Análise de compostos voláteis da sapota-do-solimões.

ISBN 978-85-85905-19-4

Área

Produtos Naturais

Autores

Silva, C.R.P. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS) ; Silva, J.R.A. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS)

Resumo

A sapota-do-solimões é uma espécie da família Bombacaceae encontrada na América do Sul em países como Brasil, Venezuela, Colômbia. É predominante na Amazônia brasileira e cultivada em algumas regiões. Possui sabor próprio e características semelhantes a outras frutas popularmente conhecidas. Esta fruta possui potencial econômico promissor, porém poucos estudos foram realizados buscando evidenciar seu potencial assim como outras espécies da família Bombacaceae. Portanto este trabalho tem como objetivo realizar um estudo desta espécie a partir de análises cromatográficas buscando determinar seu perfil aromático. A partir destas análises a sapota-do-solimões apresentou compostos importantes que caracterizam seu perfil aromático.

Palavras chaves

Cromatogafia; Aromas; Frutos

Introdução

A sapota sp. é um fruto da família Bombacaceae nativo da Amazônia brasileira encontrada no Brasil e países vizinhos sendo conhecido por denominações distintas (PAOLI & NASCIMENTO, 2004). As árvores desta espécie são de grande porte tendo medidas que variam de 25 a 30 metros de altura em média nas regiões de cultivo e em áreas isoladas podem ultrapassar 40 metros de altura (CAVALCANTE, 1991). A sapota sp. é muito apreciada na região amazônica, possui uma polpa amarela de sabor adocicado que pode ser consumida “in natura” e também na forma de sucos; possui também uma casca espessa onde sua parte interna pode ser utilizada para produzir doces em calda (CASTRO et al, 2003). Seu sabor tem como característica semelhanças com outras frutas popularmente conhecidas como mamão, manga, coco e abacate (BRAGA, et al, 2003.As espécies pertencentes a família Bombacaceae não possuem muitos estudos químicos realizados, ainda assim, alguns frutos desta família se mostram economicamente importantes devido seu bom potencial de comercialização (PAULA et. al., 1997). No município de Tefé – AM a sapota- do-solimões pode ser facilmente encontrada, pois é comercializada em mercados e feiras livres (BRAGA, et. al., 2003). Devido as características particulares e assumindo que não há estudos suficientes da sapota-do solimões, foram realizadas análises almejando determinar o potencial deste fruto. O presente trabalho tem como objetivo avaliar o perfil aromático da sapota-do-solimões por meio da extração de compostos voláteis por HEADSPACE- SPME/CG-EM.

Material e métodos

As amostras foram analisadas no Laboratório de Produtos Naturais na Universidade Federal do Amazonas, Manaus–AM, Brasil. As análises foram feitas por cromatografia gasosa acoplada no Espectrômetro de Massas (CG-EM) com auxílio de um cromatógrafo a gás Shimadizu GCMS-QP2012 equipado com um detector de massa seletivo, usando como coluna capilar DB-5MS (30 m x 0,25 mm de diâmetro, 0,25 μm de espessura de filme). A extração dos compostos voláteis foi realizada pelo método de micro- extração em fase sólida (SPME) com auxílio de um dispositivo SPME (Supelco, Bellefonte, PA, EUA) contendo uma fibra de sílica fundida (comprimento 10 mm). As amostras dos frutos frescos (casca e polpa) foram descongeladas e cortados em partes finas, realizadas manualmente, com auxílio de facas. O método foi realizado conforme descrito por FACUNDO et al., 2011, com algumas modificações. Para análise a captura em headspace, a fibra utilizada foi a PDMS 100μm (Polidimetilsiloxano), a qual foi pré-condicionada a 260 °C durante 30 minutos, seguindo as especificações do fabricante e a PDMS-DVB. A fibra do dispositivo SPME foi dessorvida e mantida na porta de injeção a 260 °C durante 10 minutos. Cada extração foi injetada no modo splitless. A temperatura do forno foi mantida a 40 °C durante 5 minutos, depois aumentada para 290 °C a uma taxa de 7 °C por minuto e mantida a 290 °C durante 10 minutos. Utilizou-se hélio como gás de arraste e modo de injeção splitless. O espectro de massa foi operado em modo de impacto de elétrons (EI) a 70 eV, digitalizando o intervalo de 35-550 m/z, e a temperatura da fonte iônica foi de 200°C. Para cada uma das extrações foram necessários 3g do fruto, juntamente com NaCl (25%: 0,75g por 3g do fruto) e 5mL de água Milli-Q.

