ANÁLISE QUALITATIVA DE COMPOSTOS FENÓLICOS E ÍNDICE DE OXIDAÇÃO EM AMOSTRAS DE GEOPRÓPOLIS E PRÓPOLIS DE ABELHAS SEM FERRÃO DO ESTADO DO PARÁ

ISBN 978-85-85905-19-4

Área

Produtos Naturais

Autores

Oliveira, M.S. (UFPA) ; Oliveira, H.A. (UFPA) ; Menezes, C. (EMBRAPA) ; Pereira, D.S. (EMBRAPA) ; Cordeiro, H.K.C. (UFRA) ; Costa, W.A. (UFPA) ; Vasconcelos, M.A.M. (EMBRAPA) ; Venturieri, G.C. (EMBRAPA) ; Sousa Filho, A.P.S. (EMBRAPA)

Resumo

Este trabalho tem por objetivo avaliar qualitativamente amostras de própolis e geoprópolis de abelhas nativas sem ferrão. Foram realizadas análises de índice de oxidação e espectroscopia de absorção no ultravioleta-visível, além do teste estatístico (teste de Tukey). Das seis amostras, apenas uma (AM1) se encontra fora do padrão de qualidade para o índice de oxidação. Já os resultados da espectroscopia de absorção no ultravioleta-visível possibilitaram uma classificação mais precisa dos grupos de própolis e geoprópolis.

Palavras chaves

Compostos bioativos; Abelhas nativas; Produtos naturais

Introdução

A própolis, formada por óleos e resinas vegetais, misturada a secreções salivares das abelhas, pode se apresentar na forma de acúmulos isolados sem mistura ou misturada a ceras, formando o cerume ou ainda barro ou argila, formando o batume. O batume, usado pelas abelhas para vedar frestas e formar as paredes do ninho ou os tubos de entrada, pode receber outros materiais como flores, folhas, sementes e gravetos; quando misturado finamente com argila, é chamado geoprópolis (SANCHES, 2012). A própolis dos Meliponini tem sido pouco estudada, mas alguns trabalhos já indicam bons resultados quanto às suas propriedades terapêuticas. Como a própolis de abelhas africanizadas, esta também parece ser muito variável em sua composição química, e dependente da localização geográfica, estando assim a atividade biológica intimamente relacionada com a ecologia vegetal da região visitada pelas abelhas (SANCHES, 2012; CASTRO, 2007).

Material e métodos

Amostras de geoprópolis e própolis de abelhas sem ferrão foram coletadas no meliponário da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EBRAPA) Amazônia Oriental no período de outubro de 2013 a janeiro de 2014 com auxílio de espátulas esterilizadas. As análises qualitativas de compostos fenólicos foram realizadas de acordo com o método de (ALENCAR, 2002), o índice de oxidação foi realizado como o descrito por (TAGLIACOLLO & ORSI, 2011; MACHADO DE MELO, et al. 2012). AM1 - Melipona flavolineata Friese 1900 (Geoprópolis); AM2 - Melipona fasciculata Smith, 1854, Hymenoptera, Apidae (Geoprópolis); AM3 - Melipona melanoventer (Geoprópolis); AM4 - Frieseomelitta flavicornis (Fabricius, 1798) (Própolis); AM5 - Frieseomelitta longipes (Smith, 1854) (Própolis); AM6 - Scaptotrigona sp (Própolis).

