ESTUDO FITOQUÍMICO DOS EXTRATOS DE INGA HETEROPHYLLA, WILLD. EXTRAÍDOS EM SOLVENTES DE DIFERENÇAS POLARIDADES

ISBN 978-85-85905-19-4

Área

Produtos Naturais

Autores

Matos, J.C.N.M. (UFOPA) ; Amaral, D.F. (UFOPA) ; Castro, S.P. (UFOPA) ; Lima, B.C.C. (UFOPA) ; Silva, M.F. (UFOPA)

Resumo

Inga heterophylla Willd pertencente à família Leguminoseae (Fabaceae), uma das maiores famílias botânicas, inserido por Aublet (1775), com ampla distribuição na região amazônica, A espécie é popularmente conhecida por: “ingá-xixi”, “ingá-xixica”, “ingá”, “ingazinho” e “pacuingá”, seu uso está relacionado a medicina popular. Este trabalho teve como objetivo a validação do uso tradicional através da extração e caracterização fitoquímica preliminar dos extratos das folhas da espécie Inga heterophylla Willd em épocas sazonais diferentes (seca e chuvosa). Os extratos brutos foram obtidos a partir do material vegetal seco, submetidos a extração à frio durante 48h em solventes de diferentes polaridades (diclorometano, acetato de etila e etanol), posteriormente secos em evaporador rotativo.

Palavras chaves

ESTUDO FITOQUÍMICO; INGA HETEROPHYLLA; MEDICINA TRADICIONAL

Introdução

A exploração sustentável da flora amazônica vem crescendo nos últimos anos no Brasil e na bioindústria mundial, devido a sua capacidade de gerar benefícios socioeconômicos e sua potencialidade como fonte de matérias-primas em diversos setores, assim a bioprospecção dessas plantas se faz necessária. O estudo do potencial de plantas da biodiversidade do oeste do Pará é parte essencial deste processo, as diversidades regionais impulsionam estudos científicos da flora local, possibilitando maior desenvolvimento econômico (MIGUEL,2007). Santarém, uma das principais cidades do oeste do Pará, possui uma rica região, que se caracterizam por habitat de florestas, de várzea, igapó e terra firme além de áreas de savana. Esta variedade de ecossistemas potencializa a riqueza da Biodiversidade e oferece uma grande diversidade de recursos naturais que podem ser explorados sustentavelmente, pela indústria farmacêutica e cosmética (ENRÍQUEZ, 2009). Ingá heterophylla Willd pertencente à família Leguminoseae. A espécie é popularmente conhecida por “ingá-xixica”, seu uso está relacionado a medicina popular ao tratamento de feridas cutâneas, segundo Vieira (2013) Apresentam ainda outras propriedades medicinais, antiinflamtório, antiulcerogênicas, antixodiantes e laxantes. A infusão da casca tem propriedades anti-sépticas, as folhas são usadas como adstringentes e no tratamento de inflamações da mucosa bucal, porém não há muitos relatos na literatura, que comprovem tais propriedades medicinais e nem da sua composição química, buscando validar seu uso na medicina popular, o objetivo deste trabalho foi a validação através da extração e caracterização fitoquímica preliminar dos extratos das folhas da espécie Ingá heterophylla Willd em épocas sazonais diferentes (seca e chuvosa).

