ISBN 978-85-85905-19-4
Área
Produtos Naturais
Autores
Ribeiro, E. (UNIFAP) ; Dias, T. (UNIFAP) ; Azevedo, L. (UNIFAP) ; Ramos, R. (UNIFAP) ; Almeida, S. (UNIFAP) ; Rodrigues, A. (UNIFAP)
Resumo
Esse estudo objetivou avaliar o perfil fitoquímico e o potencial citotóxico do extrato bruto aquoso de A. triplinervis. As amostras foram coletadas e identificadas, o extrato aquoso bruto foi preparado por hidrodestilação e seco sob pressão reduzida. A prospecção fitoquímica avaliou a presença das classes de metabólitos secundários por ensaio qualitativo. O ensaio preliminar de citotoxicidade foi realizado frente a larva de A. salina usando extrato bruto em diferentes concentrações. Os resultados indicaram presença de saponinas, açúcares redutores, proteínas e aminoácidos, fenóis e taninos, alcaloides, derivados de cumarina e antraquinonas e o ensaio de toxicidade preliminar indicou uma a CL50= 2125,41 µg.mL-1, indicando os metabólitos secundários do extrato bruto aquoso como não tóxicos.
Palavras chaves
Plantas medicinais; Bioprodutos; Toxicidade Preliminar
Introdução
Espécie conhecida popularmente como Japana-branca ou Japana-roxa, é indicada pela medicina tradicional para o tratamento de doenças como cólera, tétano e lepra (MAIA; ANDRADE, 2009). Gupta et al. (2002) relataram o uso na Índia das folhas pela medicina tradicional como laxante, estimulante cardíaco e anticoagulante, além de indicarem a presença de cumarinas, esteroides, carotenoides em extratos das folhas. Originária da América do Sul, a A. triplinervis pode ser encontrada no Brasil, Equador, Peru, Porto Rico e Guianas, além de estar adaptada em outros países como Índia e Vietnam (GAUVIN-BIALECKI; MARADON, 2009). Na literatura observa-se frequentemente a necessidade de informações cientificamente embasadas que diferenciem a fitoquímica e a bioatividade dos morfotipos da espécie. Entre essas bioatividades, um parâmetro importante é a toxicidade dos extratos, a utilização de cisto em ecotoxicologia é altamente vantajosa sempre que os bioensaios são rotineiramente exigidos para investigar a toxicidade preliminar, assim como a disponibilidade dos organismos para ensaio, o baixo custo e a facilidade de uso, apresentando-se como um método eficiente para avaliar contaminação ambiental, qualidade da água e toxicidade de biocida (SANTOS, et al., 2010). Os bioensaios são amplamente utilizados em produtos farmacêuticos, inseticidas organofosforados, micotoxinas, testes de toxicidade em zona costeira, marítima e estuarinas, avaliação de compostos fenólicos em efluentes industriais, entre outros (NUNES, et al.; 2006). Desse modo, o objetivo é realizar um estudo fitoquímico e avaliar o potencial citotóxico do morfotipo A da espécie Ayapana triplinervis (Japana-Branca).
Material e métodos
Amostras de A. triplinervis foram coletadas no Distrito da Fazendinha (S 0O 03´69.55” e W 51O 11’03.77’’), em Macapá-AP, e sua exsicata foi identificada e depositada no Herbário Amapaense sob o número ABL001-HAMAB. O extrato aquoso bruto (EAB) foi obtido na relação 1/20 (m/v) em hidrodestilação em aparelho do tipo Clevenger a 100 OC por 2 horas, concentrado sobre pressão reduzida e diluído nos solventes e em concentrações adequadas para os ensaios fitoquímicos e biológicos (PINHEIRO, et al.; 2015). Na prospecção fitoquímica foi avaliado a presença de saponinas, ácidos orgânicos, polissacarídeos, açúcares redutores, proteínas e aminoácidos, fenóis e taninos, flavonoides, alcaloides, carotenoides, catequinas, purinas, glicosídeos cardíacos, sesquiterpenoides, azulenos, depsideos e depsonas, derivados de cumarinas e antraquinonas (BARBOSA, et al.; 2001). Para o ensaio de citotoxicidade, 45 mg de ovos de Artemia salina Leach. foram encubadas em sala escura sob luz artificial em solução salina na concentração de 35 g/L por 24 horas para eclosão dos náuplios. Em seguidas, os náuplios foram separados e armazenados por 24 horas em sala escura até desenvolverem-se ao estágio de metanáuplios. Posteriormente, 10 metanáuplios foram adicionados em solução salina do EBA nas concentrações de 3.125; 2.500; 1.250; 625; 250; 25 e 2,5 µg.mL-1 com 5% de Dimetilsulfóxido (DMSO) e no controle negativos (LOBO, et al.; 2010). O ensaio foi realizado em triplicata e o percentual de mortalidade foi avaliado em um interstício de 24 horas utilizando a análise PROBIT do software SPSS®.
Resultado e discussão
A análise fitoquímica qualitativa indicou a presença de saponinas, açúcares redutores, proteínas e aminoácidos, fenóis e taninos, alcaloides, derivados de cumarina e antraquinonas, de acordo com a tabela I. A análise toxicológica preliminar em A. salina estima a citotoxicidade do extrato através da determinação da concentração letal em 50% da população de metanáuplios (CL50) (PINHEIRO, et al.; 2015). A relação entre mortalidade de A. salina e a concentração do EBA de A. triplinervis demostrou um percentual de mortalidade equivalente a 79,63% na maior concentração avaliada, e 0,61% na menor. O tratamento estatístico indicou um p-valor altamente significativo (0.0004) e determinou CL50= 2125,41 µg.mL-1. De acordo com Nguta et al. (2011), o EBA de A. triplinervis é considerado atóxico, pois a CL50 foi superior a 1000 µg.mL-1, como demonstra a tabela II. Em estudos realizados por Ramos, Rodrigues e Almeida (2014) que avaliaram a toxicidade preliminar em A. salina de extrato etanólico de cascas de L. macrophylla Bank. na APA da Fazendinha (Macapá-AP), demonstraram um CL50 = 1.253 µg.mL-1. Pinheiro et al. (2015), avaliando a espécie o extrato bruto aquoso da A. oleracea, pertencente à mesma família da A. triplinervis e coletada na mesma região, determinaram um CL50 = 730 µg.mL 1, ambos praticamente atóxicos ou não tóxicos que sustentam os resultados desse estudo.
Figura I - Análise fitoquímica qualitativa
Figura II - Percentual de mortalidade
Conclusões
A prospecção fitoquímica do extrato aquoso bruto do morfotipo A de A. triplinervis indicou a presença de classes de metabólitos secundários com atividade biológica de importância reconhecida para a indústria de alimentos e farmacêutica. Tais resultados, aliado com a indicação dos aspectos preliminares de ausência de citotoxicidade podem subsidiar a inserção de bioprodutos que incentivem o uso racional do patrimônio genético da Amazônia, promovendo o desenvolvimento científico e tecnológico dessa região.
Agradecimentos
Agradeço ao professor orientador por ter paciência e bom ânimo para ensinar e ajudar, e também à UNIFAP por disponibilizar o laboratório de Farmacognosia e Fitoquímica pa
Referências
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