Resultado e discussão

Brasil (2001) estabeleceu como parâmetro de qualidade o índice da oxidação para os extratos de própolis que estabelece um tempo máximo de 22 segundos. No presente trabalho, apenas a amostra AM1 de geoprópolis está fora do padrão de qualidade para este parâmetro físico-químico. Os melhores resultados são para as amostras de própolis AM4 e AM5, respectivamente e para a amostra de geoprópolis AM3 que teve um índice de oxidação bem próximo das amostras de própolis (Gráfico 1). As amostras AM2 e AM6 ficaram um pouco acima do tempo obtido pelas amostras AM3, AM4 e AM5, mas todas ficaram abaixo do exigido pela legislação, portanto, estão de acordo com o padrão de qualidade exigido por BRASIL (2001). Na figura 01 são apresentados os espectros obtidos para as amostras avaliadas. Brasil (2001) em sua normativa para própolis diz que o extrato de própolis deve apresentar picos característicos das principais classes de flavonóides entre 200nm e 400nm no espectro de Absorção de Radiações UV-vis. Alencar (2002) diz que é possível classificar por grupo as própolis através dos seus espectros de absorção na região do UV-vis, sendo assim podemos classificar as amostras de geoprópolis em dois grupos sendo o grupo 01 com as amostras AM1 e AM2 e o grupo 02 com a amostra AM3; logo, também, podemos classificar as amostras de própolis também em dois grupos sendo as amostras AM4 e AM5 no grupo 03 e amostra AM6 no grupo 04. PINHEIRO (2010) e HALBWIRTH (2010), citam que espectroscopia de UV- visível é uma das primeiras técnicas utilizadas para análise de flavonóides devido a existência de duas bandas características no UV/Vis para flavonóides: resultante do anel B, a banda I entre os comprimentos de 210nm - 290nm, e, resultante do anel A, a banda II na faixa de 300-550 nm. Enquanto a banda I de flavonas e flavonóis reside entre os comprimentos de 210nm - 290nm, de flavanona (que não apresenta instauração anel C) situa-se na proximidade entre os comprimentos de 270nm - 295nm. Inversamente, a banda II de flavonas e flavanonas (sem nenhum grupo 3-OH) a cerca de 303nm-304nm, e do flavonóides-3-hidroxilados, é centrada em torno de 352nm, e no caso de antocianinas, banda II tem em seu pico máximo de absorção em torno de 520nm.

Figura 1

Espectros de UV-vísivel dos extratos de geoprópolis e própolis.

Gráfico 1

Intervalos das médias do índice de oxidação dos extratos de própolis e geoprópolis.

Conclusões

O índice de oxidação de apenas uma amostra não apresentou conformidade com a legislação vigente. A espectroscopia no UV-visível possibilitou uma avaliação mais acurada possibilitando realizar inferências quanto aos grupos distintos de geoprópolis e própolis.

Agradecimentos

Embrapa; Ufpa, CNPq

Referências

ALENCAR, S. M. Estudo fitoquímico da origem botânica da própolis e avaliação da composição química de mel de Apis mellifera africanizada de diferentes regiões do Brasil. 2002.120 p. Tese (Doutorado em Ciência de Alimentos) - Faculdade de Engenharia de Alimentos, Universidade Estadual de Campinas,Campinas.
BRASIL, Ministério da Agricultura. VISALEGIS. Instrução Normativa n.3, de 19 de janeiro de 2001. Regulamentos Técnicos de Identidade e Qualidade da própolis e extrato de própolis. [Brasília],Disponível em: <http://extranet.agricultura.gov.br/sislegis-consulta/servlet/VisualizarAnexo?id=2193. Acessado em 05/03/2012.
Castro, M. L., Cury, J. A., Rosalen, P. L., Alencar, S. M., Ikegaki, M., Duarte, S., & Koo, H. Própolis do sudeste e nordeste do Brasil: influência da sazonalidade na atividade antibacteriana e composição fenólica. Química Nova, São Paulo, v. 30, n. 7, 2007.
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MACHADO DE MELO, A. A., HITOMI MATSUDA, A., & BICUDO DE ALMEIDA-MURADIAN, L. Identidade e qualidade da própolis proveniente de quatro regiões do Brasil. Revista Instituto Adolfo Lutz. São Paulo, 2012; 71(3): 540-8.
PINHEIRO, P. F; JUSTINO, G. C. Structural analysis of flavonoids and related compounds—a review of spectroscopic applications. Phytochemicals A global perspective of their roles in nutrition health, InTech. CRC press, Boca Raton, USA, 2010.
SANCHES, Márcia Aparecida. A PRÓPOLIS DE ABELHAS SEM FERRÃO E SUAS PROPRIEDADES TERAPÊUTICAS. Pesquisa & Tecnologia, vol. 9, n. 1, Jan-Jun 2012.
TAGLIACOLLO, V. A; ORSI, R. O. Quality of propolis commercialized in the informal market. Ciência e Tecnologia do Alimento., Campinas , v. 31, n. 3, Setembro. 2011.

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