Material e métodos

As plantas foram coletadas no município de Santarém-PA, no bosque Mekedece, que é um fragmento urbano que está em estágio inicial de secessão, possuindo uma área de aproximadamente 1,4 ha, anexo às instalações da Universidade Federal do Oeste do Pará- UFOPA, com Latitude 2°25' Sul, Longitude 54°44' Oeste e altitude variando de 36 m a 51m, na faixa 2, indivíduos Nº 457 e 458, respectivamente, conforme o inventário do bosque. Uma exsicata foi depositada no Departamento de Botânica da UFOPA (Universidade Federal do Oeste do Pará). Os extratos foram obtidos a partir das folhas de I. heterophylla, coletados em períodos distintos considerando as diferentes épocas sazonais (período seco e chuvoso) da região. O material vegetal foi seco à temperatura ambiente no período de 96h, posteriormente triturado em moinho de facas e submetidos a extração à frio com solventes de diferentes polaridades (diclorometano, acetato de etila e álcool etílico) durante 48h para cada solvente, em ambos os períodos, respectivamente. Utilizou-se proporções diferentes de acordo com a disponibilidade de solventes. Filtrou-se em papel qualitativo, os extratos brutos foram concentrados sob pressão reduzida em evaporador rotativo à temperatura de 40ºC. Foi utilizada a técnica de cromatografia em camada delgada (CCD) para análise das principais classes de metabólitos secundários tais como: taninos condensados, taninos hidrolisáveis, flavonoides, terpenos e ácidos graxos. Foram utilizados padrões de comparação ou amostras de referências. A metodologia utilizada foi adaptada da descrita por (WAGNER e BLADT, 2001), utilizou-se como eluentes: etanol, ácido acético e água, nas proporções 4:1:5. Os reveladores foram, respectivamente, NP 1%, Vanilina HCl 1% e FeCl3 1%.

Resultado e discussão

Com o estudo fitoquímico da espécie I. heterophylla, will., foi possível a constatação de diversos metabolitos gerados pela via secundária das plantas, e segundo Gomes (2015), O estudo sobre os metabólitos secundários nas espécies do gênero Inga é de grande importância para o conhecimento do potencial químico das espécies Amazônicas, cuja química é pouco conhecida, sendo relatadas na literatura, apenas seis espécies nas quais os estudos em folhas permitiram a identificação de flavonoides, incluindo as agliconas, glicosídeos e dímeros, sendo as seguintes espécies: I. Umbelífera, I. edulis, I. fendleriana, I. laurina, I. punctata e I. goldmanii. Os testes realizados via CCD das folhas de I. heterophylla demonstraram a presença de flavonoides, para os extratos de Acetato de etila 1 e 2 (A1 e A2) e Álcool etílico 1 e 2 (E1 e E2), 1 referente ao período seco e 2 referente ao chuvoso, conforme mostra na literatura para o metabólito, quando comparados à amostra de referência, e apresentando a coloração amarelo/alaranjado (visível) ou fluorescência amarelo/alaranjado (365 nm), os extratos de diclorometano 1 e 2 não apresentaram resultados positivos para essa classe. Foi possível observar a presença de taninos hidrolisáveis nos extratos acetato de etila e etanólico, não sendo detectado no diclorometânico, ou seja, os extratos: Acetato de etila 1 e 2 (A1 e A2) e Álcool etílico 1 e 2 (E1 e E2), quando comparados com a amostra de referência apresentando resultado positivo, sendo indicado pela coloração azul marinho (visível). No teste para detecção de taninos condensados é possível observar a presença dessa classe metabólica apenas no extrato etanólico, não sendo encontrado nos extratos diclorometânico e acetato de etila,resultado caracterizado pela coloração vermelho (visível).

Conclusões

As análises fitoquímicas aqui encontradas mostram o potencial das espécies do gênero Inga, na indústria, alguns estudos mostram a associação de tais metabólitos a atividade biológicas, sendo necessário a continuação desses estudos, afim de caracterizar os componentes químicos que apresentarem importância na indústria cosmética e farmacêutica.

Agradecimentos

UNIVERSIDADE FEDERAL DO OESTE DO PARÁ Laboratório de Pesquisa e Desenvolvimento de Produtos Bioativos – LabP&DBio

Referências

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BRAGA, J.; Etnobotânica e ecofisiologia de vegetações em cenários indígenas na região do
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SOUZA, S. A. M.; MEIRA, M. R.; FIGUEIREDO, L. S; MARTINS, E. R.; óleos essenciais:
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