVA, M.; VENDRUSCOLO, G. S. et al. Caracterização farmacobotânica das espécies de Sambucus (Caprifoliaceae) utilizadas como medicinais no Brasil. Parte II. Sambucus australis CHAM. & SCHLTDL. Revista Brasileira de Farmacognosia, Porto Alegre, v.17, n.3, p.414-425, set. 2007.
SCOPEL, M.; NUNES, E.; VIGNOLI-SILVA, M.; VENDRUSCOLO, G. S. et al. Caracterização farmacobotânica das espécies de Sambucus (Caprifoliaceae) utilizadas como medicinais no Brasil. Parte I. Sambucus nigra L. Revista Brasileira de Farmacognosia, Porto Alegre, v.17, n.2, junho 2007.
SIMÕES, C. M. O.; SCHENKEL, E. P. A pesquisa e a produção brasileira de medicamentos a partir de plantas medicinais: a necessária interação da indústria com a academia. Revista Brasileira de Farmacognosia, Florianópolis, v.12, n.1, p.35-40, 2002.
SOUZA, S. A. M.; MEIRA, M. R.; FIGUEIREDO, L. S. de; MARTINS, E. R. Óleos essenciais: aspectos econômicos e sustentáveis. Enciclopédia Biosfera, Centro Científico Conhecer, Goiânia, v.6, n.10, nov. 2010.