Resultado e discussão

A identificação dos compostos voláteis foi realizada utilizando a cromatografia gasosa acoplada a espectrometria de massas (CG-EM) e as comparações de seus espectros de massa com os registros na base de dados Wiley 275L conforme descrito na metodologia. As figuras 1 e 2 representam os cromatogramas obtidos da casca e polpa da Matisia cordata a partir da extração com a fibra PDMS e as figuras 3 e 4 representam os cromatogramas obtidos da casca e polpa da Matisia cordata a partir da extração com a fibra PDMS-DVB. A partir das análises foram identificados 28 compostos na casca e 30 compostos na polpa com, dentre eles 2 álcoois, 8 terpenos, 17 ésteres, 3 alcanos, 3 aldeídos, 3 éteres e 2 cetonas. Na extração com a fibra PSMS-DVB foram identificados 30 compostos na casca e 9 compostos na polpa, dentre eles 1 álcool, 18 terpenos, 7 ésteres, 4 aldeídos, 2 éteres e 1 cetona. As classes majoritárias foram os ésteres e terpenos, sendo o último encontrado em maior quantidade na casca do fruto. Com base nos espectros de massa, a casca foi a principal detentora de compostos voláteis identificados tendo como compostos majoritários a presença de Eucaliptol, safrol e trans-cariofileno e na polpa os principais compostos majoritários foram o benzoato de metila e o benzoato de etila. Além dos compostos majoritários foram detectados também compostos aromáticos como o Linalol, utilizado em óleos essenciais; o 2-noneal, um aldeído com odor marcante; o mentol, também chamado de cânfora de hortelã, é um importante composto aromático utilizado na produção de aromatizantes e medicamentos; α–Humuleno, presentes na composição de óleos essenciais como o óleo de sucupira.

Figura 1

Cromatogramas obtidos através das análises da casca e polpa da sapota-do-solimões por HEADSPACE- SPME/CG-EM utilizando a fibra PDMS.

Figura 2

Cromatogramas obtidos através das análises da casca e polpa da sapota-do-solimões por HEADSPACE- SPME/CG-EM utilizando a fibra PDMS-DVB.

Conclusões

A sapota-do-solimões (Matisia cordata) é um fruto com potencial econômico promissor tendo em vista de sua popularidade e apreciação em regiões de cultivo motivadas pelo sabor e aroma particular do fruto. Suas características aromáticas são formadas por compostos bastante utilizados na indústria, sendo este, outro ponto importante que torna este fruto promissor. A sapota-do-solimões pode ser uma matéria prima importante para a indústria que tem buscado inovações a partir de produtos naturais. Seu perfil aromático pode ser avaliado visando futuras aplicações na produção de aditivos.

Agradecimentos

Referências

NASCIMENTO, W.M.O; PAOLI, A.A.S. Morfologia e anatomia do fruto em desenvolvimento de Matisia cordata (Humb. & BONPL. – BOMBACACEAE). 2004. Departamento de Botânica - Instituto de Biociências – UNESP, Belém, Pará.

BRAGA, L. F.; SOUSA, M. P.; CAMPOS, S. C. B.; ISEPON, J. S.; MARINHO, H. A. Caracterização Físico-química da sapota-do-solimões (Querabia cordata (Humb. & Bonpl.) Vischer, Bombacaceae). Revista do Programa de Ciências Agro-Ambientais, Atla Floresta, v. 2, n. 1, p. 32-39, 2003.

CAVALCANTE, P.B. Frutas comestíveis da amazônia. 5.ed.. Belém: INPA-CEJUP, 1991.
179p.

PAULA, V.F.; BARBOSA, L.C.A.; DEMUNER, A.J. A química da família Bombacaceae. Química nova. Viçosa/MG, 1997.

FACUNDO, H. V. V. et al. Procedimento para análise de compostos voláteis de banana pela técnica de micro extração em fase sólida. Fortaleza: Embrapa Agroindústria Tropical, 2011.



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